008

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[!] Menção à bulimia, vou deixar um * quando chegar essa parte, e outro quando acabar [!]

O acampamento de trailers era pouco iluminado na noite, o que o mantinha com um ar de filme de terror. Era como se a qualquer momento alguém fosse surgir da escuridão.

O trailer de Eddie não era pequeno, se parecia inclusive com uma casa térrea, Harley e Chrissy se entreolharam assim que o garoto abriu a porta da residências, ambas esperavam algo a menos.

- Mi casa és su casa!... Ou algo assim. - O Munson sorriu ao abrir passagem para que as garotas entrassem, fechando a porta em seguida. Ele não demonstrou mas sentia-se pressionado pelo modo como elas pareciam analisar sua casa.

- Você mora sozinho? - A loira perguntou parando no meio da sala de estar. As paredes bege claro eram revestidas de bonés de futebol americano, aparatos de pescaria e alguns poucos quadros. Um deles ao qual Harley observava descaradamente: Eddie criança com quem ela deduziu serem seus pais.

- Não. - Deu uma pausa concentrado pensando onde estaria o que Chrissy queria. - Meu tio mora comigo, mas ele fica de plantão na fábrica na maioria dos dias então.... - Não terminou, tanto porque não queria contar mais, quanto porque chegou em seu quarto. - Desculpe pelo atraso meu amor. - Falou para sua guitarra pendurada na parede antes de tocar suas cordas e fingir beijá-la, hábito que adquiriu aos seis anos de idade.

Ao ouvir a última frase do garoto, Henderson virou-se para a ex amiga, fazendo-lhe uma pergunta silenciosa: "Tem mais alguém aqui?". A loira, que coincidentemente olhou para Harley com o mesmo questionamento, deu de ombros, respondendo.

Enquanto as duas aguardavam na sala, o Munson revirava armários de cozinha e até o do banheiro à procura da droga. Por mais que não estivesse as vendo, conseguia sentir o julgamento delas. Que na verdade, não existia.

- Merda... - Eddie murmurou ao ver que não tinha mais da droga no lugar habitual. Chrissy ouvindo, ficou atenta, precisava muito daquilo.

- Não tem? - A loira perguntou, o que chamou a atenção de Harley. O metaleiro ia responder a líder de torcida quando seus olhos se desviaram para a morena no fundo da sala, ainda olhando os quadros. O coração dele errou algumas batidas, ela ia acabar descobrindo...

- Tem.. Tem sim, só... Es- espera um pouquinho. - Falava com Chrissy enquanto encarava a irmã de Dustin. Tinha que tirar ela de lá. - Está aqui, em algum lugar... Ahn, Harley? Quer ajudar não?

Estranhando o jeito como ele a chamou, a garota deu de ombros e o seguiu até seu quarto, deixando Chrissy sozinha na sala.

- Só não abre a última gaveta dali. - Munson apontou para uma cômoda de madeira escura.

- Que nojo Munson. - Harley comentou implicando. Ele sorriu mas logo voltou a procurar. A morena não fazia muita questão em ajudar, o quarto dele era interessante: discos de vinil eram espalhados pelas paredes, uma guitarra linda estava pendurada e contrastando com tudo, havia um ursinho de pelúcia e uma suculenta em um canto.

- Eddie? - A líder de torcida chamou ao ouvir um barulho estranho vindo do quarto. - Harley? Está tudo bem? Estão achando? - Seus pés se moveram poucos passos em direção ao corredor, parando assim que escutou o maldito relógio. Ela não aguentava mais, por dias vinha ouvindo e vendo esse relógio e sentia-se cada vez mais perto da loucura.

- Chri-ssy - Inicialmente fora a voz da Henderson, que se transformou em uma desconhecida. A loira virou para correr e ir embora do trailer, mas subitamente o ambiente tornara-se sua casa, com as janelas e portas trancadas e cobertas com madeira.

-..... Harley? Gente? - Sua voz saiu como um sussurro, um pedido para que eles aparecessem.

- Chriss! - Um sorriso largo apareceu em seu rosto ao escutar o antigo apelido que Harley usava, a garota correu para o cômodo de onde a voz vinha, abriu a porta e viu sua mãe.

* Mãe? - Suas pernas fraquejaram ao ver que a mesma costurava seu vestido, diminuindo e diminuindo suas roupas para que a menina achasse que estava acima do peso.

- Filha! O que é isso? - Sua mãe encarou as mãos da loira, que sem notar segurava uma tigela com cookies, balas, pirulitos.... Doces no geral... Uma tigela de calorias....  - Não está achando que vai comer o que ganhou no Halloween né? Me dê, vou queimar na lareira. - A mão gélida da mãe segurou a sua, assustando Chrissy, que ao olhar novamente para o rosto de sua ente querida, caiu para trás percebendo que era qualquer coisa que falava com ela, menos sua mãe. *

Chrissy correu chamando pelos amigos, pelo pai, pela avó que sempre a protegera das paranoias e surtos da mãe. Sem ter para onde correr, a garota parou, de repente estava na sala de estar de Eddie Munson novamente, mas a casa, igualmente à dela, se encontrava destruída.

- Achei! - No mundo real, Eddie conseguiu a droga. - Essa vai acabar saindo o preço da maconha, mas sem o desconto... - Ele avisou em um tom de voz mais alto, para que a loira escutasse da sala.

Harley, que não havia feito absolutamente nada, acelerou os passos em direção à sala, já estava mais do que tarde e toda essa palhaçada precisava acabar para que ela pudesse dormir no mínimo nove horas seguidas. Porém, ao chegar no fim do corredor, a morena se deparou com a ex amiga imóvel revirando os olhos, como se estivesse possuída....

- O quê...? Chrissy? -  A Henderson segurou nos ombros da garota e balançou, numa tentativa falha de acordá-la. Eddie, que estava logo atrás, estranhou.

- O que aconteceu? - O garoto parou ao lado de Harley, sem saber o que fazer. A garota olhou nos olhos dele desesperada, mostrando que também não fazia ideia.

Quando iam voltar a atenção para a loira, perceberam que ela agora estava levitando lentamente. Harley se esforçou para manter a loira no chão, mas, Eddie percebeu que se a morena tentasse impedir qualquer coisa, poderia acabar se machucando, então ele a puxou pela cintura, parando os dois a menos de dois metros de distância da líder de torcida.

Com uma violência extrema, o corpo da Chrissy foi jogado contra o teto, a dupla pôde ouvir os estralos da coluna da mesma.

- Davidson.... - Eddie foi indo para perto da porta devagar, puxando Harley que não conseguia se mover direito. O deixando até com medo de que ela fosse acabar igual Chrissy.

- QUE PORRA É ESSA? - Harley gritou chamando a atenção do garoto, que já olhava para a porta esperançoso.

Os ossos de Chrissy estavam sendo quebrados um por um, em partes. Os olhos da garota sangravam e sua mandíbula havia sido deslocada completamente. A dupla estremeceu de medo sem saber o que fazer, ficaram parados, assistindo a morte da colega.

O baque do corpo da líder de torcida contra o chão fez com que eles acordassem.

- Corre! Vem! - O Munson puxou Harley pela manga da camisa e correu para fora do trailer.

- O que.. O que a gente faz?? - Harley deixou ser levada, assustada e chocada pela morte da ex amiga.

- Só, entra no carro.


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T̶h̶u̶n̶d̶e̶r̶s̶t̶r̶u̶c̶k̶ // Eddie MunsonOnde histórias criam vida. Descubra agora