Cinco

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É Assim que Acaba?

Tessa

Dias Depois

Ignoro mais uma chamada, não estou afim de conversar com ninguém. Sei que, Melissa só esta ligando constantemente porque eu não atendi nenhuma chamada do Louis, ele está na casa dela, provavelmente comentou sobre minha rejeição.
Posso estar sendo um pouco infantil, uma hora terei que falar com um deles mas não será agora, muito menos na casa dos meus pais.
Hoje é um dos dias que a família se reúne para almoçarmos juntos e falar sobre assuntos aleatórios.
Contenho a vontade de revirar os olhos cada vez que minha prima diz sobre o noivo dela, eles são perfeitos, pelo menos, é o que ela diz. Os dois estão se programando para morarem juntos, já escolheram a casa, falta apenas marcar o casamento.

- Como essa menina é chata. – vovó resmunga ao meu lado.
- Ela é sua neta.
- Eu sei, mas isso não muda o fato que é chata.
- Não fala assim. – respondo rindo alto.
- Falo como bem entender.
- Está sendo maldosa.
- Você não gosta dela, por que está defendendo?
- Eu posso falar mal, já estão acostumados... mas ninguém te ouviu falando assim.
- Terão que acostumar.
- Ficou rebelde?
- Sempre fui, vocês que nunca perceberam.
-  Parou de tomar seus remédios foi? – brinco para deixá-la brava.
- Não fode, menina.
- Mamãe! – minha mãe grita repreendendo a vovó.
-  Culpe sua filha. – responde. – Essa menina que não tem educação.
- Tessa, o que você falou para sua avó?
- Nada de mais.
- Peça desculpas.
- Desculpe vovozinha linda do meu coração. – digo cheia de ironia, ao vê-la rindo debochada.

Ela pode parecer uma velha boazinha, mas não é. O que tem de perversa.

- Então, vai dizer quem é ele? – ela diz de repente.
- O que?
- O cara... e o que ele fez?
- Não tem ninguém.
- Seu celular não para de tocar e você está ignorando, mas não tira os olhos do aparelho. Fora que está suspirando pelos cantos, só pode ser por um homem.
- Diz isso por experiência própria?
- Eu nunca suspirei pelos cantos por um homem, eu fazia eles suspirarem por mim.
- Fez isso com meu avô?
- Claro que sim.
- Mas você o amou já que se casaram.
- Sim, eu amei. Mas fiz ele se apaixonar primeiro.
- Como?
- Você está apaixonada? – ela suspira.
- Talvez.
- Porque não trouxe ele aqui?
- Não temos nada sério.
- E já pensou em conversar com ele, perguntar se poderia se tornar sério.
- Nunca falamos a respeito, mais sei que não vai dar em nada.
- Como tem certeza se não conversaram?
- Louis, não namora... eu já vi ele antes com algumas mulheres onde eu trabalhava, elas sempre são lindas.
- Você é linda.
- São magras.
- Homens podem estar com as magras, mas no fundo sempre estarão pensando no belo filé que deixaram escapar.
- Nenhuma tem o cabelo colorido.
- Tessa, o problema aqui não são as mulheres passadas e sim você. Deixou que sua insegurança tomasse conta, agora tudo o que acontecer fará comparação...o que é completamente ruim.

Pior que ela tinha total razão.

- Não sei como mudar. – digo baixo. – Me sinto uma adolescente bobinha de novo.
- Fale com ele, diga tudo o que lhe da medo. Ai se ele não se importar, meta o pé no rabo dele.
- Vou fazer isso. – respondo sorrindo. – Obrigado pelos conselhos.
- De nada, querida.
- Sabe que é minha vó favorita.
- Ainda bem.

Depois de dar um beijo nela, pego celular e mando uma mensagem pedindo para o Louis me encontrar mais tarde no meu apartamento.


Duas horas mais tarde, saio da casa dos meus pais. Estou nervosa, nunca fui muito de falar sobre meus sentimentos e contar o que estou sentindo não vai ser fácil.
Decido passar na minha loja de doce preferida, nada melhor que um bom chocolate para acalmar os nervos.

