Sexta-feira à noite

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Bruno Medeiros; 32 anos.

Faz dois anos que eu terminei meu casamento de cinco anos. Desde então, nunca mais me envolvi romanticamente, apenas relações casuais, sem firmar compromisso e não duram mais de quatro dias. Me envolvo com a consciência limpa, sei que no dia seguinte, acordaremos e seguiremos nossas vidas, sem cobranças desproporcionais.

Acredito que não tenha nada melhor do que viver sem cobranças. Apreciar a própria companhia também é necessário. Quando casamos temos a ideia de viver uma vida eternamente e achar que não é possível viver de forma estável se não tiver o casamento perfeito. Veja bem, casamentos perfeitos não existem. Ou eles duram com altos e baixos ou eles acabam. No meu caso, acabou.

Nesses cinco anos de casamento, não tivemos filhos, embora, eu tenha uma grande vontade de me tornar pai. E acho que o casamento que termina sem envolver crianças é muito mais fácil de por um fim. Quando envolve outras vidas, tudo se torna mais delicado.

Costumo dizer que ser professor de literatura me ajuda bastante. Quando me formei pela universidade, cheguei a dar aulas durante um período curto. Mas definitivamente foi algo que não vingou. A carreira de empresário sempre exigiu mais do meu tempo, embora, a literatura seja meu maior apreço.

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Eu e Davi estamos no meu carro prestes a ir para um lugar que não conheço, mas ele insistiu. Como gosto sempre de conhecer lugares novos, resolvi aceitar.

Depois de um dia de muitas reuniões na empresa, nada como uma sexta-feira à noite para espairecer.

— Eu realmente não acredito que aceitei ir num prostíbulo com você. - Encarei Davi, que estava sentado no banco do carona.

— Você vai gostar, tem muitas mulheres lindas. - Ele soltou uma risada.

— O fato é que eu nunca paguei para transar com uma mulher. Nunca apreciei essa cultura.

— Lá é bem interessante e necessariamente você não precisa pagar para transar com uma mulher. Tem bastante coisa para apreciar e diversos tipos de bebidas.

— Você costuma ir com frequência? - Perguntei já sabendo a resposta.

— Sim, aquele lugar é a minha perdição, impossível um homem não ser feliz com tanta mulher gostosa. - Ele disse esfregando as mãos. - Você não entende como é bom.

— Realmente não entendo. Saio com mulheres lindas sem precisar pagá-las por isso. - Soltei uma risada.

— Ok, já entendemos que você é o mais cobiçado entre as mulheres. -levantou as mãos em forma de redenção.

— E a Raquel, Davi? Pensei que vocês estavam se entendendo. - Disse sem tirar a atenção do trânsito.

— Estávamos, mas não estamos mais. Você sabe... é difícil algum relacionamento meu ir para frente, geralmente nunca dou certo com ninguém.

— Uma pena! - Lamentei. - pensei que vocês iriam firmar compromisso.

— Por um momento eu também cheguei a pensar isso. Mas algumas situações não nos permitiram.

— Mas acredite; não temos mais idade para ficar na expectativa de ter alguém. Viva o que você tem para viver, as coisas acontecem naturalmente.

— Prefiro me agarrar a essa possibilidade mesmo. A Raquel é uma mulher de valores e princípios admiráveis e merece ser feliz.

  ——

Saímos do carro, indo em direção à entrada e pude observar bastante empresários e magnatas. Me parece ser um estabelecimento muito bem frequentado ou não. Podemos observar homens casados por aqui. O que não me surpreende.

—- Vamos entrar? A noite promete. - Ele disse empolgado. - Concordei balançando a cabeça.

Adentramos e pude observar alguns olhares curiosos em nossa direção.

É uma casa bastante movimentada. Mulheres peladas para todo lado, mulheres dançando no pole dance e tudo que um prostíbulo pode oferecer.

Escolhemos uma mesa e sentamos.

— E aí? Gostou? Isso aqui é o céu. Seja bem vindo! - Davi disse num tom sarcástico.

— Interessante! Bastante interessante! - Respondi enquanto observava o ambiente.

Uma mulher, que vestia uma blusa e uma saia, que parece mais um conjunto de calcinha e sutiã, se aproximou. Ela segurava um caderninho de anotações.

— Olá! - Disse simpática e o tempo todo tentando se mostrar sensual. - Boa noite, senhores. Desejam algo?

— Me traga uma cerveja, por favor. - Davi respondeu.

— Pra mim, um whisky com dois cubos gelos. Por favor!

— Ok. Com licença! - Ela se retirou.

— E os negócios com o Virgílio, como andam? - Perguntei para o Davi.

— Acho que estamos caminhando para uma parceria. - Ele acendeu um cigarro.

— Trate de trazê-lo para o nosso lado. Temos muito a ganhar com isso.

— Claro! - Concordou - Falta pouco para concluirmos e assinarmos os papéis. Será muito bom para empresa.

— Cheguei a pensar que não aceitaria. Mas Virgílio gosta muito de dinheiro, não recusaria tanto investimento.

— Além de envolver bastante dinheiro, ele sabe que é um bom negócio.

— Não tenho dúvidas que será... - Fui interrompido por uma moça que havia se aproximado.

— Boa noite, senhores. - Sorriu simpática. - Aqui está as bebidas. - Ela colocou na mesa.

Rapidamente meus olhos foram de encontro com os seus.

O fato dela ser diferente da primeira moça que nos atendeu me chamou bastante atenção.

Ela vestia um vestido curto na cor branca, mas nada tão pequeno. Era um vestido razoavelmente largo, com poucos detalhes. Pude observar alguns colares pelo pescoço.

Uma jovem, da pele negra não retinta, cabelos ondulados, olhos escuros como a noite e um sorriso doce.

Ela tem um semblante triste.

Fui descendo meus olhos até pausar na barriga. Pude reparar que ela está grávida. Uau!

Isso é uma barriga de grávida. Definitivamente não tem como eu estar equivocado.

O que me choca é uma grávida está dentro de um prostíbulo. Ouvi dizer que não é permitido.

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