Capítulo NOVE

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1 semana depois...

Desde o dia que deixei Caio plantado ele tem me ignorado, simplesmente finge que não existo na escola,cheguei no dia seguinte ao ocorrido para me desculpar e ele virou o rosto e passou o dia com a Evelyn, não só o dia, mas a semana toda.
Mas pelo menos algo bom aconteceu na semana, eu e Alice nos aproximamos, desabafei com ela sobre o Caio (mas não comentei nada sobre o Miguel) e descobri uma coisa sobre ela nesses dias, seu jeito de valentona,estranha e "gótica" é apenas um pequeno detalhe, como uma armadura, escondendo quem realmente é, sentimental, emotiva,protetora e delicada, já me defendeu muito nesses dias quando a Evelyn vinha gritar comigo, ela sempre entrava na discussão e me protegia, mesmo com pouco tempo de amizade enquanto a Cloe que conheço faz anos, nunca me ajudou em alguma briga e sempre deixava eu me ferrar sozinha.
E além do Caio e da Alice ainda tem "novidades" sobre a mamãe, mas essas não são nada boas mesmo, ela recebeu mais telefonemas do médico e agora está entrando em depressão porque o Flávio disse a ela que o bebê tem mais de 70% de chance de não nascer vivo.Ela não come, não dorme, não conversa, só quer ficar sozinha enquanto ora desesperadamente por um milagre (estou acabada com essa notícia tanto quanto ela, mas sei também que o melhor jeito de lidar com isso não é se fechando pro mundo).
São tantas coisas que minha cabeça parece querer explodir, não mandei nenhum e-mail de volta para o Miguel e nem para a Cloe, não estava afim de conversar com eles, o que é bem estranho já que nunca consegui ficar mais de uns dias sem falar com Miguel e também era grudada na Cloe.A vida tem mudado muito comigo, o que me leva novamente a pensar no Caio, ficar essa semana sendo ignorada por ele foi horrível e ver ele com a "Lyn" foi pior ainda, será que eram apenas amigos mesmo? Ou tinham algo a mais? Aquilo me incomodava...Não queria perder ele...O que? Perder ele? Eu nem o tenho, somos apenas conhecidos...O que deu em mim? Eu estava sentindo algo por ele e tinha que reconhecer isso,mas ele nem se importava mais, agora eu era só uma simples colega de escola.
Passei a tarde pensando e pensando e resolvi falar com ele na escola, chega de ser ignorada.

Manhã seguinte.
Acordei e desci correndo as escadas, me deparei com mamãe sentada na sala, ela estava pálida e chorava sem parar :
-Mãe?
...
-Mamãe, é sério, a senhora precisa de um médico, não está se alimentando e nem dormido direito, além de estar muito pálida e isso pode ser depressão, o que pode fazer muito mal pra você e pro bebê...
-Que bebê? - disse ela me interrompendo - Não tem mais bebê.
Olhei bem nos seus olhos e falei :
- Não, ainda não sabemos, não pode desister de tudo assim mãe...
- Mel, não tem jeito - responde ela me interrompendo de novo.
- ROSE, para com isso, você sempre me ensinou a ser forte acima de tudo e todos, ta na hora de seguir seus próprios conselhos! - disse enquanto saia de casa.
Não consegui ficar lá para ver o que mamãe respondia, sei que ia continuar mal e odiava ver ela assim, eu poderia ficar em casa mas tinha que resolver as coisas com Caio logo.
Esperei o ônibus chegar (já que mamãe não estava em condições de dirigir) e quando entrei no ônibus, Caio estava lá e ao seu lado um lugar vago,me sentei e fiquei esperando ele dizer alguma coisa...
- O que quer que eu diga? Foi você quem me deixou sozinho naquele dia - disse ele virando o rosto pra janela.
- Caio...Não precisava me ignorar assim.
- Ué, achei que nem ligaria, nunca foi realmente legal comigo e...Tem seu namoradinho, não precisa de mim.
- Namoradinho? Quem disse? Como? An? - travei legal ali
- Evelyn...Ela é amiga de uma tal de Lívia que disse que você namora um garoto da escola antiga...Miguel.
Não conseguia acreditar como o mundo é pequeno, Evelyn conhece a Lívia, só podia ser um pesadelo.
- Não somos namorados - respondi depois de uma longa pausa.
- AH, NÃO SÃO É? MAS QUERIA...
- Para de gritar...Não sou surda, não somos nadas, apenas amigos.
- Por que não me disse que namorava? Era mais fácil, não precisa ficar aí mentindo.
- Caio para! Não fica assim comigo.
- Aff Melissa, tchau vai - respondeu num tom grosseiro enquanto se levantava.
Quando se levantou, peguei em sua mão e cochichei :
- Adeus.
Ficamos nos olhando por um tempo, ele sorriu e saiu do ônibus.Desci logo em seguida, já estávamos na escola.

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