Petruchio não estava preparado para aquela conversa, na verdade nem sabia o que contar sobre Marcela. Era um passado de tanto tempo atrás, uma mulher tão insignificante em sua juventude. A única coisa que lembrava era do pai dela o acusando de corromper a sua inocência a levando ao mal caminho, por isso levou sua doce filha, um anjo, para morar na Europa.
— Marcela mora nas oropa, é insignificante.
Catarina estreitou seus olhos diante da resposta dele. Seu bichinho da desconfiança lhe gritando no ouvido que Marcela não era nada insignificante.
— Não foi isso que lhe perguntei Julião Petruchio! Não quer que confie em você? Como vou confiar se não me conta nada sobre ela? Parece até que tem medo dela.
— Eu? Medo de mulher? - ele riu sarcástico. - Onde já se viu Julião Petruchio com medo de mulher?
Desatou a rir e não parava, Catarina lhe deu um tapa no ombro o fazendo a encarar.
— Me conte sobre ela! - exigiu entredentes.
— Aí Catarina, Catarina… - ele coçou os cabelos da nuca, como iria fugir? Talvez se só narrasse por cima, a esposa não perceberia. Comprovou o fato de ter medo de mulher, pelo menos de sua mulher. - Era uma namorada minha, só…
— Uma namorada que te manda cartas até hoje? Mesmo casado e com filhos! CA-SA-DO Julião Petruchio! E ela te manda CARTAS!
— E eu tenho culpa? - ele deu de ombros tentando parecer inocente o que irritou mais ainda Catarina que começou a rugir. Petruchio engoliu em seco e começou a falar: - Ela gostava muito de eu quando era jovem, só que pra mim ela só era uma diversão, entende?
— Não, não entendo! - cruzou os braços na frente do corpo - Homens como sempre achando que mulheres são o que? Um pedaço de carne. - comentou mais para si mesma e chacoalhou a cabeça indicando para ele continuar a falar. - Vá! Continue!
— Eu sou home né Catarina, sempre tive minhas necessidades! - ela começou a negar com a cabeça e soltar ar pelas narinas. - E o pai dela, dessa Marcela, num gostô não quando discubriu que a filhinha não era o anjo que ele achava que ela era, e me culpou, por corromper ela.
— E o que? Continua! - nessa altura Catarina tinha deixado de lado todo o plano inicial de ser mais paciente com o suposto marido.
— E aí ele me ameaçou, falou que um dia ia ter volta, mas que ia mandar a menina pras oropa. Aí foi que passou anos, e eu achei que ele tinha era isquecido da promessa de vingança, só que aí ele começou a ameaçar de tirar a fazenda de mim! A fazenda Catarina, meu pão, meu sustento, minha herança de meus pais. Foi então que precisei arranjar dinheiro pra quitar a hipoteca, tava indo a leilão e o pai dessa Marcela ia comprar só pra se vingar!
Ela concordou com a cabeça se lembrando.
— Eu lembro de você desesperado vendo um jornal que sua fazenda estava indo a leilão. Como resolveu as coisas?
Ele respirou forte, será que podia contar a ela? Bom, já havia falado coisa bem pior a esposa.
— Seu pai.
— Meu pai? - perguntou surpreendida não entendendo.
— Seu pai… seu pai pagou a dívida da fazenda e ficou com os papel pra ele, entende? Só ia me devolver a fazenda quando eu… quando eu… casasse com ocê.
— O que?! - sentiu-se tonta. - O que ele fez?
— Então aí eu acordei aqui… - terminou de contar como se a esposa não estivesse passando mal pela informação que Petruchio repassou. - Num sei, mas ele tava praticamente te… te… ven… negociando num casamento… - sussurrou a informação a esposa como se aliviasse a fúria que se seguiu.
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De repente no futuro
FanfictionDizem que é tudo questão de tempo. Para se curar dores, para novos amores, para conquistar algo que muito se deseja. Porém esperar por esse tempo certo nunca é fácil, desejamos pelo "rápido", pelo "logo", pelo "futuro perfeito". Mas quando conseguim...