1 | "Pedelian.parte 1"

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— Senhorita, por favor. Nos deixe entrar. — A voz do outro lado da porta proferiu em prantos.

— Nós podemos ajudá-la senhorita Sylvia.

— JÁ DISSE PARA NÃO ME CHAMAR ASSIM. — As mãos da garota foram ao encontro do topo de sua cabeça onde puxou os fios da franja na tentativa de sentir outra dor que não fosse a de sua maltida cabeça latejando. Ela havia chorado a noite inteira, de novo. — Cale a boca, cale a boca, cale a boca...

— Senhorita por favor. Nós imploramos. — As empregadas proferiram em meio ao pranto enquanto se continham para não bater na porta. Era pior ainda se ousassem tocar na maldita madeira da porta a frente, era como jogar sal na ferida da garota que gritava para que todos se calassem. — Já está aí a dias...

Outro som foi ouvido do outro lado da porta, dessa vez a garota arremessara um vaso prateado sobre a porta de madeira. Ele se tornou meros pedaços e ainda assim a porta não se moveu. Ela queria que calassem a boca, todos os malditos demônios que estavam rondando a porta a sua procura. Todas as malditas escórias que a assombravam.

Aquele não era seu nome. Aquele não era seu rosto. Aquela não era sua voz.

Nada daquilo era seu.

O castelo, os empregados, o nome e sobrenome, nada era seu.

Aquilo era apenas engano. Sim, era um mal entendido. Ou um sonho, isso, um sonho. Ou melhor, um pesadelo. Um horrível e tenebroso pesadelo.

Logo acabaria.

— Sylvia. — Ela não respondeu. — Sou eu, Cassis.

Ela permaneceu em silêncio.

Por que?

Por que ela não abria a maldita porta?

Sylvia Pedelian era no fim das contas a mulher mais importante de sua vida, por mais que ele ainda a considerasse uma princesa de contos de fada. Ela era a irmã que sempre corria para seus braços quando havia um problema e ele era o irmão que sempre estava pronto para recebê-la em seus braços, afagar seu cabelo e falar que tudo ficaria bem.

Se havia um problema ele podia resolver.

— Saia.

— Alguém te fez algo? — Ele questionou preocupado.

— EU DISSE PRA SAIR. VOCÊ É SURDO POR ACASO? — Aquilo havia doido. No fundo de sua alma.

Se não fosse a voz, desconfiaria que aquela não era sua irmã. Não podia ser. Não com tanta agressividade e repulsa. Ela sequer estava agindo como se fossem irmãos.

— Está ferida?

— Cala a boca. — A voz do outro lado proferiu. — Cala... a boca.

— Sylvia, estou começando a ficar preocupado. — Ele confessou sentindo um nó se formando em sua garganta. Aquela não podia ser sua irmã. — Abra a porta, vamos conversar direito.

— Vá pro inferno. — Ela cobriu a cabeça com as mãos, sentindo cada parte do seu ser odiando o homem que estava atrás da maldita porta.

Ela podia sentir cada parte de seu corpo latejando, todavia na cabeça era pior. Fazia com que se sentisse a beira de um precipício. Um precipício que ela queria pular, para que a dor acabasse logo.

— Sylvia...

— Se você falar esse nome de novo... EU MATO VOCÊ. — A mais nova surtou, levando as mãos em direção ao próprio corpo, ela se abraçou, cravando as unhas da própria carne por não ter mais nada por perto que pudesse ser destruído. — CALA A BOCA.

Flor do inferno ━ The way to protect the female lead's older brotherOnde histórias criam vida. Descubra agora