De repente o futuro

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Um cheiro estranho no ar a despertou, seu travesseiro estava mais firme, além de parecer subir e descer em movimentos ritmados, a cama estava mais macia, além de um pouco longe, parecia que sua cabeça estava acima de vários travesseiros fazendo seu tronco ficar bem abaixo do resto do corpo. Catarina começou a se mexer lentamente, suas mãos percorreram aquela montanha de travesseiros percebendo que tinha algumas ondulações, além de um cheiro, o cheiro que havia a despertado, o amontoado de travesseiros tinha um cheiro bem específico, entortou seu nariz tentando identificar o cheiro, ah sim! Era queijo… sim queijo, o cheiro era definitivamente de queijo. O cheiro do queijo se misturava com o que adentrava a janela, o ar tinha cheiro de mato, como quando chovia e o cheiro da grama se esvaia no ar. Barulho, a montanha de travesseiros também fazia barulhos, como um ressoar de respiração pesada quando se dormia, outro barulho que ouvia era de um… galo, tinha um galo cantando no fundo. Ela não se lembrava de ouvir um galo antes pela manhã tão perto de sua janela.

Voltou a se mexer na cama, parecia que o amontoado de travesseiros era viciante, não conseguia sair de cima dele, além disso tinha algo em cima de seu braço esquerdo a enlaçando, como se estivesse a abraçando, era algo reconfortante como um lar, algo para correr e se aconchegar sempre que se sentisse triste. Por isso não fez questão nenhuma de sair daquela espécie de abraço, voltaria definitivamente a dormir. Mas o galo cantava de forma irritante e constante, e Catarina percebeu uma luz em cima de si, ela tinha certeza que tinha fechado a janela e trancado bem a cortina para evitar que lhe acordasse antes do meio-dia, na certa foi Mimosa, aquela enxerida!  Rugiu ainda de olhos fechados, não quis se desfazer de seu monte de travesseiros tão aconchegante, mas finalmente abriu os olhos. O amontoado de travesseiros parecia mais um corpo. Um corpo de um… homem! Foi com curiosidade que levantou seu pescoço e o viu.

Petruchio estava estirado na cama, dormindo um sono profundo, roncava. Ela estava deitada em cima de seu peito - o amontoado de travesseiros era ele. A mão dele o abraçava pelas costas acariciando seu braço esquerdo - o abraço aconchegante pertencia a ele, e tinha o cheiro de queijo que confirmava tudo. Catarina então percebeu que estava dormindo esse tempo todo abraçada a ele. A única reação que teve foi berrar:

— AHHHHHHHHHHHH! AHHHHHHHHHHH!

Petruchio levantou num salto tamanho o susto que levou devido aos gritos ardidos dela em seu ouvido.

— É fogo! A casa também tá pegando fogo!? - perguntou desorientado.

— O que está fazendo na minha cama?! - Ela berrou lhe jogando um travesseiro.

Petruchio então reparou que Catarina estava no mesmo cômodo que ele, não só no mesmo cômodo como que estava em sua cama.

— O que ocê tá fazendo aqui?!

Reparou nela, vestida somente com sua combinação, seus ombros à mostra, tinha meias até os joelhos e ele não conseguiu não reparar o quanto ela estava linda acordando.

— Não se faça de desentendido, eu estava até agora dormindo em meu quarto e de repente você apareceu aqui!

— Mas esse quarto é meu! - Petruchio respondeu finalmente reparando em volta.

Foi então que Catarina reparou no aposento, um banheiro sem privacidade nenhuma no canto, uma cômoda no seu lado esquerdo, um pequeno guarda-roupa perto da janela, estava sentada em uma cama de casal. Aquele definitivamente não era seu quarto.

— Que tipo de truque é esse que fez comigo?! Me envenenou depois que joguei fora a aliança do noivado?! Você não se conformou que tudo havia acabado e me arrastou para a fazenda enquanto eu dormia?! O que usou comigo?! Está tão desesperado para se casar comigo e ganhar o dote que me envenenou para dormir aqui e me difamar fazendo meu pai me obrigar a casar com você! Sinceramente! Nunca achei que fosse tão baixo!!!

De repente no futuroOnde histórias criam vida. Descubra agora