Convite

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Sindel sentou ao lado shokan que estava pasma sobre o segredo que acabara de ouvir, esperava tudo menos aquilo. A rainha passou a mão no ombro dela e perguntou:

— Está tudo bem?

— Bem – Sheeva passava a mão em seus cabelos negros - Estou tentando assimilar as coisas... O que você acabou de me falar...

— Mas o que você acha disso?

Sheeva inclinou-se e ficou com os olhos voltados para o chão, uma angustia tomou conta de seu coração, pois sempre concordava com as atitudes de Sua Majestade. Mas daquela vez ela discordava em seu coração, não queria desapontar Sindel, não podia se omitir diante do erro cruel que ela estava cometendo. Não queria imaginar a reação de Kitana ao saber de tudo aquilo. Resolveu ficar em silêncio e isso incomodou a rainha que a chamou:

— Sheeva! Não vai me responder.

A shokan olhou para ela e respondeu:

— O que posso fazer é apenas lhe ouvir.

— Como assim? Você acima de tudo é minha amiga e confidente, preciso saber sua opinião sobre isso.

— Vou ouvir Sua Majestade – respondeu a shokan sem olhar para Sindel – Mas não conte com a minha aprovação.

Sindel abaixou a cabeça, mas a cegueira da paixão não permitia que ela enxergasse que poderia ferir outras pessoas ao seu redor. Ainda não havia planejado o que faria para que aquela relação fosse aceita pelo povo. Sabia bem o motivo pelo qual Sheeva não aprovava aquele relacionamento, mas ia arriscar mesmo assim.

— Desde quando vocês se encontram? – perguntou Sheeva criando coragem para olhar a rainha.

— Hoje... Foi o nosso primeiro encontro. – respondeu Sindel.

— E quando Kitana tomara conhecimento disso.

A rainha foi tomada pela surpresa, não havia pensado em sua filha, aquela que amava tanto estava sendo deixada para trás por uma paixão avassaladora. Ela respondeu:

— Ainda não sei... quando vou contar a ela.

— Acho que quanto mais cedo contar a ela melhor, para não criar fofocas entre o palácio e ela acabar sabendo por um servo. O certo seria Liu Kang terminar com ela e assim vocês começarem a relação oficialmente.

— Sheeva – a rainha se levantou – Não é bem assim... O povo irá desconfiar que já tínhamos uma relação e...

— Quando o povo souber já aconteceu, se eles desconfiam ou não, não será problema de Sua Majestade. O melhor é que nada aconteça às escondidas, pode dar motivo aos rebeldes...

Sindel foi em direção a sua mesa e disse olhando para os seus livros:

— Vou conversar com ele sobre isso hoje à noite.

— Ah – disse a shokan se levantando – Você está usando o telefone que Sonya Blade lhe deu?

— Sim – respondeu a rainha – é uma forma mais fácil de me comunicar com ele.

(...)

O sol já havia saído das montanhas, Jade estava em um dos pátios do palácio sozinha treinando com uma alabarda. A arma cortava o ar com movimentos rápidos feitos pela guardiã, que parecia estar lutando com alguém desafiador. Seus pensamentos eram tomados de revolta pela desconfiança que tinha da traição de Liu Kang, fazendo com que ela tivesse mais agressividade em seu treino. Ela vestia um dos seus uniformes de batalha verde em detalhes pretos. Kitana se aproximou e ficou a observar a amiga treinando, fazia um bom tempo que não treinava, não via necessidade de treinar como antes, devido ao término do torneio.

Jade sabia que sua amiga estava lá e continuou treinando como se não tivesse ninguém ali, até que se cansou e sentou-se num banco próximo ao que Kitana estava sentada.

— Faz tempo que Sua Alteza está aí? – perguntou a guardiã ofegante.

— Não muito – respondeu a princesa – Sentia falta de ver a seu desempenho nas artes marciais. Estou pensando em voltar a praticar também.

— É importante – disse Jade se levantando – ainda mais com esses rebeldes à solta. Não podemos brincar com isso.

— Sei lá – falou Kitana arrumava sua trança – voltar a praticar me trazem más lembranças...

— Princesa, me perdoe, mas acho que já passou do tempo de você pensar assim. Sei que há muitos traumas, mas você precisa superá-los. Edenia voltou e o Plano Terreno está salvo, não há mais o que se preocupar.

— É verdade. Tenho que me preocupar agora é com o meu casamento. – Kitana segurou as mãos de sua amiga – Eu estou muito ansiosa, ainda não tenho ideia do vestido, de como será...

Jade ficou a ouvir Sua Alteza falando de sua expectativa para o enlace. Sorria algumas vezes, mas seus pensamentos estavam longe, pensava no que Mileena havia lhe falado na noite passada. Provavelmente o encontro entre Sindel e Liu naquela manhã já havia se tornado famoso pela região.

(...)

Havia chegado a hora do chá, Sindel estava com um vestido longo, simples, feito de seda e com algumas rosas bordadas em sua barra. A cor lilás do vestido dava um brilho em seu rosto pálido com uma maquiagem leve. Estava sozinha em seu jardim tomando um chá de rosas, pensando em todo o diálogo que tivera com Sheeva. Por mais errado que fosse aquela paixão por Liu Kang a consumia e não conseguia pensar em outra coisa a não ser aquele beijo do dia anterior. Olhava as montanhas com tamanha contemplação e acabou se esquecendo do mundo. Custou um guarda lhe chamar a atenção, até que ela acordou de seu torpor.

— O que há com você? – perguntou Sua Majestade em tom irritado.

— Perdão, majestade – disse o guarda fazendo reverência, um mensageiro da academia Wu Shi estava ao seu lado.

— De onde é esse mensageiro? – perguntou a rainha atônita.

— Da academia Wu Shi, veio lhe trazer uma mensagem...

Sua Majestade já tinha ideia de quem ela seria, mas se conteve em sua euforia e apenas estendeu a mão gentilmente para o jovem mensageiro. Este fez uma vênia com a cabeça e entregou a carta. Sindel deu um sorriso singelo e agradeceu. Perguntou em seguida:

— Irá esperar resposta?

— Não, majestade – disse o jovem – se me permite já estou de saída.

O guarda e o mensageiro saíram da presença da rainha. Ela acompanhou os dois com o olhar até eles saírem do alcance de sua visão. Olhou de um lado para o outro para ter certeza de que não havia ninguém a vigiando. Abriu a mensagem que se iniciou com um poema chinês, depois sequências de elogios e dizeres de saudades. Por fim a carta se encerrou com um ousado convite para um passeio noturno no bosque próximo do palácio que ele conhecia. Sindel não parava de sorrir, ele viria naquela noite às escondidas. 

O Crime da RainhaOnde histórias criam vida. Descubra agora