Saudades

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Saudades
"É um sentimento doloroso, mas que normalmente, é a causa de um bom abraço!"

 Há muito tempo atrás, desde o momento em que havia somente terra e mata na prestigiosa cidade Liyue, alguns seres caminharam sobre o solo empoeirado, seus olhos eram irreconhecíveis, criaturas da noite que tinham uma natureza peculiar. Não gostavam do dia, e muito menos do sol, entretanto, adoravam o sangue humano. 

 Eles não queriam sua carne, somente o líquido que percorria suas veias. Qualquer um que escutasse tal conversa, riria do falante, porém, não era nada engraçado na época. 

 Devido à maneira discreta daqueles monstros, muitos conseguiram sobreviver silenciosamente à meia-noite, e houve até casos onde humanos se envolveram com eles.

 Muitos acabaram no cemitério por conta de tal loucura. 

 Chongyun é um estudioso da área, sua tia Shenhe lhe guiou com maestria, e no momento em que Aether citou a própria história, descrevendo com tanta afeição o sujeito que deveria ser seu parceiro, o exorcista soube na hora que se tratava deles, dos demônios de sangue.

 Quando o enfermeiro dormiu, a dupla buscou sobre o caso Li na internet, e ambos chegaram à conclusões preciptadas, já que não havia muitas fotos ou arquivos do incêndio, sequer imagens dos filhos de Zhongli. 

 Chongyun mandou mensagem para sua tia, e relatou pouco sobre Aether e seu passado confuso. Shenhe aceitou visitá-los pela manhã.

 Ter a presença da mulher ali, seria mais eficaz do que a sua.

[...]

 Chongyun havia fechado todas as janelas, botando alguns símbolos frente às mesmas. 

 Não queria admitir, entretanto, que seu corpo estava tenso pela situação atual. Mesmo estudando anos a fio sobre aquelas criaturas, ver uma de perto era outra história. 

 – Yun… – ouviu a voz suave do parceiro o chamar, acompanhado do abraço caloroso do romancista. 

 Agradecia todos os dias por ter Xingqiu ao seu lado. No fundo, sentiu-se comovido ao escutar Aether, pois teve razão de que Xiao sofreu para protegê-lo. 

 – Hm? – Chongyun murmurou, virando-se para trazer Xingqiu para mais perto.

 – Você acha que Shenhe pode encontrar Xiao? – o de cabelos escuros comentou baixinho, sua pele alva destacava-se na escuridão da sala de jantar.

 Chongyun suspirou, encabulado devido às distintas possibilidades. 

 – Shenhe foi criada pelos demônios de sangue, ela mesma parece um, com exceção de que sua pele não queima sob o sol. – o exorcista desviou o olhar para a janela coberta, seus lábios formaram uma linha reta.

 – Há um deles rondando Aether, e… eu não tenho certeza de que seja só um. – o mesmo afastou-se da janela, puxando o romancista consigo, para um canto mais seguro.

 – Já parou para pensar que… Signora pode ser um deles? – comentou esbaforido, arrancando um olhar assustado de Xingqiu. 

 Eles tinham muito o que saber, e a ansiedade era como líquido gástrico que os corroía de dentro para fora. 

[...]

 Shenhe abriu a porta sem pedir licença, havia saído cedo de casa, vestia uma calça jeans escura juntamente de um suéter preto, seus olhos quase sempre misteriosos acompanharam a calmaria da casa do sobrinho, e o aroma diferenciado presente no ar. Os olhos perolados se arregalaram levemente, o sabor forte tocou em seu paladar, e Shenhe sugeriu a ideia de estar delirando, entretanto, tal pensamento foi descartado quando a imagem de um garoto baixinho tomou sua atenção, e pelos cabelos dourados e longos, tez reluzente e olhos feito ouro, a especialista confirmou suas suspeitas. 

beijos da meia-noiteOnde histórias criam vida. Descubra agora