Capitulo 1

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Angelina
  Chovia muito quando saí do hospital e estava frio, eu estava andando em meio ao estacionamento a fim de chegar ao ponto de ônibus, sentia meus  pés gelados dentro dos meus sapatos e minha roupa estava completamente ensopada. Quando ouço uma buzina, olho, mas não conheço aquele carro branco, então voltei a caminhar agora um pouco mais rápido meus pés molhando ainda  mais enquanto piso em várias poças .Meu coração saindo pela boca , sabia  que aquela hora  seria perigoso  sair assim  sozinha  , por mais  que o  medo  me  ronde  eu  me acostumei  a fazer  tudo  sozinha e  não temer  o mau . Talvez  seja por  já ter  passado  o pão que  o diabo  amassou . Escuto meu nome  sendo chamado e  ainda  continuo caminhando  rápido .
—Angelina!!!!—Uma voz  grossa  continua  a me  chamar .
Abaixo minha cabeça e  já vejo o ponto de ônibus mais   perto ,  tento me sentir  aliviada  porém  o lugar está  um breu . O carro  para ao meu  lado  e  sinto  todos os  pelos do  meu  corpo arrepiando .  os vidros do carro se abaixam e olho  para o lado   e dou de encontro com  olhos azuis nebulosos, ele  tinha  a o cenho franzido  e sua  barba  por fazer  fazia  parecer  ainda mais com aqueles galãs de novela ,Dr . Miguel estava no carro e me olhava com  preocupação .
Eu não conseguia  tirar meus  olhos   dos dele .
— Entre Angelina , vai pegar um resfriado toda  molhada desse  jeito!
Hesitei um pouco, não queria molhar todo o carro dele, mas acabei entrando.
Eu estava molhada e com frio tremendo, então ele puxa seu casaco do banco de trás, colocando sobre meus ombros e imediatamente sinto seu cheiro amadeirado e respiro fundo, não sabendo lidar com aquela situação.
—Obrigada, Dr. Miguel—digo sem graça.
—Me chama de Miguel, agora me diz você de fato ia ficar no ponto de ônibus deserto às três da manhã? Sozinha? —ele questiona.
— Qual o problema nisso? Eu preciso voltar para casa de alguma forma. —— e eu não tenho que contar a ele sobre os apertos que eu estou passando, até porque nós não somos íntimos nem nada. Mas o engraçado nisso tudo é que Miguel como ele mesmo pede para eu chama—lo me   passa uma sensação de segurança que fazia muito tempo que eu não sentia.
Ele estende a mão e acaricia meu rosto me tirando dos meus pensamentos.
— Ei pequena Tudo  bem,  não precisa ficar com vergonha, eu te levo tá, só me diga onde mora—ele diz e me dá um sorriso cansado mas que ainda  assim era lindo  eu não sabia explicar, mas ele me passava segurança e uma assustadora sensação de paz.
Eu sorrio para ele e assinto com a cabeça, fico observando-o dirigir pelas ruas da cidade em meio à chuva que caia. Ele às vezes olha para mim e sorri, me fazendo sorrir de volta. Fui ensinando o caminho a ele, em meio a conversas aleatórias sobre a família dele que ainda morava na Itália e a partida repentina do meu pai.
Ele parou o carro onde indiquei e eu o agradeci por me levar até em casa.
—Obrigada Miguel, pela carona e por cuidar da minha mãe—digo.
—Não me agradeça anjo, foi um prazer trazê-la até aqui e cuidar da sua mãe é o meu trabalho. Pegue meu cartão, aqui está meu telefone pessoal se precisar de algo pode me chamar— ele diz me entregando o pequeno papel. Sorri e desci do carro, ainda o olhei mais uma vez antes de entrar no prédio, ele era um sonho, mas não era para mim.
Subo as escadas e entro em meu apartamento, ainda lembrando do olhar de Miguel, ele era verdadeiramente encantador, mas um homem como ele jamais me veria como uma mulher, afinal eu era uma menina e ele um homem de verdade. Eu sou uma menina, isso é o que minha mãe me dizia. Porém com tantas responsabilidades não consigo me sentir assim.  Tiro minha roupa molhada colocando no cesto e vou direto tomar um banho quente, era de madrugada embaixo do chuveiro senti todo o cansaço escorrer junto com a água. As lágrimas não demoram a chegar e me deixo transbordar por completo pelo menos uma vez no dia, aquele hospital parecia me sugar de uma forma ruim.
Já tinha ouvido falar sobre isso, as pessoas que tinham mediunidade alta sentiam as almas que ainda vagavam ali e   alguns ficavam por perto sugando o pouco de vida que o paciente tinha. Um pensamento horrível para se ter   uma hora dessas da madrugada.Pego minha toalha e   me seco vagarosamente me sentindo um pouco mais leve agora.
Depois de me sentir um pouco melhor por desabafar vou até cozinha buscar algo para comer, abro os armários que estão praticamente vazios e pego o último pacote de biscoito que ali restava.
