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Laura

Falar que eu virei a noite atrás de qualquer coisa que pudesse me ajudar parecia eufemismo perto das últimas 24 horas que foram de puro caos e cafeína, consegui descansar por duas horas até minha mente mandar que eu fosse atrás de mais coisa, novamente não encontrei nada

Bufei irritada e a porta da minha sala abriu, Rafaela entrou com um saquinho em mãos e eu quase beijei seus pés, não fazia ideia de quando tinha feito minha última refeição, o cheiro do sanduíche fez meu estômago reagir e eu dei a primeira mordida

Rafaela: Caso novo?-ela se sentou a minha frente

Rafaela era minha amiga de muitos anos, entramos juntas para o cursinho e passamos no mesmo ano, seus pais eram policias cíveis antigos, tinham modos arcaicos de lidar com bandidos, ela odiava o que fazia, estava aqui por pura pressão, não muito diferente de mim

Laura: Sim, parece que ele é tipo um executor da maré, Ceifador o vulgo

Rafaela: Sei quem é, caso difícil, a civil está atrás dele faz anos-ela comentou olhando os papéis

Laura: Não consigo achar nada que possa me ajudar, o cara é igual fumaça, sem família, sem amigos e nenhuma foto atual, só de quando ele tinha seus dezesseis anos-falei frustrada

Rafaela: Já tentou procurar informação pelo pé do morro?-ela sugeriu

Laura: Não, ia deixar isso para amanhã, preciso de uma horas de sono-fiz uma careta

Rafaela: Você precisa descansar um pouco, não vai conseguir pensar com a mente em colapso

Laura: Eu sei-suspirei-estou com uma sensação estranha de que esse caso vai mudar alguma coisa, não sei explicar

Rafaela: Fica tranquila amiga, vou abrir umas cartas pra ver o que o futuro te reserva

Rafaela tinha um tombo nessas coisas de pedras, incensos, cartas e meditação, sempre que as coisas pesavam, ela passava defumador pela delegacia deixando todo mundo com vontade de matá-la, mas até que dava certo, era um contraste engraçado

Laura: Estou precisando de um bom tarja preta pra dormir-murmurei

Rafaela: Você precisa aprender a meditar e desligar, isso sim-ela olhou para as unhas pintadas em um rosa neon

Laura: Meditar não vai me fazer relaxar

Rafaela: Você nunca tentou-ela piscou

Touchê

Ficamos conversando mais um tempo enquanto ela me ajudava a achar alguma coisa, novamente foi uma tentativa frustrada, então fomos de carro até o pé do morro, coloquei minha arma atrás da minha calça e joguei uma jaqueta por cima, tirei meu distintivo e guardei para evitar que os bandidos reagissem

Rafaela: Vamos começar pela padaria

Fomos andando até lá e algumas pessoas pararam para nos olhar, eu e Rafaela já tínhamos aparecido em algumas reportagens na televisão, então acho que o reconhecimento veio, não me intimidou, só me deixou alerta para qualquer contra tempo que ocorresse

***

Foram duas horas perguntando sobre ele, mostrando a única foto que eu tinha e tentando montar alguma linha de afeto que pudesse fazer com que eu chegasse até ele

Não funcionou

Absolutamente ninguém abriu a boca para falar nada, outros se abstiveram até de nos cumprimentar, o cara era temido e eu conseguia ver o pânico nos olhos das pessoas, isso só me deu mais vontade de chegar até ele e prendê-lo, era um desafio que estava começando a me estressar

Laura: Mas que porra-soquei o volante e Rafaela entrou no carro logo em seguida

Rafaela: Você vai ter que infiltrar alguém-ela colocou o cinto

Laura: Não dá, essa altura eles sabem que estão investigando, qualquer pessoa que vá entrar eles vão barrar-virei a direta pegando a pista pela praia

Rafaela: Conversa com o Geraldo, provavelmente esse é um caso que vai pra gaveta-ela estalou a língua

Tamborilei os dedos enquanto pensava em maneiras de concluir esse caso, era questão de honra, precisava prender esse cara, deixei Rafaela e fui em direção a Barra da Tijuca onde o condomínio que eu morava ficava localizado

Demorei cerca de 30 minutos com um pouco de trânsito, cumprimentei o segurança da guarita e estacionei na garagem sentindo minha cabeça latejar novamente, acendi as luzes de casa e me desarmei parcialmente, passei a mão na minha nuca tentando dissolver o ponto de tensão formado no local

Depois de um longo banho e uma taça de vinho, meu corpo pedia por algumas horas de sono, vesti meu pijama de flanela e apaguei antes mesmo de conseguir pensar sobre algo, a única certeza pairou sobre minha mente

Eu vou te encontrar Ceifador.

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A autora não se aguenta e postou outro capítulo, então valorizem!

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Tentação|Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora