Perverse Love - Fezco

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– Eu poderia te denunciar, sabia ? – falei enquanto jogava uma das peças de xadrez no lixo – Você está me mantendo aqui porque está apaixonado por mim.

A essa altura do campeonato, Dr Mikan e eu havíamos nos tornados bons amigos. É claro que o fato dele parecer ter saído de alguma capa de revista asiática me influenciou e muito.

– Pirralhas mimadas não fazem meu tipo – ele pegou a peça do lixo – Ainda mais se não conseguem jogar xadrez.

– Pode dizer o que quiser – dei de ombros – Para um gato como você, preferir passar o ano novo no hospital do meu lado... só pode ser uma paixão incontrolável.

Ele gargalhou de mim na cara dura, por quase dois minutos inteiros. Tenho certeza de que o som deve estar ecoando por todo hospital, porque esse lugar esta noite está parecendo cenário de algum filme de terror. Tranquilo e levemente sombrio.

– Ok, não precisa me humilhar assim – revirei os olhos – E eu aqui pensando que era especial.

– Você é especial, estou passando o meu plantão ao lado da minha paciente favorita – ele segurou outra gargalhada – Mas devo confessar que os outros pacientes aqui está noite tem mais ou menos a idade do meu bisavô.

– Vou fingir que não ouvi essa última parte.

Dr Mikan e eu conversamos por mais alguns minutos, até o hospital de repente ir de uma calmaria para o completo caos. Uma enfermeira chegou ofegante, e o levou para o quarto ao lado. Não escutei bem o que ela disse, mas um paciente havia chegado em estado grave.

Eu nem gosto de ver essas coisas, deve ser só mais um idiota que encheu a cara e sofreu um acidente de carro. Mas por algum motivo minha curiosidade me deixou inquieta. Me levantei para dar uma espiadinha.

Não sei dizer ao certo o que eu senti ao ver o Nate totalmente desfigurado, sendo reanimado pelo Dr Mikan. Angústia, pavor, aflição, acho que um misto de tudo isso, mas com um prazer sádico lá no fundo.

Fezco não pode estar por trás disso, o Sr Jacobs não descansaria até colocá-lo na cadeia. Não, o Fez não seria capaz de fazer algo assim, agredir alguém a ponto de deixá-lo entre a vida e a morte. Ou seria ? A última vez que eu o vi ele deixou claro que se vingaria de Nate por mim.

"Por favor, me diz que não foi você que fez isso" enviei uma mensagem para o Fez.

"Ele mereceu" a resposta chegou segundos depois.

"Você é um babaca".

Eu implorei, mas mesmo assim ele se meteu nisso. Porra Fez.

Passo a madrugada inteira espiando o quarto ao lado, sei que Nate já está estável. Por volta das cinco horas da manhã vejo o Sr Jacobs falar algo com o filho, que não responde, apenas movimenta os olhos e então ele sai.

Eu não sei quanto tempo eu tenho, ele pode ter saído para buscar um café, ir ao banheiro ou até mesmo ter ido para a casa fazer algo. Mas tenho que aproveitar.

Mal consigo encarar o rosto de Nate, metade de sua cabeça foi enfaixada, e o que está descoberto é quase irreconhecível. Seus olhos me observam com horror.

– Fica tranquilo, não vim aqui te sufocar com o travesseiro, por mais que a ideia seja tentadora – eu dou um sorriso para tentar amedrontá-lo – Olha eu vou direto ao assunto. Eu fui boazinha contigo, fiz meu teatrinho de que perdi a memória e não sei como vim parar aqui... e é isso que você vai fazer também.

Ele continua imóvel, não sei se porque não consegue reagir ou se não está de acordo.

– Se denunciar o Fez, eu também vou abrir o bico, entendeu ? – sussurrei chegando mais perto – E garanto que vai ser pior para você, pelo menos vai ser para a reputação do seu querido papai... faz alguma coisa seu merdinha.

Sua cabeça se moveu levemente para cima e para baixo. É óbvio que ele vai concordar, mas a possibilidade de tentar se vingar do Fezco de outra forma é grande.

– Também não quero que chegue perto dele... nem de mim, eu juro por Deus, se ousar vir atrás de mim eu te entrego, Nate – em um impulso eu agarrei seu rosto com uma mão e apertei, da forma que ele já fez comigo diversas vezes – Foi a ultima vez que você me machucou – o soltei quando ele gemeu de dor.

É fácil ser corajosa quando a pessoa que você teme, mal consegue respirar direito. Há tantas coisas que gostaria de falar, fazê-lo escutar a força tudo que está entalado na minha garganta. Mas não tenho tempo.