No casebre de palha

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Kitana e Jade passaram o dia inteiro juntas, passeando pela cidadela central. Por mais que a figura de uma princesa fosse como alguém intocável e em algumas culturas até idolatrada, Kitana fazia questão de ser acessível a todos. Conversava com alguns camponeses, brincava com suas crianças e dava sempre uma assistência aos que precisavam. Jade a acompanhava e também procurava interagir com o povo. O dia foi curto para tantas coisas que fizeram.

Pela tardinha, as duas chegaram ao palácio, cansadas de tanto andar. Sua Alteza deixara a barra de seu vestido se sujar da poeira da cidade e não percebera, mas seus sapatos também se sujaram. Ao ver a sua situação soltou uma risada e disse a sua guardiã:

— Mamãe vai me matar ao me ver toda suja assim.

— Olha a minha situação — Jade olhou feio para a barra de seu vestido que tinha a marca de uma pequena mão feita de barro.

As duas olharam uma para outra e riram. Como se fosse ensaiado, elas subiram para seus quartos para se trocar. Sheeva estava atrás de um dos biombos e viu quando as duas chegarem, ficou a observar Kitana sorrindo enquanto conversava com Jade. Colocou a mão no coração e sentiu um aperto nele, a sua memória foi preenchida pela notícia que ouvira na noite anterior. Ainda não acreditava que Sua Majestade tinha coragem de fazer tal coisa com sua própria filha, desejou que aparecesse alguém que a alertasse e que a remissão viesse em seguida. Queria contar para Kitana, mas prometeu com sua própria vida que não falaria ninguém sobre aquele relacionamento sigiloso. Saiu de onde estava e foi para o jardim.

(...)

Enquanto Jade se despia, passou pela sua memória tudo o que passou naquele dia com a princesa. Mas aquelas memórias se misturaram com aquele momento em que vira a rainha sair junto com Liu Kang do seu escritório. Desejou que toda aquela desconfiança ficasse apenas nisso e que Sua Alteza não passasse por mais essa dor. A vida dela já fora muitas dores e mentiras, tinha medo que ela não suportasse essa pena. Tomou banho e vestiu-se com uma blusa verde sem mangas, calça e botas pretas. Amarrou o cabelo em um simples rabo de cavalo alto e saiu logo do quarto, ao perceber que a princesa não havia saído de seu quarto desceu as escadas rapidamente, viu um dos guardas que estava aposto em uma das portas que dava para o jardim ocidental, o abordou perguntando onde estava Sheeva. Ele, sem olhar para a guardiã para não cobiçá-la com os olhos respondeu:

— Eu a vi saindo em direção ao jardim oriental, mas não tenho certeza se ela está lá.

Jade sorriu para o guarda e agradeceu, saindo a passos firmes pelo corredor que dava para o jardim oriental do palácio. Enquanto ela se arrumava teve a ideia de ir ao encontro da shokan para saber o que realmente estava acontecendo, por sorte ela a encontrou conversando com um dos criados responsável de carpir as erva daninha que insistia em crescer em um dos canteiros. Abriu a porta de vidro e fechou devagar atrás de si, caminhou a passos lentos até chegar próxima a Sheeva. Ao ver Jade o criado fez reverência e curiosa Sheeva foi ver quem era e se surpreendeu ao ver a jovem ali. Pelo olhar de Jade, percebeu que ela queria conversar. O criado por sua vez fez reverência as duas e saiu em direção à cozinha.

— O que você deseja? — perguntou a shokan com um olhar desconfiado para a guardiã.

—Preciso perguntar algo a você — respondeu Jade enquanto passava seus olhos verdes ao redor de onde estavam — Mas acho que não seria adequado aqui.

Sheeva lançou lhe um olhar de desdém e disse:

— Se é alguma fofoca ou um assunto tolo não...

— Eu não viria até você por um motivo fútil. É sobre Sua Alteza.

— O que tem ela?

Jade respirou fundo, procurou palavras acertadas e respondeu:

— O que você sabe sobre o encontro entre o noivo de Sua Alteza e a rainha tiveram na manhã de ontem?

O Crime da RainhaOnde histórias criam vida. Descubra agora