Bufo. Precisava de um emprego, daqui a pouco o síndico viria me dar a ordem de despejo. Eu realmente teria que correr atrás disso. Daí  me lembro do que minha amiga me  disse , primeiro me pareceu  um  choque pelo que ela me contou , pois nunca imaginei que o trabalho de Sthefany era  realmente aquele  mas agora  sem saída eu vejo isso  como a solução dos  meus problemas .Já procurei em  tantos  lugares , mas hoje  em dia  dar emprego a alguém sem estudo e sem experiência em quase nada  é complicado.   Pego meu celular e mando mensagem para Tetê, ela foi uma das pessoas que mais me deu apoio nesses tempos difíceis.
" Amiga sei que está acordada porque deve estar trabalhando ainda, eu aceito” — Suspiro e me jogo em minha cama derrotada.
A resposta veio quase que automática.
Tete: “Como assim chapeuzinho, você aceita o que”?
"Vou trabalhar com o que você faz, eu preciso de dinheiro e preciso urgente."
Tete: Você tem certeza amiga? tenho certeza que pode achar uma outra coisa.
Amiga, eu já tentei por ter certeza disso. Mas realmente preciso arrumar dinheiro agora.
Tetê: "Está bem amanhã à noite você vem comigo até a LUX, e eu te apresento a Marluce”.
“Obrigada Tete sei que não será fácil, porém com você do meu lado eu não estarei só”.
Tetê: Vai dar tudo certo Angelina. Beijos.  Eu havia aceitado aquele emprego, eu precisava pagar por aquele tratamento, minha mãe precisava que eu fosse forte agora e por ela e eu seria.
Fico rolando em minha cama, pensando na minha vida e vez ou outra vagava pelo olhar de Miguel eu sou   realmente agradecida por tudo o que ele tem feito pela minha. Espero que tudo isso passe logo e que daqui a pouco eu tenha minha mãe dentro dessa casa novamente. Sinto meus olhos pesando e o sono me embalando.
Acordo com um barulho alto, me levanto passando as mãos no rosto tentando me situar e noto que estão batendo forte em minha porta caminho até a porta com o coração acelerado. Abro a porta e vejo tudo o que eu temia diante de mim. Marcos o síndico do prédio.
Ele olha com cobiça para meu corpo e sinto que acabei esquecendo que estava com um pijama curto e puxo a porta para mais perto tentando me esconder, mas ele fixa os pés diante da porta me deixando nervosa.
— Bom dia, o que o senhor deseja? — Tento ser o mais gentil possível diante do olhar desse porco imundo.
— O aluguel está atrasado vai fazer dois meses Angelina e vocês bem sabem que eu não tolero atrasos!
— Sr. Marcos eu prometo ao senhor que pagarei esse mês todas as minhas pendências, apenas não me coloque para fora nesse momento por favor. — Quase imploro.
— Como eu falei Angelina, não tolero atrasos. Mas se quiser pagar de uma outra maneira aceito e tenho a dívida como paga. — Ele me olha com cobiça e tenta tocar em meu corpo, porém forço para fechar a porta e ele a chuta me assustando.
— Não haverá outro tipo de pagamento seu imundo!
— Sua ninfeta do caralho! venha aqui que eu vou te mostrar o que é bom! 
Eu tento correr, porém o nojento me joga na parede e puxa meus cabelos fazendo minha cabeça latejar.
—Me larga! — Grito sabendo que ninguém iria me socorrer
— Pode gritar, assim é mais gostoso.
Sinto um gosto amargo na boca, era nojo. Não sabia como sair dali ele era muito mais que eu, eu estava perdida. Escuto um estrondo forte e o homem que está me agarrando voa e o grito de alguém ecoa.
— Solta ela porra!
Eu apenas me abaixo e choro. O que eu mais tenho feito nessa minha vida cheia de momentos fodidos é chorar. Sinto uma mão acariciando meu rosto e tento me desvencilhar desesperada.
—  Calma anjo. — Escutar aquela voz é meu ponto de calmaria nesse momento de desespero. Fixo meus olhos em seu rosto que está preocupado.
— V—você?  Mas ... Como?
— Se acalme, vem cá. — Ele puxa a minha mão me levantando.
Eu o abraço e começo a chorar.
— Calma Angelina. Agora você está segura, vou te ajudar a arrumar outro lugar para ficar. E esse idiota vai para a cadeia.
A polícia chega e relato tudo o que aconteceu, Miguel consegue fazer com que eu não vá a delegacia por estar muito abalada e ainda chorando demais. Arrumo minhas coisas e coloco as poucas roupas de minha mãe em uma mala abandonando todo resto. Miguel insiste em me ceder um apartamento para eu ficar, mas não acho isso certo, ele já fez demais por mim. Ligo para Tetê que me cede um quarto, peço a Miguel que me deixe em sua casa.

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