Após comprar o que queria saio da loja sorrindo, mas não dura muito, Louis está no café em frente com a mulher da galeria. Os dois estão rindo de algo que ela disse, a mão dela aperta o braço direito dele, num toque carinhoso.
Começo a andar antes que ele me veja, aumento o ritmo para sumir daquele lugar.

Quando chego no meu apartamento envio uma mensagem para ele dizendo que não podemos nos ver, pois ficarei na casa dos meus pais.
Depois de um banho e meu pijama favorito, me jogo na cama com todas as bobeiras que tenho direito e escolho um filme, pronta para começar minha depressão.


UMA SEMANA DEPOIS



Mais um final de semana chegou, não que eu estivesse torcendo por esse dia. Minha cabelereira quase infartou quando apareci para fazer uma nova mudança, ela não gostou mas acabou aceitando.
Não falei com Louis, ele liga, manda mensagens que eu simplesmente ignoro. Conversar com ele só me deixará mal, fora que não consigo apagar da mente ele com aquela mulher.
Melissa também me ligou, expliquei que não quero falar com ele... ela tentou me convencer ao contrário, fui bem clara que no meu momento falo com ele, Mel compreendeu mesmo não gostando muito.

A noite chegou, eu decidir ir numa balada com umas colegas.
Chego ao local marcado, elas já estão bebendo quando me aproximo.

- Hei, meninas. – mando beijo para todas.
- Você está gatona. – Leslie fala.
- Valeu.
- Tequila? – Haley oferece.
- Com certeza. – viro minha dose.
- Vamos aproveitar! – Leslie grita.

Perco a conta de quantas doses já bebi, o gim com tônica faz efeito no meu corpo.
No meio da pista danço no ritmo da musica, me mexo, rebolo, canto, perco-me na batida. Sinto alguém segurar minha cintura, um beijo no meu pescoço.

- Está gostosa pra caralho, Tess. – reconheço a voz do Mike.
- Quanto tempo. – ele era um dos homens que eu saia às vezes, quando o tesão era quase gritante.
- Sentiu minha falta?
- Não. – respondo, e ele morde meu pescoço.

Rebolo contra ele, Mike me aperta mais no seu corpo, sinto sua ereção contra meu bumbum.
Me viro, agarro seu pescoço, arranho a área. Mike fecha os olhos, puxo seus cabelos, quando ele me encara suas pupilas estão dilatadas.
Ele me beija, sua língua invade minha boca. Retribuo, beijo-o mais querendo esquecer o sabor dos beijos do Louis, mas não acontece.
Afasto-me abruptamente, Mike me olha confuso.

- Eu não posso. – digo. – Sinto muito.
- É por isso que anda me evitando? – congelo com aquela voz potente.

Louis agarra meu braço e sai me arrastando.

- Quer me soltar. – peço.
- Porque, Tessa? – ele rosna quando estamos na calçada.
- O que deu em você?
- Em mim? Qual o seu problema?
- Nenhum.
- Porra, vai continuar com isso? Você estava beijando outro cara... estando comigo.
- Com você? – sou sarcástica. – Louis, eu te vi com a mulher da galeria.
- Quando?
- Semana passada.
- Por isso cancelou, ao invés de falar comigo e me deixar explicar agiu como uma criança mimada.
- Louis, eu fiquei com medo...
- Medo do que?
- Você sempre esteve com mulheres lindas e... eu achei que...
- Achou o quê? – grita. – Fala de uma vez!
- Eu tive medo, minha insegurança dominou tudo, e eu deixei.
- Tessa, você entendeu errado... sim, eu sai com a Becca porém nada aconteceu. Ela é só uma amiga, não temos e nunca tivemos nada. Apenas amigos, mas você não quis me perguntar... fez suas próprias teorias. Eu gosto de você, muito... mas agora não adianta nada. Não depois de te ver beijando outro.
- Estraguei tudo não foi? – murmuro contendo o choro.
- Você fez.
- Sinto muito.
- Eu mais. – responde indo embora.

Estraguei tudo.
Poderia ter tido seu amor, mas por não conversar com ele e explicar minhas inseguranças, e ser imatura eu o perdi.




[ Conto] Suas CoresOnde histórias criam vida. Descubra agora