016

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Por mais que estivessem no meio de julho, o dia estava frio. O vento levemente gélido adentrava o galpão por entre as grandes tábuas de madeira, fazendo a dupla desejar que tivessem trazido casacos.

Eddie sentava no barquinho ponderando sobre entregar sua jaqueta para a morena que se encontrava a poucos metros à frente, no sofá. Harley mal percebia o olhar fixo nela, estava ocupada demais tagarelando sobre teorias do tal do "Vecna", que aumentaram após Nancy ter contado o que acontecera na estrada.

Claro que o Munson estava tão interessado quanto, afinal era sobre um dos vilões de seu D&D de que estavam falando, mas, será que Davidson sabe que o canto esquerdo de sua boca se contrai em um quase sorriso toda vez que ela se empolga ao falar?

- Eddie? Esquisito? Ei? 'Tá me ouvindo? - Harley balançava as mãos freneticamente.

- 'Tô Davidson...Que carência... - Revirou os olhos. "Esquisito" não soava tão ruim vindo dela.

- Depois não venha reclamar que foi levado para a morte pelas criaturas lá do Mundo Invertido do Vecna! Ou algo assim... - Ela deu de ombros e se levantou, cansada de ficar sentada no maldito sofá todos os dias.

- Não vou ser morto por nada daquele lugar. - Sorriu fingindo um convencimento. Harley odiava esse sorriso, ou achava que era ódio.

- Acha que se formos ao seu trailer de novo podemos achar alguma pista? - A Henderson apoiava o pé direito na borda do barco, e seus braços, no joelho erguido, se inclinando na direção do garoto. Munson se perguntou se jovens de dezenove anos podem enfartar.

- Nós não vamos voltar para lá. - Afirmou sério, não queria ser pego pela polícia. Ao ver a expressão de Harley de "você não me impede de nada", ele reformulou a frase. - O Brilhantina pode ir.

A garota estava prestes a questionar mais uma vez o apelido, e insistir para que fossem todos até o trailer, quando uma buzina a interrompeu. Os dois entreolharam-se dividindo o mesmo pensamento: o carro está perto demais. Não está na estrada.

Com o mínimo de barulho possível, Eddie saiu do barco e se esgueirou para perto de uma das janelas, levantando o canto do lençol que cobria os vidros. Sentiu como se fosse entrar em pânico, se já não tivesse entrado, ao ver quem era.

- Puta merda é o Jason. - Declarou virando-se para Harley, que estava de pé ao seu lado, praticamente colada nele, tentando ver o maldito carro. Eddie levou um susto com a proximidade, mas reconheceu que no momento eles tinham problemas maiores.

- Sai daí antes que eles te vejam! - A morena sussurrou se afastando e agachando para que não a vissem. O garoto seguiu os passos dela, parando ao seu lado.

- OOOII!! - Definitivamente era o Jason. - Tem alguém em casa??! - Um estrondo de alguém, ou algo, batendo nos portões era similar à filmes de terror.

Subitamente uma ideia insana passou pela cabeça da garota, talvez, se ela voltasse a vida normal, poderia provar que Eddie ao menos não a sequestrou. Seria um peso a menos nas costas dele.

- Eu atendo? - Harley sugeriu e Eddie a encarou como se ela fosse completamente louca. - Eles vão saber que não fui sequestrada. - Justificou.

- Ótimo! E o que caralhos você vai estar fazendo no galpão do meu tio Harley? - O Munson sussurrou em um tom um pouco mais alto.

- Eu sei que estão aiii! - Patrick gritou.

- Boa pergunta. - Harley ignorou a ameaça vinda de fora.

- Ei! Satanista! Você tem um minuto para devolver a nossa Harley! - Gritaram enquanto batiam na janela mais próxima da dupla.

A garota fechou os olhos por um segundo, se arrependendo do "apelido" como se ela mesma o tivesse proferido, sabia que aquilo iria navegar pela mente do Munson mais do que deveria. Já Eddie, não conseguiu esconder a feição de curiosidade com a parte do "nossa Harley".

T̶h̶u̶n̶d̶e̶r̶s̶t̶r̶u̶c̶k̶ // Eddie MunsonOnde histórias criam vida. Descubra agora