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Meu corpo gelou, minhas pernas estremeceram no segundo em que vi Nate vindo em minha direção. Suas bochechas rosadas, indicando que ja bebera algumas doses de álcool. Antes que eu pudesse correr para longe, ele me alcançou e me arrastou até um corredor escuro e vazio onde não havia ninguém.

- Você fudeu com ele ? - Nate segurou meu rosto com força, para que eu olhasse para ele.

Eu não iria perder a oportunidade. Assumo que a culpa também era minha, por propositalmente despertar o pior lado que ele tinha, por levar ele até o limite,. Seu lado agressivo e obscuro que fazia meu coração disparar e temer ao mesmo tempo.

- Sim, e foi mágico - suspirei teatralmente - Ele foi incrível, me fez sentir prazer como ninguém nunca foi capaz... gozou na minha boca, da mesma forma que você adorava fazer.

Aquela foi a gota d'água para Nate explodir, suas mãos me empurraram contra a parede e ele usou seu corpo para me prensar contra ela. Ele era muito maior que eu, seria uma tola se não ficasse com medo do que ele poderia fazer comigo.

- Você está mentindo - ele rugiu - Eu peço a Deus que esteja.

- Se afasta de mim, Nate - tentei empurrá-lo e falhei miseravelmente - Por que se importa ? Me diz. Você não dá a mínima para mim, mas acha que eu devo continuar sendo sua ? Tenho certeza de que você e a Maddy treparam no momento em que terminamos.

- Eu te am-

- Não ouse dizer isso - eu o interrompi - Essas palavras não valem de nada, não quando saem da sua boca.

- Porra - ele soca a parede, me fazendo entrar em alerta novamente - Eu te amo pra caralho, Thalia. Mas depois dessa merda que você fez, eu nunca mais vou conseguir te beijar sem pensar nessa droga.

Era esse o plano.

- Se afasta da garota - uma voz masculina falou no fim do corredor.

Apesar de escuro consegui enxergar a silhueta de um homem e uma mulher.

- Eles são namorados, Fez - escutei a garota sussurrar, e reconheci a voz da Rue - Vamos embora.

- Sumam daqui - Nate gritou como um louco.

Rue foi embora, mas o cara continuou onde estava, nem sequer foi intimidado pela loucura do Nate.

- Quer ajuda ? - ele se aproximou, perto o bastante para que eu visse seu olhar de pena.

Eu não queria piedade de ninguém, e meu ego não iria permitir que eu pedisse a um estranho que me salvasse.

- Ela não precisa - Nate se afastou pisando duro, e resmungando - Espero que saiba o que tenha feito - ele falou antes de sumir da minha vista.

E devo confessar que meu lado doentio e humilhante veio à tona, e se eu não tivesse na frente de outra pessoa talvez nesse instante eu estaria correndo até ele. Imploraria para que me perdoasse e confessaria que menti.

Mas ao invés disso, eu comecei a chorar, o que também era humilhante. Me sentei no chão, e fechei os olhos. Quando os abri, o desconhecido estava sentado na minha frente. Reparando bem, eu já tinha o visto algumas vezes com a Rue, mas nem sequer sabia seu nome.

- Você está me observando chorar ? - falei incomodada - O que tem de errado com o povo desse lugar ?

- Calma aí - sua voz era arrastada - Eu só fiquei preocupado, mas já estou indo embora.

- Não - segurei sua mão involuntariamente, e logo soltei - Me desculpa por ser uma grossa, é que não estou no meu melhor dia... apenas isso.

- Namorando aquele babaca, tenho certeza que seu melhor dia foi a um bom tempo atrás - ele riu, mas parou ao olhar para mim - Foi mal.

- Você está completamente certo, mas aquele babaca não é mais meu namorado - limpei minhas lágrimas, e me levantei - Obrigada.

- Eu não fiz nada - ele balançou a cabeça, e começou a acender um baseado - Quer um trago ?

- Eu não fumo - respondi.

Eu o deixei sozinho, e durante o caminho pensei em voltar e perguntar seu nome, ou então aceitar fumar com ele apesar de não curtir nem um pouco. Mas eu finalmente estava livre, e tinha outras coisas para me preocupar.

A casa estava bem mais cheia do que quando eu havia chegado, a música agora era bem mais barulhenta. Não precisei me esforçar muito e já estava com uma garrafa de vodka na mão, dançando com um garoto que devia ter uns cinco anos a mais do que eu.

Quando eu bebo é sempre a mesma história, eu perco o controle.

Perverse Love - Fezco Onde histórias criam vida. Descubra agora