CAPÍTULO 4

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Quando chegamos na casa dos meus pais, Maxuel repetiu de novo que era pra eu avisar quando quisesse voltar pra casa que um carro viria me buscar. Agradeci a ele e o carro só se afastou quando minha mãe abriu a porta. Ela começou a chorar e eu também, nos abraçamos apertado, mas eu logo pedi para entrarmos, a claridade do dia ainda me era sensível nos olhos.

— Você veio sozinha? — ela perguntou. Nós duas nos sentamos no sofá e ela ficou me reparando toda.

— Senhor Maxuel estava no carro, ele estava indo pro trabalho e me deixou aqui.

— Ah, que gentil. Você o chama assim? Não o chama de marido ou pelo nome dele?

— Eu não sei ainda como chamá-lo, mamãe — subitamente me sentia envergonhada, como iria falar de homem com minha mãe, acho que seria constragedor.

— Ele é seu marido agora, Lucinda, chame-o como chamo seu pai.

De... Amor? Claro que não o chamaria assim.

— Eu senti falta de vocês. Papai está no trabalho? Por que vocês não foram me ver e nem me ligaram?

— Eu achei que vocês estariam em lua de mel e não queria atrapalhar. Já voltaram?

— Voltamos de onde? — eu franzi o cenho, o que realmente era uma lua de mel? Não lembro de ter lido algo sobre isso, a maioria dos livros que eu lia eram bem bobos, normalmente livros infantis, como "O pequeno Príncipe".

— Ele não levou você para uma viagem de lua de mel? Nossa, ele é rico — ela estava tão confusa quanto eu.

— Mamãe, como é uma lua de mel?

— Filha, você sabe que não devemos dar detalhes dessas coisas. Apesar que agora você é uma mulher. Está tudo bem, ele foi gentil?

— Ele é muito gentil sim, não me toca... Me respeita.

— Ele não a toca? Como assim?

— Mamãe, eu nem o conheço! Como vocês o conhecem? Por que tive que casar com este homem? 

— Essas perguntas são indelicadas, Lucinda, o seu pai confia nele e é isso que importa. Ele é rico e vai nos ajudar, também vai te dar uma vida boa. Nunca vai precisar se preocupar com nada, deveria até agradecer ao seu pai por conseguir um marido assim. Mas vamos voltar ao assunto anterior, você não deixa ele te... Tocar?

— Claro que não! — senti meu rosto pegar fogo e desviei o olhar.

— Lucinda! Ele é seu marido, e é um homem. Deixe que ele tome as decisões, você não pode proibi-lo. E tem mais, ele vai querer um herdeiro, você também deve querer, o laço de vocês vai só aumentar depois disso.

— Eu não tenho que ter sentimentos por ele para fazer isso, mamãe? — eu já estava ficando desesperada com suas palavras, me sentia transpirar. — Eu não devia amá-lo para querer me casar?

— Filha, me admiro por você ainda não ter sentimentos por ele. É um homem bonito e bom, como você mesma disse, te trouxe aqui. Mesmo que não for o caso, um dia será, isso acontece com o tempo.

— Bom, vamos mudar de assunto? — afinal, eu não precisava me preocupar, ele disse que nunca me tocaria sem que eu quisesse. E também, pelo que percebi, eu não conseguiria ter aquela conversa com minha mãe, era um tabu falar sobre essas intimidades.

— Sim! Como é a casa dele? Está sendo bem tratada lá?

— A casa dele cabe 20 casas nossa lá dentro. E as pessoas que trabalham pra ele são muito gentis, mesmo assim eu sinto falta de casa — meu olhos marejaram. Como eu queria me jogar na minha cama e ler ou estudar o dia todo, sem me preocupar em entender como era ser uma esposa.

CASTIDADE [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora