Prólogo

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Todos os seus amigos estavam felizes após a conquista do prêmio de melhor grupo musical do globo na SoW Awards*, mas Taehyung ainda sentia o constante vazio em seu peito.

Levantou-se da cadeira, ao centro dos amigos que degustavam de uma pizza de brócolis com vontade, e se direcionou até seu quarto. A verdade era que ali vinha sendo seu refúgio artístico, não só por passar horas e horas cantando e compondo canções, mas por...

Passou o trinco na porta e praticamente escorregou para o tapete que mantinha muito bem preso ao chão. O removeu cuidadosamente e ergueu a tampa do porão que os meninos nem faziam ideia da existência.

Desceu alguns degraus e procurou na escuridão a cordinha para acender a lâmpada de teto. E lá estava. As centenas de quadros que passava horas e horas pintando para se inspirar e compor novas músicas. Sem timidez, girou os ombros para afastar a tensão e a tristeza insistente e alcançou o pincel manchado de laranja. Rabiscou um lindo lírio na cor e ficou contente com o resultado.

Escutou passos acima de sua cabeça, indo em direção à porta de entrada da casa que dividiam. Aparentemente, alguém acabara de chegar, e provavelmente viriam chamá-lo. Então, se apressou em limpar as mãos na camisa que vestira para não se sujar, a lançou no chão, junto de outro monte de camisas, e correu escada acima.

Enquanto isso, a 11.377 km dali, em Los Angeles, Demi Lovato escutava mais uma das músicas que entrariam para o seu mais novo sucesso. Modéstia à parte, aquele álbum estava de matar, trazendo resquícios da época de "Get Back" e "Remember December" à tona.

No entanto, tirou os fones de ouvido assim que escutou uma forte batida em sua porta. Gritou que já ia, mas notou que o par de pés sumiu pela fresta da porta. Uma carta voou para dentro e ela estranhou. Bob — o carteiro dela — praticamente sempre se oferecia para tomar café junto dela. Mas talvez devido ao frio daquela manhã, ele preferiu ser rápido no trabalho e não ficar de papinho.

Antes de se levantar para conferir o que era, entrou mais uma vez no site da Arte Moderna Mundial, e um lindo e brilhante sorriso iluminou sua face. Lá estava:

No site de notícias: "La Octava vende mais cópias de seu quadro "Amores de Verão". Será que ela um dia se revelará? E será que ela será indicada como a artista do ano? Façam suas apostas."

Com o coração quentinho, atravessou a sala com as pantufas de coelhinho e pegou a carta. Mas ao olhar o remetente, seu coração errou uma batida.

E falando em batida... uma batida soou à porta. Deveria ser Bob, pensou. Talvez tivesse entregado a carta errada.

Mas quando Demi abriu a porta de madeira, praticamente ficou sem palavras, pois jazia de pé ali Kehlani, mais conhecida como o amor de sua vida. E o engraçado era que ela tampava a boca com a carta, com o mesmo remetente, na mesma letra cursiva e dourada.

— Você também recebeu? — não conseguiu se segurar.

Kehlani assentiu freneticamente, ainda sem acreditar que aquilo estava acontecendo.

— Eu ouvi rumores de que estavam organizando a festa para esse mês, mas... puxa, hoje à noite é loucura!

O sorriso de Demi morreu.

— Hoje à noite? — ela assentiu. — Ah, meu Deus, eu nem mesmo tenho roupa para esse tipo de evento, Keh!

Sem precisar de convite, passou pela porta, a fechou e puxou Demi pela mão, gentilmente, mas disparando choques por seus corpos. Sempre acontecia. Um beijo ou um carinho sequer na cabeça disparava correntes elétricas por todo o corpo das duas, como se o próprio vento chorasse de alegria ao presenciar tal amor.

E era esse tipo de amor que Tae procurava. Não uma pessoa. Mas em suas artes. Por Deus, ele tinha apenas um mês para entregar o melhor quadro de sua vida para a Academia de Artes e ver se conseguia sua bolsa, mas simplesmente não conseguia colocar o cérebro no mundo da criatividade. Sempre desenhava as mesmas flores, os mesmos traços.

Não era isso que queria, mas sim algo mais grandioso, digno de uma bolsa de estudos na melhor academia de artes da França. O tipo de arte que você olha e chora. Era isso que precisava oferecer, e nada menos.

Mas quando tocou as mãos trêmulas na carta de assinatura cursiva e dourada de Leonardo da Vinci, o convidando para o Paraíso das Artes, o baile de máscaras para artistas de todo o mundo, não conseguiu se conter. As lágrimas saíram num rompante, deslizando pelas bochechas manchadas de tinta.

Beijou a carta em suas mãos e questionou ao grupo se iriam. Prontamente concordaram ao notar sua animação, confusos ainda com a tinta no seu rosto, mas felizes em vê-lo assim após tanto tempo desanimado.

— Essa vai ser a minha grande e única chance de me inspirar o suficiente para entrar na Académie des Beaux-Arts de Paris! — sussurrou empolgado, já indo se aprontar para o encontro épico da noite, praticamente arrastando os amigos que, ainda sem entender o motivo de tanta felicidade, se divertiam com a energia contagiante de Tae.

Demi e Kehlani, após discutirem sobre o que seria da noite delas juntas, algo definitivo, tudo ou nada, entrelaçaram as mãos e beijaram os dedinhos uma da outra, em forma de chamar a sorte para o seu lado.

Já o BTS, estavam todos prontos, tentando conter um Taehyung completamente eufórico e histérico, já no avião, dizendo que não poderia ir mais, quando já haviam atravessado a fronteira.

Definitivamente, não tinha mais volta. E da Vinci, das estrelas, sorria amplamente por observar os laços do destino se solidificarem para suas almas escolhidas.

— Finalmente os encontrei, os meus filhos puros e dignos do Paraíso das Artes — a voz sussurrou por entre as dimensões espirituais. — Os receberei com o maior deleite possível, meus filhos, eu lhes prometo.

E assim, o Baile de Máscaras da SoW Awards anunciara o início da noite.




*SoW Awards: premiação fictícia, "Singers of the World", onde os melhores cantores são prestigiados e premiados.

Noite Mágica - Um baile de máscara inesquecívelOnde histórias criam vida. Descubra agora