Capítulo 3

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— Isso é um saco! — Lope reclama ao meu lado. — Estou me sentindo a própria cinderela. — do nada ela abre um sorriso e começa a cantarolar. — Cinderela, Cinderela, noite e dia Cinderela. Faz a sopa, lava a louça, passa a roupa, pobre moça...

— Lave a casa, espane os móveis, mas como mandam nela! — canto junto com ela, à medida que guardamos as louças na cristaleira, aos risos. — Não param só um momento, mais parece um catavento. E ainda brigam: mais depressa, Cinderela.

— Vejo que as moças estão de bom humor hoje. — olhamos assustadas em direção à voz. Não precisávamos virar para saber quem era — Só espero que a cantoria não atrapalhe o trabalho.

— Dona Gianna, nós apenas...

— Não preciso de suas justificativas, Alice! — diz ao me cortar. Seu olhar, medindo-me de cima a baixo, não passa despercebido por mim — Preciso dar uma palavrinha com você.

— Claro! — olho rapidamente para Penelope e me afasto, seguindo-a. — O que a senhora deseja? — pergunto ao chegarmos no hall.

— Você irá fazer as compras com a Judit.

— Mas não seria a dona Clarissa? — pergunto, não compreendendo.

— Tem razão! Mas a partir de hoje você e a Judit estarão responsáveis por irem ao mercado.

— Tudo bem! — concordo com a cabeça. — Assim que retornarmos, arrumarei os quartos e...

— Não será necessário! — dona Gianna me corta com rispidez. — A Clarissa te substituirá. Assim não ficará sobrecarregada. — força um sorriso. — Estamos entendidas?

— Sim, senhora!

— Ótimo!

— Mãe! — Oliver se aproxima, acompanhado da irmã e de mais um rapaz — Alice! — nossos olhares se encontram, e eu apenas assinto.

— Se os senhores me dão licença, preciso voltar ao trabalho.

— Alice! — desta vez quem me chama é a Ju. — Será que poderia começar pelo meu quarto hoje? Tem muita coisa fora do lugar e eu preciso estudar. — conhecendo-a como conheço, tenho certeza que ela tem algo urgente e bom para me contar.

— Isso não será possível, minha filha! — a matriarca dos Walker responde — A partir de hoje a Clarissa irá arrumar os quartos. Mas não se preocupe, pedirei que ela vá ao seu primeiro.

O pequeno sorriso que ela carregava, morre na mesma hora.

— Ah! — olha da mãe para mim. — Ok, então!

Meus olhos são atraídos para Oliver, que continua me fitando. E quando percebe que minha atenção está sobre ele, oferece-me um sorriso lateral.

— Com licença! — abaixo a cabeça e saio depressa de lá.

— Achei você, querida Alice! Estamos atrasadas. — Judit segura minha mão e nos arrasta para fora, onde meu pai está nos esperando, de cara amarrada.

Não nos falamos desde o episódio de ontem. Estava me sentindo péssima pela forma que agi, entretanto, também estava magoada.

— Espere só um minuto, Robert, esqueci a lista! — a jovem senhora, de cabelo caramelo e estatura média, volta correndo para a mansão.

Aproveito a oportunidade para me encher de coragem. Viro-me para papai e mordo os lábios com força.

— Pai... — ele não se move. — Eu queria me desculpar por ontem à noite. Fui petulante. Perdão! — ele olha para mim por um instante, mas nada fala.

ConsequênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora