017

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A noite começava a surgir, com exceção dos animais, as respirações descompassadas da dupla e seus passos lentos eram as únicas coisas possíveis de se escutar na floresta. Nada de Jason ou Powell, apenas os fugitivos e a natureza.

Saíram do lago graças a uma escadinha improvisada com os joelhos do garoto, concordaram em ignorar todos os momentos embaraçosos que ocorreram durante as quinze tentativas de Harley voltar para a terra firme: mãos em lugares inóspitos em meio a tentativas falhas de evitar quase afogamentos etc

Caminhavam lado a lado, ambos se recuperando do choque de adrenalina enquanto voltavam para o galpão. As mãos, os braços, os lábios, tudo tremia com o frio após saírem das águas gélidas.

- Não é a porra das férias de verão? Eu vou congelar! - Harley fingiu indignidade, estavam quietos a um bom tempo, incomodando-a.

- Teoricamente é sim a "porra das férias de verão". - Eddie sorriu com a tentativa de puxar assunto, mas não durou muito, imaginando que deveria ter apressado os passos. Se sentiu culpado por não ter notado os lábios roxos da garota antes, pois se esforçava ao máximo para não olhar para ela e sua camiseta colada ao corpo.

- O que vamos fazer? - Perguntou após perceber a mudança de expressão do mais alto. Será que ele sabe que suas sobrancelhas se curvam levemente quando fica preocupado com algo?

- Bom, podemos invadir a casa do meu tio, hoje ele trabalha até tarde. - Ele mesmo não sabia se gostava muito da ideia.

- Banho? - Olhou esperançosa para o garoto. Ele assentiu. - Banho quente? - Ele assentiu sorrindo, agora tão empolgado quanto ela. Ela sorriu, e ele se perguntou se ela sabe que seus olhos quase se fecham quando ela faz isso. - Mas... Tem certeza? Acha que ele nos ajudaria se nos visse?

- Ele vai estar trabalhando. - Munson ficou sério, seu humor decaindo ao se lembrar do tio.

- De qualquer jeito, você acha que... - Harley não pôde continuar, foi interrompida por um Eddie consumido por lembranças do passado.

- Não. Não acho. - Falou asperamente, logo se arrependendo. Afinal, Harley não tem relação com os problemas dele com o tio. Sentiu- se culpado, e respirou fundo encarando o lado oposto ao da garota.

- Desculpa. - Ela murmurou baixo, foi como se esmagasse o coração de Eddie. Ele parou de andar, se colocando na frente da garota.

- Eu que peço desculpas, eu... Não gosto de falar muito dele. - Olhou nos olhos dela enquanto segurava seus ombros com cuidado. - Acho que ele nunca nos ajudaria. - Tentou forçar um sorriso para não parecer abalado. Harley percebeu mas preferiu calar-se.

A casa era semelhante à uma cabana de praia, sendo em maior parte de madeira em tons de azul, os detalhes em branco envelhecido, certamente não parece pertencer ao nicho de cabanas que beiram lagos. Mas Harley não questionou, era como ser levada ao Caribe se levasse em consideração a atual situação da dupla.

- Esse desgraçado.... - Eddie murmurava amaldiçoando o tio por aparentemente ter mudado o esconderijo da chave reserva da casa. Antes, ficava embaixo do tapete, agora nem Deus sabe. Miserável. Filho da - Harley o interrompeu.

- Janela? E se entrarmos pela janela? - Não aguentava mais olhar para o moreno se revoltando.

- Ah. Boa ideia. - Sorriu sem jeito.

A Henderson o seguiu até a parte de trás da cabana enquanto ele explicava que iriam entrar pela janela de seu quarto, que ele sempre deixava aberta para conveniências. Ele deu um murro no canto direito da janela e a abriu, ele entrou primeiro para se caso o quarto estivesse bagunçado.

T̶h̶u̶n̶d̶e̶r̶s̶t̶r̶u̶c̶k̶ // Eddie MunsonOnde histórias criam vida. Descubra agora