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No dia seguinte, Miranda caminha em direção ao quarto de Andréa. A mulher bate na porta, mas não obtém resposta. “talvez Andréa já tenha descido” pensa Miranda antes de ouvir um barulho estranho.

A mais velha abre a porta chamando pelo nome da jovem, corre seus olhos pelo quarto e não avista ela. Adentra e segue em direção ao barulho que vem do banheiro. Pelo som que Miranda ouve, ela sabe do que se trata.

Miranda aproxima-se da jovem, segura com delicadeza os cabelos de Andréa, fazendo um rabo de cavalo enquanto movimenta a outra mão em círculos nas costas da garota. Miranda faz seu clássico bico para o lado, sem muito saber o que pensar. Tudo poderia ter sido diferente...

“Só pode ser a idade” pensa a de cabelos brancos ao se dá conta que está compadecida em relação a situação da jovem.
Dizem que as pessoas quando vão envelhecendo vão amolecendo sentimentalmente. Deve ser verdade...

— Desculpa! – A jovem murmura levantando-se.

Os olhos de Andréa estão cheios de lágrimas devido o vômito. Miranda ver os lábios úmidos e inchados da garota, ver o sofrimento estampado no rosto tão lindo e ao mesmo tempo tão perdido. Só agora, Miranda percebe que Andréa está completamente pelada. Andréa também se dá conta desse detalhe ao perceber que Miranda olha para seus seios. A jovem fica com o rosto totalmente vermelho de vergonha. A mais velha pigarreia não entendo tal constrangimento que sente.

— Estou aguardando você no escritório.

Andréa balança a cabeça em concordância, e sem se mover, assiste Miranda saindo do banheiro. Andréa se olha no espelho e lembra o quanto Miranda a acha esquisita. Ela deseja que seus seios sejam menores e que seu corpo tenha menos carnes e curvas. Andréa balança a cabeça em negação, segue para ducha para logo iniciar sua nova rotina que ela não faz ideia de como será.

— Com licença. – Andréa pede adentrando o escritório.

— Sente! – Miranda ordena sem tirar os olhos dos papéis que estão em suas mãos.

A jovem se senta acanhada. É sempre estranho para ela estar na presença de Miranda.

— Você já pensou em relação a gravidez? Se vai seguir adiante ou interromper... – Miranda é direta.

Os olhos de Andréa enchem-se de lágrimas. Ela morde o lábio inferior. Detalhe que não passa despercebido pela Miranda.

— Então? – Insiste a mulher.

A jovem ainda acanhada, mexe freneticamente os dedos das mãos. Ela tem vergonha, ela tem medo do que Miranda possa pensar.

— E-eu, eu sei que isso é errado... – A voz de Andréa embarga. — Mas-mas, eu não tenho condições emocionais e financeiras para ter esse filho. – Agora às lágrimas da garota desce sem cerimônias.

Diferente do que Andréa pensa. Miranda não está julgando-a. A mulher já esperava por essa decisão. É a mais óbvia diante de como a garota engravidou.

— Irei providenciar o procedimento. – A mulher passa a mão no colar, sem saber o que dizer para a garota.

É difícil para Miranda ter que acolher alguém que não seja suas filhas. Ela se sente sem tato para isso.

— Vá tomar café e depois volte, preciso te passar algumas coordenadas antes de ir para a revista.

A jovem levanta-se indo para fora do escritório. Ela segue para grande cozinha sentindo apenas vontade de se trancar em um quarto e nunca mais sair de lá.

— Precisa de alguma coisa? – Ela se assusta com a voz estranha.

—E-eu vim tomar café. – Ela fala sem jeito para a empregada.

Andréa toma apenas um copo de suco e meia panqueca. Ela sabe que se forçasse mais, segundos depois colocaria tudo para fora.

Minutos depois, mais uma vez Andréa estar diante de Miranda. Miranda corre os olhos mais uma vez para a jovem antes de passar algumas tarefas e entregar sua agenda particular.

— Minhas filhas retornam amanhã, mande organizar o quarto delas e trocar o abajur.

— Certo. – Andréa anota concentrada.

Miranda se põe em pé pegando alguns papéis que precisa levar para revista. Andréa levanta-se também esperando alguma outra ordem da mais velha. O silêncio é constrangedor.

Miranda caminha para saída, e mais uma vez Andréa segue os passos da mulher. É tão estranho para Andréa estar ali, naquela posição de: vendo Miranda sair para trabalhar.

Assim que Miranda parte, a jovem fecha a porta e suspira. Olha ao seu redor e se sente mais uma vez tão perdida. Passa a mão em seu ventre e sente raiva, culpa por sentir raiva, angustia e tristeza.

A jovem fez todas as tarefas que Miranda passou a ela e agora sem nada para fazer, segue para o escritório da mulher. Ela não viu Stephen desde o dia anterior e agradece por isso. Ela nunca simpatizou com ele, e parece que ele não gostou muito dela está morando ali.

O tempo passou e a jovem nem viu quando Miranda retornou da revista. Estranhamente Miranda sentiu necessidade de estar em casa mais cedo. A mais velha caminha sem seus sapatos em direção ao escritório. O dia todo naquele salto tão alto sempre lhe deixava com os pés doendo. Miranda abre a porta e segue direto para o barzinho servindo-se do líquido da cor de carvalho e aí sim percebe uma Andréa com a cabeça apoiada na mesa e aparentemente em um sono sereno.

Miranda deixa seus pensamentos viajarem para quando estava grávida das gêmeas, no começo da gravidez ela lembra de sentir muito sono, onde ela parava, acabava cochilando. Ela sorrir.

— Andréa! – Miranda chama ao sentar no sofá de canto.

A jovem levanta a cabeça assustada, procurando a mulher pela sala. Levanta-se da cadeira da chefe rapidamente enquanto pede desculpas.

— Quando você não tiver mais nada para fazer, sinta-se a vontade caso queira, para sair, ou até mesmo ir para seu quarto, caso queira. – Miranda profere movimentando seus pés em círculos.

Andréa balança a cabeça em concordância, aproximando da mulher. Miranda franze o cenho ao assitir Andréa abaixando em sua frente.

— O que está fazendo? – Miranda questiona tensa ao sentir as mãos da jovem em seus pés.

— Meu trabalho. – Andréa profere massageando os pés de Miranda que fecha os olhos sentindo alívio em seus pés.

O silêncio reina no ambiente enquanto Andréa massageia os pés cansados de Miranda. É estranho para a jovem está tocando na mulher, afinal, quando ela trabalhava na Runway, a regra número um era nunca tocar na mulher. E agora ela estava ali, sentindo a maciez dos pés da dama de ferro que já fez tanto mal para ela.

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⏰ Última atualização: Jun 06, 2022 ⏰

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