Capítulo 14

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⚠️AVISO DE GATILHO⚠️

(Este capítulo pode conter descrições implícitas ou explícitas de sangue, violência, ou outros assuntos sensíveis e pesados, bem como palavras de baixo calão, etc. Se você não se sente confortável, NÃO LEIA!)

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PARK JIMIN

Nehasso, País de Salid

Dois meses.

Dois longos meses desde que Jungkook disse que sairia do país, cortando todo e qualquer laço que tínhamos e me deixando jogado no chão frio em meio às lágrimas, como se eu o tivesse traído de maneira imperdoável.

Ah, não. Na verdade, mal faz uma semana. Minha cabeça é que está enlouquecendo com tudo isso.

A mágoa ainda estava plantada em meu coração, mas ela deu origem a algo muito mais forte. A raiva. Pela injustiça em que fui inserido, pelo modo como ele me tratou e sequer me ouviu, e por ele escolher confiar nas palavras de Vulcano sem ao menos ponderar serem verdadeiras ou não. E, embora grande parte delas seja verdade, as coisas não são tão simples.

Tudo o que aconteceu entre mim e o homem da lâmina, foi antes de nos conhecermos, e eu jamais o olhei da mesma forma que olhei para Jungkook. E por falar nisso, ele nem parecia tanto com o filho, devido às inúmeras cicatrizes que tinha no rosto, incluindo a que se estendia até seu lábio, feita por ele mesmo. Não havia a menor chance de reconhecê-lo. Principalmente quando ele não possuía registro em nenhum banco de dados do país.

Nós nunca transamos. Eu o via como um pai, pelo modo como cuidou de mim, mas ele se mostrou ser alguém pior do que eu imaginava e por isso eu o transformei em cinzas.

E eu não me arrependo.

— Está sentindo dor ou algum desconforto? — sou liberto de meus pensamentos por uma voz firme.

É Yunji, que eu descobri há apenas algumas horas ser irmã gêmea do Aberama. Eles são bem parecidos geneticamente, mas os traços dela são bem mais acentuados e agressivos que os dele.

Seu cabelo preto se arrasta por toda extensão de sua coluna, como uma espada armada em suas próprias costas. Combina bem com o piercing da sobrancelha que, neste momento, está arqueada em minha direção.

Pigarreio, negando com a cabeça, erguendo o olhar até seu irmão.

— Você precisa fazer mais do que isso para fazê-lo sentir cócegas. — ele responde por mim, cruzando os braços e recostando-se no pilar enquanto me assiste ser tatuado.

Os dois sorriem ao mesmo tempo, e é ali onde está a maior semelhança. Parecem gêmeos felinos. A faceta obscura serve somente de fachada para esconder o lado doce.

— Já foi tatuado antes? — Yunji questiona, curiosa.

— Há alguns anos. Você já viu tatuagem de prisioneiro? — devolvo, mostrando algumas das marcas que estão camufladas em meu corpo. Ela sorri, ladino, parecendo estar acostumada com isso. — Alguns sinais meus não são realmente sinais.

Encaro o chão, interligando cada um dos pontos e formando a imagem na minha mente. Lembranças dolorosas que guardam um segredo maior do que qualquer homem lá fora é capaz de suportar.

— Sinais combinam com você, mas ser preso não combina tanto assim, embora seja caçado pela polícia.

Sorrio, esclarecendo: — Eu nunca fui preso.

Ossos em ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora