Capítulo 49

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Minha cabeça começa a girar no momento em que as palavras saíram de sua boca.

"... a filha mais velha do senhor Walker."

"... a filha mais velha do senhor Walker."

"... a filha mais velha do senhor..."

— Alice! — sinto os braços de Oliver ao meu redor. Em milésimos de segundo seu rosto preocupado aparece um pouco embaçado em meu campo de visão. — Amor, fala comigo.

Pisco algumas vezes antes de recobrar perfeitamente a visão. Meus olhos vão do seu rosto para as duas figuras pálidas diante de nós. Gianna nos fita com os orbes arregalados. Minha mãe tapa a boca com as mãos, abafando os soluços.

A culpa está nítida em seus olhos, mas eu preciso ouvir de sua boca.

— É verdade? — afasto-me de Oliver, dando um passo em sua direção. — É verdade o que disse?

— Sim. — apesar da voz embargada, ela responde sem excitar.

Recuo um passo.

— Não pode ser! — nego com a cabeça. — O meu pai é, e sempre foi, o Robert. Robert Green, não Charles Walker.

— Garota ingênua! Não percebe que esconderam a verdade de você esse tempo todo?

— Mãe! — Oliver repreende a mãe com um aviso em seu tom de voz. Eu os ignoro.

Continuo balançando a cabeça em negação.

— Eu sinto muito, filha! — ela dá um passo em minha direção. Eu dou mais um para trás.

— Não! Isso não pode ser verdade! — uma risada nervosa sai dos meus lábios. — A minha vida toda eu fui cuidada e amada por ele. Ele me educou, me ensinou e me amou! Ele! Não o senhor Walker!

— Isso tudo é verdade, Alice. Mas o seu pai biológico é o senhor Charles.

— Não! — dou mais uns passos para trás.

— Precisamos conversar!

— NÃO! — meu grito sai doloroso. Oliver e Abigail, que vinham em minha direção, param imediatamente. — Não!

— Por favor! — seus soluços me fazem querer envolve-la em meus braços, mas no momento nada daquilo fazia sentido para mim.

— Eu preciso sair daqui! — dou meia volta e caminho para fora da cozinha.

— Alice! — Oliver segura o meu braço, no momento em que nossos amigos saem preocupados da sala de jantar.

— Não me siga, Oliver! — puxo o meu braço. — Preciso de tempo.

Seu rosto está dolorido por ter que me deixar ir, mas mesmo assim ele assente, dando um passo para trás.

— Mamãe? — escutar a voz chorosa da minha filha parte o meu coração em mil pedacinhos. Entretanto, não tenho estrutura para lidar com tudo isso agora.

Viro em sua direção. Ela está com os braços ao redor do pescoço de Thony. Seus olhos marejados transmitem sua angustia. Os lábios tremem, anunciando que o choro virá muito em breve.

Preciso sair daqui.

Olho mais uma vez para Oliver antes de sair de lá.

— O que fez dessa vez? — a voz raivosa de Jully reverbera atrás de mim.

— Anthony, você poderia levar a Bonnie lá para cima por favor?

— NÃO! — minha filha grita, em meio ao choro. Então aperto o passo. — MAMÃEZINHA! ME LEVE COM VOCÊ, MAMÃE!

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