Ato IV - Romeu Quebrado

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-Yu-jin, você se importaria de ir comigo para Seoul?

O pedido pegou Hyunjin desprevenido.

-Ah claro, podemos ir no meu carro...

-Era isso que eu estava pensando, e também, eu não quero viajar sozinho

-Se a gente não pegar trânsito, vai ser bem rápido

...

Os carros fluem suavemente, como nuvens de aço no asfalto, o trânsito estava relativamente tranquilo e os sinais pareciam sempre verdes. As montanhas pintavam ao fundo uma paisagem que não mudou quase nada nos últimos dez mil anos. Será que os deuses ainda moram nas montanhas?

Minho era um passageiro silencioso. Não falou praticamente nada desde o começo da viagem. Hyunjin se sentia inquieto com aquele silêncio religioso, então perguntou:

-Você vai autenticar uma obra de arte, é isso?

-Sim, uma pintura da Shin Saimdang

-A moça da nota de cinquenta mil wons?

-Essa mesmo, as obras dela são inestimáveis

-Onde você aprendeu a autenticar obras de arte?

-Eu estudei artes na Universidade de Yeungnam, e sou pós-graduado em História Coreana, porém minha mãe era dona de uma loja de penhores em Busan, logo ela era uma especialista em coisas falsas...-Ele fez uma pausa, olhou para as montanhas, e disse:...Sinto falta da mamãe, só não sinto falta dela limpando nosso minúsculo apartamento, ela era muito barulhenta, mas sinto falta dela

-Artes não é um curso muito amado pelos pais, meus pais pelo menos queriam que eu passasse longe de uma faculdade de artes

-Minha mãe gostava de ideia de ter um "filho artista", porém faz um bom tempo que não produzo nada artístico

-Pensei que você tivesse estudado literatura

-Por eu ser um livreiro?

-Uhum

-Eu me tornei livreiro por acidente, a livraria possuía outro dono antes de mim, sabia?

-Mesmo?

-Hm, Senhor Choi, coitado, morreu novo, 99 anos

-99 Anos?

-Uhum, tinha muito para viver ainda

...

Ao chegarem em Seoul, eles estacionaram em um bairro nobre, cheio de árvores, arbustos podados, cercas vivas e mansões envidraçadas. Minho apertou o interfone.

-Boa tarde, eu sou o autenticador, Lee Minho

-Vou abrir a porta, respondeu uma voz robótica.

Apesar de todas as mansões do bairro serem pré-fabricadas da mesma forma, Hyunjin sentiu um déjà vu ao ver as roseiras no jardim. Eles foram recebidos por um mordomo grisalho, que os levou até uma espaçosa sala de estar, cheia de quadros e antiguidades, a casa do Minho também é cheia de antiguidades, porém elas estão espalhadas pelos cantos e armários. Um executivo de meia-idade desceu a escadaria no estilo palácio real, e cumprimentou os dois com uma leve reverência, afinal um aristocrata urbano como ele não é de fazer reverência para plebeus, porém Minho era um intelectual, logo possuía um certo status social. Por um momento ele achou ter reconhecido Hyunjin, mas decidiu ignorar isso e focar no importante, os negócios.

-Sou o Senhor Kim Byung-chul, Presidente da Beonyeong e diretor da Fundação Mugunghwa

-Prazer, Senhor Kim, eu sou o avaliador Lee Minho e esse é o meu assistente Hwang Yu-jin

Jardim Celestial - Hyunlix/MpregOnde histórias criam vida. Descubra agora