Ilusão

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Ilusão 
"Algo que sua mente cria, normalmente presente em loucos… ou não?"

 Aether ofegava, e os dedos tremendo enquanto buscava as chaves em sua bolsa. Em sua cabeça, a situação não fazia sentido, tudo estava tão confuso para alguém tão jovem. 

 Após abrir a porta, o enfermeiro foi abatido pelo cheiro bom de sua residência, gostava de mantê-la limpa, pois muita sujeira lhe trazia uma sensação desconfortável e triste. Não sabia dizer o motivo da tristeza, por isso julgou fazer parte de seu misterioso passado. 

 O loiro respirou fundo, tateando pela escuridão em busca do interruptor. A sala estava bem iluminada, as paredes de cor bege tinham diversos quadros, pinturas que lhe pertenciam, as quais Aether costumava fazer em busca de suas memórias; e na maioria delas, estavam rabiscos de um garoto de olhos dourados, o mesmo de seus sonhos. 

 Complementando o ambiente confortável, dois sofás escuros decoravam o canto, onde Aether jogou-se de bruços sem pensar duas vezes, os olhos fechados em uma tentativa desesperada de situar-se na realidade.

 – Aja como um adulto, pense! – o enfermeiro gritava em seu subconsciente, ouvindo somente a ventania bater em sua janela, ou a música alta do seu vizinho barulhento.

 Após normalizar os próprios batimentos cardíacos, o garoto recobrou os pedaços de seu passado, de um homem alto e bem trajado, sempre articulado ao falar, vez ou outra, lhe passando uma sensação de paternidade.

 – Li… família Li. – sussurrou, seu rosto espantado sugerindo surpresa. 

 Aether levantou-se abruptamente, retirando os sapatos na agonia, a fim de chegar em seus aposentos. Ignorando seu quase tropeço no corredor, o mesmo deitou-se na cama de casal, com um notebook nas mãos e dedos percorrendo os botões numa pressa notável.  

 "Nesta quarta-feira (2017) às 00:02 horas, um incêndio levou a mansão Li às cinzas, junto de seus residentes, que acabaram não resistindo (...)"

 As orbes douradas se dilataram, Aether parecia desacreditado do que via. Os dedos cobriam os próprios lábios, vez ou outra roendo as unhas. 

 – Não encontraram o corpo do filho… – o loiro desligou o aparelho, rolando na cama, pensativo. O garoto fechou os olhos, seu coração batia acelerado pelo moreno misterioso. 

 Agora, mais do que nunca, tinha certeza de que não se limitava à paranóias, seus instintos gritavam que haviam mais segredos atrás daquelas cortinas. Se tudo fosse verídico, Aether pertenceu à mansão Li, e de alguma forma, o incêndio estava ligado ao dia em que perdeu as memórias. 

 O loiro não contou as horas que passou na frente daquela tela, seus olhos ardiam pela luz desnecessária que recebia, e também pelo choro. 

 – Me sinto uma criança birrenta. – estalou os dedos, pondo um dos braços sobre os olhos, seus cabelos estavam soltos pela cama, o notebook já de lado, enquanto descansava a costa no colchão macio. Voltou-se para o notebook e analisou minuciosamente todas as provas e fatos encontrados, seu cérebro trabalhando por respostas. 

 Desviando o olhar para o lado, Aether captou seu celular, chegando a se assustar ao ver a tela exibir altas 04:45 da madrugada. Esfregou os olhos, não demorando a cair em um sono profundo. 

[...]

 – Aether, tem certeza de que está bem? – dessa vez, quem lhe perguntou foi Sucrose, uma jovem muito tímida, seus olhos caramelados lhe visualizam com ternura.

 – Sim, não precisa se preocupar. – o enfermeiro ressaltou, por mais que sua visão estivesse turva, e o corpo gelado demais para o normal. 

 – Você precisa visitar o Dr. Albedo, sua temperatura está muito baixa! – a esverdeada pôs as mãozinhas sobre o peito, após tocá-las na testa alheia. Aether poderia desmaiar a qualquer momento. 

beijos da meia-noiteOnde histórias criam vida. Descubra agora