Qingxin

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Qingxin
– "O tempo é uma grandeza que trouxe de volta esse dilúvio chamado amor".

 Aether estava condenado desde que nascera, seu pai era um louco envolvido com dívidas e assuntos pesados, os quais a família sempre sofria as consequências. Era apenas uma sementinha quando sua querida mãe morreu cansada sobre o piso de madeira. Nunca soube o motivo da mulher se sacrificar tanto, apanhando do próprio marido, para proteger os filhos. 

 Lumine, sua irmã mais velha, gostava de fazer tranças nos longos cabelos do irmão, sempre ressaltando a beleza e o brilho descomunal que este exalava, sem contar no cheiro bom de morango. 

 "Mamãe vai fugir hoje a noite" – a menina de doze anos soltou a bomba em um vozear quase mudo, enquanto penteava as madeixas douradas do mais novo.

 Aether tentou dizer algo no momento, mas sua garganta fechou e lágrimas se formaram nos olhos dourados. 

 Em sua cabeça, várias coisas se passaram como se fosse o último suspiro. 

Sua vida mudou completamente a partir daquela noite.

[...]

 Aether puxou as cortinas daquele quarto branco e pequeno, permitindo com que o sol desse a graça de seu brilho próprio. O loiro apreciou a paisagem, sentindo uma sensação de nostalgia lhe alcançar. 

 Aos vinte e quatro anos, Aether trabalha como enfermeiro em um hospital renomado de Liyue, uma cidade, diga-se de passagem, populosa.

 Sua vida é tranquila, sendo um garoto viciado em arte e música, Aether gostava de dançar e se aventurar pelos arredores da cidade em busca da natureza, pois sempre sentia-se revigorado com suas ideias. Vivia sozinho em uma casa agradável, tinha muitos amigos nos quais podia contar seus mais preciosos segredos.

 Realmente uma vida preciosa, pena que suas memórias estavam escondidas atrás de uma cortina densa e bege, um provável trauma. 

 Aether sofria de uma condição de perda de memória, não lembrava de nada depois dos dezenove anos. Porém, constantemente acordava eufórico, corado e ofegante, devido aos sonhos que tinha, estes que, baseavam-se em locais que nunca havia visto antes, com um sujeito de cabelos pretos e mechas verdes. Aether sentia-se enfeitiçado pelos olhos dourados daquele garoto, seu corpo esquentava de saudades desconhecidas, porém, não sabia dizer ao certo sua aparência. 

[...]

15 anos atrás 

 – Tome, isso é para provar minha confiança. – o homem alto estendeu a mão para a criança, lhe oferecendo um pirulito colorido. O mesmo vestia roupas sociais, possuía cabelos castanhos e levemente alaranjados na ponta. Seu olhar, por mais firme que soasse, ainda assim, exibia uma calmaria que Aether sempre necessitou. 

 Não conseguia responder à altura, apenas limitou-se a captar a visão de um garotinho esgueirando-se ao lado do sujeito, sua altura era apenas poucos centímetros superior à do loiro, e o este mantinha o mesmo doce entre os lábios. 

 – Oh… pelo visto simpatizou com Xiao. – o mais velho, Zhongli, comprimiu os lábios em um sorriso suave, resolvendo abaixar o pirulito na mesinha de centro da sala. 

 Não é porque se tem uma flor na mão, que um beija-flor irá pousar como se fosse seu lar. Por mais que Aether não tivesse conhecimento de tal palavra.

 A casa grande estava devidamente arrumada em um estilo moderno, havia muitas janelas de vidro, por mais que estas estivessem cobertas por longas cortinas pretas, bloqueando a presença do sol do meio-dia. 

beijos da meia-noiteOnde histórias criam vida. Descubra agora