Acordei me expreguiçando e resmungando enquanto esticava algumas partes do corpo, como os dedos e o pescoço. Quando abri os braços na cama, lembrei que não dormi sozinha noite passada, mas meus braços bateram no espaço vazio ao meu lado. Maxuel não estava mais lá, provavelmente já tinha ido trabalhar, percebi que devia ser tarde, eu devo ter dormido de mais. Me levanto e vou ao banheiro, mas lembro que minhas coisas de higiene e roupas estão no outro quarto, então saio para buscar. Encontro Raiara no corredor com uma bandeja de café da manhã, meu estômago ronca alto.
— Senhora, esta noite dormiu bem, já passam das 9h da manhã...
— Não... Sério? — eu arregalo os olhos e coloco uma mão sobre a boca. Nem lá em casa eu dormi tanto assim dentro dos meus 19 anos de vida.
— Sim, senhora — ela me acompanhou até o meu quarto, eu me sentia velha quando ela me chamava de senhora, mas ela não ia mudar o jeito de me chamar assim mesmo que eu tentasse muito. Então desisti. — O Senhor Caltton pediu, como sempre, para alimentar a senhorita muito bem e que a acompanhasse pela casa, se você quisesse. Ele quer que a senhorita explore a casa e não fiquei só no quarto.
— Talvez eu vá hoje — eu prometo ao me sentar no sofá pequeno que tem no quarto. Raira coloca a bandeja no suporte ao meu lado e se afasta, como sempre ia me acompanhar no café da manhã. — Raira, você não se cansa de ficar em pé?
— Eu estou acostumada, senhora, me sinto agoniada se ficar deitada durante o dia. Só descanso meus pés alguns minutos a tarde.
— Você devia descansar mais... Você é... Proibida? — eu hesitei, queria saber de tudo sobre a casa que eu moraria, talvez devesse explorar ela o quanto antes mesmo.
— Claro que não! O Senhor Caltton é um homem muito bom, ele se preocupa conosco. Mas também fazemos tudo do jeito dele, sem mudar nada do roteiro, sempre que ele chega, está tudo na perfeita ordem — ela tinha um olhar de orgulho em seu rosto e eu sorri.
— Ele trabalha com o que?
— Com o pai dele, é um dos chefes da marca Yaua, de carro, você conhece? — eu nunca tinha ouvido falar, apenas dei de ombros. — Ele será dono um dia, ele e a senhorita Esmeralda.
— É a irmã dele, não é? — eu estava comendo, mas nem olhava para o que pegava, a conversa estava bem mais interessante agora.
— Sim, também é um doce de menina, ela vem visitar o irmão sempre — a senhora Raira tinha um grande sorriso no rosto, pelo visto gostava mesmo dessa família. Talvez eu fosse gostar também, se não fosse espachada pra casa a qualquer hora, o senhor Caltton veria que eu era muito boba e não tinha nada para oferecer, então ele ia me mandar de volta.
— Ela estava no meu... No casamento — eu digo, desviando o olhar.
— Deve ter sido um casamento lindo. Desculpa perguntar isso, mas vocês se casaram por amor? Eu não entendi porque você chegou e não foi dormir com o senhor Caltton.
— Nós não nos conhecemos direito, eu não sei ainda porque ele quis se casar comigo — respondi, cabisbaixa.
— Mas a senhora não se casou por amor? — eu olhei para ela, tinha as duas sobrancelhas arqueadas.
— Eu também não o conheço direito... Mas pais disseram que era uma boa ideia... Eu não sei... Não entendo muito.
— Oh, querida, foi obrigada a se casar? — ela colocou a mão sobre a boca, espantada.
— Não, eu... Não fui obrigada — eu não entendia direito tudo o que estava se passando, não era assim que acontecia com todas as mulheres? Os pais escolhem com quem ela deve se casar?
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CASTIDADE [DEGUSTAÇÃO]
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