Brasa

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Brasa
"Pois mesmo no calor de uma noite de inverno, ele me faz sentir como estivesse deitado em brasa"

 O relógio indicava duas horas da madrugada quando Aether acordou, tremendo pelo frio e coberto pela escuridão do ambiente. Dormiu algumas horas atrás sob os beijos e carinhos de Xiao, porém, Aether sentia os braços do garoto ao redor de sua cintura em um aperto fraco, sua pele estava fria e pálida, não estava mais o aquecendo.

 O quarto estava escuro, guardando as dúvidas de Aether em seu espaço, apenas a luz do luar ultrapassou as janelas de vidro, iluminando o espaço em frente a cama. Tudo parecia tão monótono aos olhos dourados do enfermeiro, e a preocupação corria por sua córnea. 

 Em seguida, o medo foi apenas uma das consequências do momento. Aether havia se sentado sobre a cama de colcha branca, e logo desviou sua atenção para o corpo imóvel do parceiro.

 Xiao estava mais pálido do que o normal, seus olhos fechados e levemente inchados, como se tivesse chorado pouco tempo atrás. Aether desesperou-se, levando as mãos até o ombro, sentindo a protuberância sob seus dedos; já estava cicatrizado. O loiro balançou o corpóreo alheio, estava arrepiado e levemente curvado sobre o moreno.

 – Xiao? – o enfermeiro o chamou uma, duas, três vezes, chegando até a aumentar o tom de voz falho, e nada o garoto lhe respondeu. O desespero correu por sua veias em uma alta frequência, fazendo com que o enfermeiro corresse até a mesinha mais ao canto, onde havia alguns suprimentos hospitalares sobre a mesma.

 Suas mãos tremiam, Aether não tinha conhecimento sobre o sistema de um demônio de sangue. 

 Inerte em suas próprias paranóias, o loiro sobressaltou ao sentir braços circularem sua cintura.

 – Por que está tão desesperado? – ouviu a voz calma rente seu pescoço, parecendo um antibiótico compatível para sua ansiedade, seguido de toques úmidos sobre a pele alva, complementando para a pacificidade dos nervos do loiro. 

 – Você… meu Deus, não me assusta assim. – Aether suspirou pesado, fechando os olhos. Apoiou as mãos na mesa, permitindo com que o moreno tirasse proveito se si. Não exatamente um proveito, já que a satisfação era compartilhada entre ambos. 

 – Por que não acordou quando eu te chamei? – o mais novo indagou baixinho, notando o aperto em sua cintura aumentar. Sentia-se uma bonequinha nas mãos do maior, mas era uma sensação longe de ser ruim. 

 – Eu ainda estou debilitado pela falta de sangue, isso pode acontecer algumas vezes. – Xiao colocou o cabelo trançado para o lado, seus olhos dourados observando o pescoço alvo de seu garoto. O Adeptus foi abraçado por uma sensação gloriosa de satisfação, tanto por ter o sangue real, assim como por este vir especificamente da pessoa que fazia seu corpo vibrar.

 Aether manteve-se calado, entretanto, seu coração batia descompassado, cada som sendo captado pelo moreno, assim como o suspiro que fugiu por entre seus lábios vermelhinhos, resultado do movimento faminto do Adeptus para com o mais novo.

 Xiao perfurou a pele novamente, mais próximo ao ombro. Aether tentou manter a compostura, entretanto, sentir o corpo da pessoa que tanto ama atrás do si, não contribuía para o controle da própria sanidade, principalmente ao sentir as mãos do moreno descer até seus quadris, em um carinho agradável. 

 O rosto do loiro estava vermelho, ofegava levemente no decorrer em que sentia o garoto acariciar-lhe o corpo sobre o tecido branco, retirando doses de seu sangue e devolvendo com prazer. Uma troca justa.

 Era uma sensação esquisita e ao mesmo tempo boa. 

 – Pa… para! – sua voz saiu entrecortada entre os suspiros, o loiro sentiu Xiao o segurar, visto que, suas pernas falharam. Estava passando a sofrer as consequências da perda de sangue repentina.

beijos da meia-noiteOnde histórias criam vida. Descubra agora