Notting Hill - Camren

1- Notting Hill

Lauren Jauregui Pov.

Claro que vi seus filmes e sempre a achei... digamos... fabulosa. Mas você sabe, a milhões de milhas do meu mundo... que é aqui, em Notting Hill.

Meu bairro favorito de Londres. Há feira de frutas e vegetais todos os dias. Do salão de tatuagem, sai um bêbado sem saber por que escolheu "Amo Ken". Os cabeleireiros radicais, que transformam todos em monstros... queiram ou não. De repente, é o fim de semana e surgem centenas de barracas pela rua Portobello até Notting Hill Gate. E há milhares de pessoas comprando antiguidades, algumas autênticas, outras não tanto.

Tenho muitos amigos nesta parte de Londres. Tony, por exemplo, um arquiteto que virou mestre-cuca... e que recentemente investiu todo seu dinheiro em um restaurante. Aqui é onde passo meus dias e anos. Nesta aldeiazinha no meio da cidade. Na casa de porta azul... comprada antes da minha ex mulher fugir com um homem que era a cara do Harrison Ford. Onde vivo uma "meia-vida" com uma inquilina chamada...

— Dinah! - grito assim que abro a porta e vejo a bicicleta jogada no corredor de entrada da sala. Ergo a bicicleta e caminho até ver a loira apenas de calcinha e sutiã surgir na porta ao lado.

— Oi - a encarei - você me ajuda numa decisão importantíssima?

— É importante como a dívida do terceiro mundo?

Fui até a pia e comecei a retirar os pratos sujos que tinham ali e ajeitar.

— É. Finalmente vou sair com a bela Janine e quero escolher a blusa certa.

— Quais são as opções?

— Espere.

Coloquei dois pães dentro da torradeira e limpei as mãos nas laterais de minha calça, caminhei até a porta e parei encarando a escada a qual a loira vinha descendo e vestindo uma blusa, que devo dizer, era horrível, na frente estava escrito "adoro sangue".

— Tenho essa - falou chegando ao último degrau da escada e encarou a blusa - legal, não é?

— É... - semicerrei os olhos e coloquei as duas mãos na minha cintura - pode tornar difícil criar um clima romântico - levei a mão até a boca e encostei as pontas dos dedos em meus lábios.

— Não se desespere - ela disse já retornando e subindo a escada - Tenho algo perfeito para romance.

Fui até a geladeira e peguei o pote de manteiga, voltei para o lugar de antes e ela descia com outra blusa branca com os dizeres "pegue aqui" e uma seta apontando pra baixo.

— Ela pode achar que não quer amor de verdade - apontei o indicador para as letras em sua blusa branca, que inclusive estava bastante pequena em seu corpo, era dela mesmo?

— Tem razão - ela concordou - só resta mais uma.

Ela subiu a escada e eu fui até o armário e retirei o pote de geleia, ouvi ela descendo e me chamando, me virei e fui até a escada novamente.

— Isso sim é amor de verdade.

Ela disse vestindo outra blusa branca com os dizeres "és a mulher mais linda do mundo" e uns corações com flechas espalhados. Fiquei com as pontas dos dedos na boca como se avaliasse toda situação.

— Sim, essa... é perfeita.

— Genial, obrigada - ergueu os dois polegares e abriu um sorriso enorme - deseje-me boa sorte.