Capítulo 13

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Nossos olhos se encontram.

— Filho? — minha voz sai em um sussurro.

Ele nada diz. Apenas continua me fitando, com o semblante abatido e com o olhar carregado de culpa. Então era mesmo verdade. Oliver será pai.

Sinto um nó se formando na garganta, à medida que o meu estomago começa a embrulhar. Engulo em seco, em uma tentativa frustrante de controlar as lágrimas que já inundavam os meus olhos.

Um jogar de cabelos ao lado de dona Gianna chama minha atenção. Lá está ela, a visitante tão especial, que certamente era a mãe do filho dele. O sorrisinho em seu rosto me faz ferver. Minhas mãos começam a tremer de raiva, e se não fosse a voz da matriarca, teria avançado naquele desgraçado.

— Sua imprestável! — brada com raiva. — Trate de limpar toda essa bagunça!

Travo o maxilar e me inclino para frente, mas um toque suave em meu braço me faz parar.

— Deixa que eu faço isso. — a voz de mamãe é calma e baixa, mas consigo sentir sua preocupação. — Apenas vá!

Lanço um último olhar para Oliver, que continua parado no mesmo lugar, na mesma posição, e saio correndo de lá. Não me importo em pegar a saída mais próxima da sala de jantar: a entrada principal. Mas ao sair pelas grandes portas clássicas, arrependo-me imediatamente.

— Achou mesmo que teria alguma chance? — um sorrisinho diabólico dançava em seu rosto.

Aquelas palavras acertaram o meu rosto como um grande tapa na cara. Eu realmente achava que tinha chances com Oliver Walker? Que idiota!

— Pobre, Alice! Tão tolinha! — meu pai inclina a cabeça para o lado. — Vá! Aproveita que a casa está vazia para chorar livremente.

— ALICE! — escuto Jully me chamar do interior da casa.

Sem pensar muito, volto a correr, ignorando seu pedido para que eu parasse. Em meio a tropeços e lágrimas chego em casa. Não queria estar neste momento, mas não tinha escolha. Para onde iria? Se eu pudesse, sumiria do mapa. Entro em meu quarto, tranco a porta e me lanço na cama. A dor era mil vezes pior do que a que eu senti ontem.

Como eu tinha sido estúpida! Tola!

Tudo o que Oliver queria era dormido comigo, para em seguida me descartar, feito lixo. E eu, uma palerma apaixonada, me entreguei, sem que ele fizesse esforço algum. Todo aquele papinho de casamento, de família e um final feliz era balela! Eu caí feito um patinho.

As lágrimas de tristeza, misturadas às de raiva, molham todo o meu travesseiro, que abafava os meus uivos de dor. Do quarto eu consigo escutar as batidas incansáveis de Jully. Eu não queria falar com ela, mas com o coração cheio dos piores sentimentos, saio da cama e vou até a sala. Abro a porta tão bruscamente que minha amiga quase cai em cima de mim.

— O que quer? Dizer que tinha razão? — minha voz é fria e cortante.

Em resposta à minha rispidez, Jully me abraça. Um abraço tão apertado, que quebra a pequena crosta de gelo que começava a envolver o meu coração. A gota d'água para mim foi ouvir o seu choro doloroso.

— Eu sinto muito, amiga! — então eu desabo em seus braços.

— Por que ele fez isso comigo, Ju? Por quê?

— Jully, poderia nos deixar a sós por gentileza, querida? — erguemos o rosto. Minha mãe estava atrás de nós.

Minha amiga olha para mim, com os olhos vermelhos, buscando minha opinião. Eu assinto de leve.

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