Capítulo 01

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Essa história era para ser uma one-shot, porém, ela ficou tão grande que eu precisei dividir então virou shortfic! Teremos cinco capítulos ao todo.

Aviso: essa história contém cenas de mortes, sexo, agressão, relatos de abuso físico e mental. A autora aqui não se responsabiliza pelos danos colaterais.

Boa leitura.

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O olhar cheio de vida que ela sempre teve, agora eram apenas órbitas castanhas tristes e sem brilho. Ao fundo, as vozes do grupo eram quase um sussurro. Tudo havia se tornado um completo vazio.

— Raquel... Eles fizeram algo com você?

Silêncio. Ela continuava encarando a parede branca do cômodo sem dizer uma palavra e as lágrimas escorriam pelo rosto sem ela se dar conta. Raquel estava quebrada. Ele havia conseguido destruir seu coração e levá-lo consigo.

— Raquel, precisamos do seu depoimento. — Alberto se abaixou ficando na altura dela e tentou colocar a mão no joelho de Raquel, mas ela rapidamente se esquivou.

Alberto. Ela sentia tanta raiva dele que a vontade que tinha era de estapear seu rosto até ver o sangue escorrer pela boca.

Mas agora não adiantava mais nada.

— Podemos marcar outro dia, vocês não estão vendo o quanto ela está abalada? Joder! — Alícia se pronunciou percebendo o desconforto da amiga.

— Quanto mais demorarmos, mais tempo esses bandidos terão para escapar. — alertou Prieto.

Alheia daquela conversa, Raquel limpou as lágrimas e respirou fundo. O nó na garganta já estava começando a se formar, ela odiava com todas as suas forças aquele assunto. Ela odiava tocar no nome dele e não tê-lo mais por perto.

Ela odiava ter sentimentos por ele.

— Anotem bem minhas palavras porque eu não vou repetir. — se pronunciou, ainda de costas para o grupo, enquanto olhava a paisagem pela janela do apartamento.

— Ótimo, vamos começar. — Disse Prieto, que fez um sinal para que seu assistente começasse a anotar todas as palavras dela. — Quantos sequestradores eram?

— Cinco.

A resposta de Raquel fez os homens se espantarem. Não tinham conhecimento algum daquilo.

— As filmagens mostraram três. — comentou Alberto.

— Que eu saiba, Alberto, quem passou quatro dias naquele inferno fui eu, então somente eu sei o que eu vi. — Raquel respondeu calmamente, se mantendo escorada na janela do apartamento.

O homem se calou e se sentou na cadeira esperando que ela continuasse.

— Certo, cinco. — Prieto limpou a garganta e cortou o clima tenso que prevaleceu. — Poderia listar os nomes deles ou os apelidos?

— Sim. — respondeu de imediato. — Sagasta, Suárez, Gandía, Coronel...

Raquel travou. Seu peito doeu e as lágrimas lhe invadiram novamente. Ela fechou os olhos e impediu que elas saíssem.

— Qual o nome do último, Raquel?

— Salvador Marquina.

Raquel mentiu.

                      • Cinco dias atrás •

Raquel estacionou em frente ao local e no silêncio do carro os pensamentos retornaram para o mesmo lugar. Ela estava tentando criar coragem o suficiente para entrar naquele estabelecimento, mas sempre que saia do carro seus pés travavam. Era uma batalha constante entre seu coração e sua mente, por mais que ela própria já imaginasse a resposta.

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