Capítulo 11

290 45 48
                                    

Infelizmente, o que estava sendo bom, durou pouco. O domingo chegou, trazendo a realidade à tona. Estávamos fazendo o percurso de volta para casa. Diferente da ida, o silêncio preencheu o carro durante praticamente toda a viagem.

Jully pegou no sono em algum momento. Bruce estava perdido em pensamentos, observando a paisagem noturna. Oliver prestava atenção na estrada, mas fazia questão de segurar minha mão sempre que possível. Quanto a mim...

Não estava preparada para dizer adeus, ou até breve, à Londres. Sem dúvidas, tinha sido o melhor fim de semana da minha vida. Nunca tinha me divertido tanto. A sensação de liberdade, possibilidades e de conhecer o novo, era incrível. Ali eu não era Alice, a empregada da família Walker, mas sim Alice Green, uma pessoa comum com o coração repleto de sonhos e esperança. Uma pena que durou tão pouco.

Fecho os olhos e solto um suspiro longo, recostando a cabeça no encosto do assento.

— Está tudo bem? — sinto a mão de Oliver, que envolve a minha, acariciar o local.

— Sim. — respondo, sem muito ânimo.

O silêncio preenche o carro novamente, sendo abafado apenas pela música suave que toca no rádio. Pouco tempo depois, já estávamos entrando pelos grandes portões de ferro da propriedade.

— Casa! — Jully comenta, espreguiçando-se com um braço e esfregando o olho com o outro.

— Casa... — sussurro com ironia. De soslaio percebo Oliver me olhando, mas o ignoro.

A primeira parada foi para deixar Bruce e Ju na mansão. Nos despedimos com um abraço apertado, antes da minha amiga entrar.

— Vou levar Alice em casa. Se estiver acordado quando voltar, passo no seu quarto. — Olie fala com Bruce, que assente e se despede de mim com um balançar de cabeça.

Seguimos para minha casa em silêncio. Só de pensar em voltar para lá sinto o coração apertar e a angustia crescer no peito. Mal percebo quando o carro para a poucos metros da varanda.

Oliver toca o meu rosto, virando-o devagar.

— Tem certeza que está tudo bem?

— Não! — dou um sorriso forçado. — Mas vai ficar. Sempre fica. — era o que eu esperava.

— Eu odeio te ver assim, com o semblante abatido. Você fica ainda mais linda quando está sorrindo. Feliz.

— Mas eu não estou feliz, no momento. Desculpa! — acaricio sua mão, que continua em meu rosto.

— O que eu posso fazer para mudar isso?

— Apenas fique comigo. Quando estou com você, é como se não existisse esse furacão me rondando, sabe? Eu me sinto leve, feliz. Sinto como seu eu fosse realmente capaz de suportar essa situação.

Oliver me puxa para os seus braços, apoiando o queixo em minha cabeça.

— Mas a realidade é que eu não estou mais suportando essa situação, Oliver! — digo entre soluços. — Nada muda, há anos! Pelo contrário, as coisas só pioram. Minhas forças estão se esgotando, e eu não tenho nenhuma vontade de ir para casa. A minha única motivação para voltar é o fato de não querer deixar a minha mãe enfrentar tudo isso sozinha. Mas está cada vez mais difícil. — fungo alto. — Sinceramente, eu não sei como ainda não desisti.

Olie me afasta um pouco e olha para mim com seriedade, entretanto, quando fala, sua voz está carregada de carinho.

— Você é mais forte do que pensa. E é por isso que não desistiu.

— Não, eu não sou! — nego com a cabeça.

— Alice...

— Olha, — afasto-me um pouco mais. — Acho melhor eu entrar, antes que alguém perceba que já chegamos. A única coisa que eu quero fazer é tomar um banho e dormir. Amanhã começa tudo novamente. — limpo os resquícios de lágrimas do meu rosto.

ConsequênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora