La Mafia Torres del Amor

06.

Callie estava há mais ou menos uma hora sentada na sala esperando Arizona ficar pronta. Isso porque a loira estava brava e cansada, brava por ter se casado no papel com Torres aquela manhã, e cansada por ter ido fazer compras com Nancy logo depois. Então, de propósito, a loira estava demorando.

- Ninguém me disse que ter uma mulher era tão difícil. - a morena resmungou baixo e mexeu o pescoço em movimentos círculares.

A dor no pescoço da morena é resultado da noite mal dormida no sofá, mas ela achou melhor assim, Arizona não estava muito amigável a noite passada. Por falar na loira, ela vinha andando agora do corredor com um short jeans e uma blusa soltinha rosa claro, seu cabelo preso num coque frouxo, óculos escuros e nos pés chinelo branco. Callie riu, com certeza Nancy sofreu nas compras com essa mulher.

- Vamos? - Torres perguntou a loira que assentiu. Chamou o seu elevador privativo e viu a expressão triste da loira. - O que houve? - perguntou mas ao notar o respirar pesado da loira se retraiu. - Tudo bem.

Arizona tirou os óculos e encarou a latina.

- Meu pai ligou, pediu desculpas, nós discutimos e... - Torres a cortou.

- E você ficou mal? - Arizona negou.

- Ouvir minha mãe chorar que me deixou mal, ela tem a parcela de culpa dela, mas a ver sofrer é terrível. - Arizona disse e limpou a lágrima única que iria cair.

A morena ali presente olhou para um lado e para o outro, colocou a mão no bolso do short e olhou para a loira.

- Eu deveria te abraçar, né? - perguntou sem jeito e Arizona riu.

- Definitivamente não. Sabe - olhou para a morena. - Você é basicamente o motivo disso tudo, você está por trás disso, definitivamente não preciso da sua comoção ou pena.

Torres a olhou confusa, respirou fundo e apertou o botão que parava o elevador.

- Como assim eu sou motivo disso tudo? - perguntou brava.

Arizona revirou os olhos.

- Não se faz de maluca, Torres. - disse debochada - aperta esse botão de novo.

Tentou apertar mas a morena segurou seu braço.

- Não vamos sair daqui. - disse firme e Arizona puxou seu braço de volta e colocou seus óculos. Torres respirou fundo. - Desde sempre os casamentos da minha família foram arranjados, meus pais, meu primo mark, meus tios, meus outros primos, meus falecidos avós,  bisavós, todos, como de repente pode ser minha culpa? - perguntou nervosa e irritada.

Arizona riu debochada.

- Nenhum deles foi a droga de uma aposta. - disse com aspereza e um tom alto de mágoa na voz.

- Mas do que diabos você tá falando? - Torrer perguntou confusa.

- Por que parece que você não faz ideia do que estou falando? - Arizona questionou a morena tirando seu óculos.

Torres riu exausta e sentou no chão do elevador.

- Porque eu não faço ideia, Arizona.

A loira então respirou fundo bem devagar e suave, arrumou seu coque e sentou ao lado da morena.

- Tudo bem... - se deu por vencida e começou a contar a verdadeira história do que aconteceu. -... e é isso, não tinha um papel que me obrigava estar aqui, não tinha nada, mas era a vida do meu pai, do Daniel.- Se corrigiu, não o considerava mas seu pai. - ele foi um babaca comigo, mas eu não o queria morto. E sei que seu pai faria isso. - Callie desviou o olhar da loira. - ou mandaria alguém fazer, eu sei. - Torres riu sem graça.

- Arizona, quando eu tinha dezoito anos, eu namorava, por ser intersexual eu tive dificuldase em ter minha primeira namorada, e quando estava tudo bem entre nós, meu pai chegou em casa e me mandou desmanchar o relacionamento pois eu estava noiva da herdeira Robbins, ela quem tinha sido escolhida para mim, no caso você. 

- Você não pensou em dizer não? - Arizona perguntou compreensiva.

A morena riu triste.

- E quem em todo México contraria as vontade do grande Carlos Torres? - Robbins olhou para baixo.

- Você tem problemas com ele, não é?

A morena pareceu incomodada, mas encarou os azuis e se deu por vencida.

- Muitos. - riu. - Digamos que não sou a herdeira perfeita.

- E você realmente quer ser a Rainha da Máfia do México?

Callie levantou e ficou de frente para a porta.

- Isso não é algo que a gente escolhe. - disse ríspida e apertou o botão.

- Nós sempre temos escolha. - Arizona disse alto para a morena.

Callie riu.

- Se isso fosse verdade você não estaria aqui. Pois sua escolha seria ficar em Seatlle. - disse e as portas do elevador foram abertas, a morena andou mais rápido e entrou no carro.

Arizona não se dava por vencida fácil, correu e entrou no carro também.

- Eu escolhi estar aqui. - a loira disse e Callie ligando o carro riu.

- Isso é o que você acha, senhora Torres. - piscou.

- Eu detesto o fato de ter aberto mão do meu sobrenome. - Arizona disse e viu que Callie nem prestou atenção. - Desculpa, Torres.

A morena a olhou.

- Pelo quê? - a questionou confusa.

- Por ter te culpado. - disse sincera.

A morena riu.

- Relaxa, princesinha de Seatlle, sou acostumada a levar culpas que não me pertencem. 

A morena disse rindo mas com pesar nas palavras e Arizona se sentiu mal.

O caminho até a casa de Mark e Lexie seguiu em completo silêncio.