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Um clima desconfortável se formou no hall de entrada do palácio de Nova Edenia. Kitana olhava para Sheeva, esperando alguma resposta vinda dela, mas nada obteve. A shokan estava com uma feição de medo e suas mãos suavam, ela se sentia em uma enrascada, pois a rainha havia chegado por volta das cinco horas da manhã e havia pedido que só a acordasse por volta do meio-dia, desmarcando assim as possíveis audiências que poderiam ocorrer.

Sheeva engoliu seco e disse olhando diretamente para o índio:

— A rainha só poderá lhe atender meio-dia.

Nightwolf deu de ombros, passou a mão pelos seus cabelos lisos desconfiado do motivo da rainha ainda estar dormindo e disse:

— Estarei meio-dia em ponto aqui. Espero que ela me atenda.

Kitana sentiu que não deu a devida hospitalidade que Nightwolf merecia, sentiu-se um pouco culpada pela forma que foi tratado naquele momento e para reparar o erro o chamou e disse:

— Espere xamã! Provavelmente não comeu nada antes de vir. Aceita tomar café com sua alteza?

Ele deu um sorriso, fez uma pequena vênia e aceitou o convite indo aonde Kitana o conduzia. Enquanto isso, Sheeva os acompanhava com o olhar. Quando os perdeu de vista, colocou uma de suas mãos na boca e veio em sua mente a possibilidade de Nightwolf saber de alguma coisa sobre a rainha e o shaolin. Não sabia por quanto tempo aguentaria ter que esconder aquele segredo macabro da princesa.

Seus pensamentos foram interrompidos por alguns passos vindos da escada. Era Jade que descia e seu olhar estava perdido. Sheeva percebeu o abatimento da guardiã e ficou preocupada. Alcançou-a na escada e perguntou:

— Não dormiu bem, Jade?

A edeniana olhou-a fixamente nos olhos e respondeu:

— Agora sei o que tanto esconde Sheeva.

A shokan recuou, colocou uma das mãos nos lábios já entendendo tudo e disse em seguida apoiando-se no corrimão:

— Isso não poderá sair do palácio.

— Até quando Sindel e Liu enganarão a pobre Kitana? Não sei se vou aguentar segurar esse segredo em meus lábios.

— O xamã sabe de alguma coisa?

Jade balançou a cabeça ainda incrédula de estar no meio daquela situação escandalosa. Respirou fundo e contou como ela e o índio descobriram a traição. Sheeva deu um suspiro de inconformidade, ficou olhando para o lado por alguns instantes e disse:

— Eu não tinha escolha. Sindel me pediu segredo absoluto, mas agora é como se eu visse que uma bomba nuclear está para estourar a qualquer momento.

— Você não tem culpa. – Jade a consolou – o que nos resta é deixar o tempo fluir para ver o que essa história vai dar. Dói-me apenas a forma como Kitana irá reagir diante de tudo isso.

(...)

O sol já estava a pino em Nova Edenia. Pontualmente Nightwolf se encontrava no hall de entrada do palácio a espera de Sua Majestade, após passar a manhã andando pelo povoado próximo.

Os passos da rainha descendo as escadas chamou a atenção do índio fazendo com que seu olhar voltasse para o alto da escada. E lá estava a rainha, com sua elegância e com seu jeito imponente. Ao terminar de descer as escadas, fitou seus olhos nos de Nightwolf e disse:

— Acho que lhe fiz esperar demais.

— Não me importo com isso – respondeu Nightwolf com um sorriso – o que tenho para dizer não pode ser dito outro dia.

— Então vamos para a minha sala.

Em seguida, Sindel convidou o índio para a sala onde ficava o escritório onde havia montado. Ela fechou as portas, sentou-se em um dos sofás e pediu para que ele se sentasse também.

— O que tenho para falar é rápido. – ele disse colocando as mãos para trás.

A rainha ficou atônita e se levantou rapidamente. Assim Nightwolf começou:

— Sinceramente lamento muito o motivo que me trouxe até sua presença, Majestade. Mas eu vim lhe advertir de algo que anda praticando. Como os cupins roem as madeiras de uma casa até ela se desmoronar, assim você faz com Nova Edenia.

— Do que está falando?

Nightwolf olha os quadros em volta da sala em que se encontravam, respira fundo, volta o seu olhar para a rainha e responde:

— Preciso mesmo descrever o que vi ontem a noite naquele casebre?

Sindel ficou estática, engoliu seco e sua pele empalideceu. Ele havia descoberto o seu segredo e estava sem saída naquele momento. Aproximou-se dele com um desespero aparente e perguntou:

— Do que você precisa para não dizer nada para ninguém?

Uma expressão de pena se fez no rosto do índio. Balançou a cabeça, incrédulo por se ver diante de uma proposta tão desesperada e disse:

— Não creio que está fazendo? O que Sua Majestade está fazendo é um crime!

— Crime? É crime amar?

— Mas ferindo outra pessoa com uma atitude tão desavergonhada como a que aconteceu esta noite? Já pensou como Kitana ficará ao saber de tal infâmia?

Sindel já estava sentindo seu coração palpitar. Foi em direção a janela para buscar ar, mas sentia que a culpa começava a dominar seu coração. Voltou-se para Nightwolf e disse:

— Nós já estávamos pensando em falar com Kitana...

— Quando? Irá deixar a barriga aparecer para contar a ela?

Um silêncio sepulcral se fez naquela sala. Sindel se via em um beco sem saída e tinha concordar com tudo o que o índio acabara de dizer. Mas a última indagação a deixara inquieta. Nisso Nightwolf sem hesitar foi em direção à porta, mas Sindel conseguiu alcança-lo pelo braço e perguntou:

— O que quer dizer com isso?

Ele colocou a mão na maçaneta e respondeu:

— Pois há uma criança em seu ventre, Majestade!

— Mentira! – gritou Sindel de ímpeto.

Ele ignorou o grito que a rainha deu, abriu a porta e saiu fechando a porta atrás de si. Assim deixou a rainha sem reação sobre o que acabara de ouvir.

Enquanto isso Jade acompanhava a princesa no jardim quando avistou o índio saindo do palácio. O seu impulso era de ir ao seu encontro e perguntar o que aconteceu, mas não podia, pois acompanhava a princesa e não queria despertar nenhuma preocupação. Por coincidência Kitana também olhou em direção ao índio, olhou para sua guardiã e perguntou:

— O que será que Nightwolf queria tanto com minha mãe?

— Não sei – respondeu Jade tentando disfarçar o nervosismo – devem ser assuntos de governo.

— Será que ele colocou os Matoka para servir Nova Edênia? – perguntou a princesa empolgada.

— Vai saber – disse Jade olhando para o horizonte.

O Crime da RainhaOnde histórias criam vida. Descubra agora