No colégio Atlântica, Mariana conseguiu chegar a um status que poucos conseguem. Popular e em seu terceiro ano, ela e suas amigas adoram um desafio, no entanto, sempre tudo é muito tedioso quando as pessoas simplesmente cedem as suas vontades de mão...
O sinal tocou e, assim que Guilherme se levantou, peguei minhas coisas e tentei acompanhá-lo. Ele andava como se quisesse deixar todos nós para trás, mas talvez fosse só eu. Contudo, acelerei e consegui alcançá-lo
— Está nervoso para o teste mais tarde? — perguntei, colocando-me ao seu lado.
Ele me olhou de soslaio rapidamente e continuou caminhando. Por um momento achei que ele apenas me ignoraria, mas, por fim, sua voz ressoou baixa e concisa.
— Um pouco..
— Vai se sair bem — disse, dando-lhe um leve esbarrão no ombro.
Eu peguei-o de surpresa. Seus passos reduziram levemente e ele me encarou por alguns segundos antes de voltar a olhar para frente e continuar a sua rota. Nesses poucos segundos, notei sua sobrancelha franzida como se ponderasse algo sobre mim, mas logo ele voltou a sua expressão estóica de sempre.
— Obrigado — murmurou.
Eu estava cansada desse olhar blasé dele. Talvez não fosse sua intenção, mas toda vez que ele olhava para mim é como se eu fosse a mosca do cocô do cavalo bandido. Acelerei ainda mais meus passos, de forma que eu o ultrapassasse, então fiquei de frente para Guilherme e pousei minha mão no seu peito, obrigando-o a parar.
— Olha, nós vamos fazer um trabalho juntos. Eu preciso que você fale mais do que duas palavras quando eu conversar com você.
Ele franziu o cenho e inclinou seu rosto em direção onde minha mão o tocava. Eu não tinha parado pra pensar antes de agir, agora podia sentir o calor da sua pele sob a camisa e quase me arrependi, mas deixei-a lá para não mudar o impacto da minha ação.
— Se eu me lembro bem, foi por pura espontânea pressão. — Guilherme agarrou meu pulso.
— Não vi você pedindo para trocar? — Arqueei a sobrancelha para enfrentá-lo.
Ele abriu a boca em choque e levantou a mão para passar em seu cabelo até perceber que ainda segurava meu pulso. Seu pescoço avermelhou de imediato e ele me soltou, dando um passo para trás para se afastar.
— Tá vendo? Parece até que eu tenho lepra! — rebati-o, segurando meu próprio pulso.
Algo em meu rosto fez com que um pouco da expressão dele também se rachasse. Não sei se ele conseguia ver que de alguma forma que a sua postura em relação a mim havia me machucado.
— Claro que não... — Ele parou e suspirou, passando a mão por seu rosto. Ele me encarou, a primeira vez que seus olhos realmente pararam em mim, vasculhando centímetro por centímetro, de cima a baixo.
Eu senti minha pele pinicar pela varredura inesperada, como se ele pudesse ver por baixo das tantas camadas que eu coloquei sobre mim. Entretanto, prossegui encarando-o, pronta para refutar alguma resposta que me daria.
— Você não é nenhum tipo de doença contagiosa, Mariana. Mas com certeza é um problema.
— A gente pode resolver isso então? — Curvei meus lábios para cima, o impulso sendo mais forte do que eu.
Ele balançou a cabeça, os cabelos castanhos caindo por seus olhos. Sua cabeça levemente baixa disfarçava, mas eu vi uma pequena inclinação surgir no canto da sua boca antes dele engolir novamente.
— Nos vemos no teste, Mariana — despediu-se e voltou a caminhar.
Dessa vez eu não o segui e não falei mais nada, eu devia celebrar as pequenas vitórias.
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