Mamães corujas

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- Ela está mais pálida que um fantasma. Será que minha irmã morreu?

- A mamãe morreu?!

- Não, Júnior, ela está respirando. Venha pro colo da vovó.

- Não seja dramática Bianca, vai assustar seu sobrinho.

- Oras, papai, eu disse sem pensar. Mas não seria melhor chamar o Dr Oswaldir?

- Deve ter sido uma queda de pressão, logo ela acorda.

- Mas eu sei como acordá meu favo de mel professor.

Petruchio foi até o armário de Fátima e pegou um perfume, colocou um pouco num lenço que Batista carregava e começou a passar perto do nariz da esposa.

Catarina começou a tossir e despertou.

- O que é isso?

- Mamãe tá viva! - Júnior saiu do colo de Joana e foi abraçar a mãe pelo braço esquerdo.

- É claro que a mamãe tá viva seu chorão. - Clara implicou com o irmão, mas correu para abraçar a mãe pelo braço direito. Catarina começou a acariciar o cabelo de ambos ao mesmo tempo meio desajeitada.

- Você desmaiou. - Bianca explicou.

- Ocê anda comendo pouco, hoje nem almoçou direito. - Petruchio comentou, andava observando ela em todos seus atos.

- ...É que a comida me deixou um pouco enjoada. - ela arregalou os olhos diante da sua própria fala e se lembrou do porquê do desmaio.

- Eu acho melhor nois voltá pra casa.

Ela concordou com a cabeça enquanto ainda fazia carinho no cabelo dos filhos.

Se despediu de todos, garantiu a Bianca que estava bem, ela avisou que telefonava para a fazenda mais tarde para garantir.

Catarina ficou muda durante o caminho todo, pareceu nem ouvir os filhos discutindo no banco de trás, Petruchio dirigia enquanto tentava fazer ambos pararem de brigar e olhava de rabo de olho para ela preocupado.

Chegaram na fazenda e ele pediu a Neca para ficar de olho nos gêmeos. Resolveu conversar com a suposta esposa quando a viu ir para o quarto ainda em silêncio.

- Aconteceu alguma coisa?

Catarina olhou para ele pensativa, não sabia se lhe contava o que tinha descoberto.

- Ocê tava bem nervosa na casa do seu pai.

- Estar nervosa é minha feição natural, ainda não percebeu? - respondeu brava.

- Deve ser memo! - ele exclamou chateado. Catarina ficava sempre na defensiva, parecia ter uma casca dura demais para perfurar. - Memo assim, alguma coisa aconteceu que ocê volto triste de lá.

- Triste não é bem a palavra. Voltei conformada.

- Conformada com o que? - estava preocupado com ela. Catarina parecia diferente.

- Com essa vida! Não percebeu que eu desmaiei no meu quarto? Não percebeu que nem assim voltei a minha antiga realidade? Não percebeu que estamos presos aqui para sempre e vou ter que aprender a viver nessa fazendola caindo aos pedaços? Ainda não percebeu isso!?

Ela gritou cada frase extremamente brava e frustrada ao mesmo tempo, Petruchio fechou o rosto pra ela chateado por suas falas, mas respondeu firme, parecia engasgado, precisava falar.

- Eu percebi faiz é tempo isso tudo, era ocê que tinha esperanças de voltá, eu tô bem feliz vivendo esse futuro com meus dois filhos nessa fazenda que não tá mais caindo aos pedaços, que progride e prospera, é ocê que não percebeu isso ainda!

De repente no futuroOnde histórias criam vida. Descubra agora