Besteira é eufemismo

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Sua música favorita começava a causar um alvoroço negativo na mente de Marco, a qual parecia que explodiria a cada nota que tocava. Sua cabeça doía como o inferno e parecia que tinha um pica-pau maluco bicando seu cérebro. 

Seus olhos se esforçaram para se abrir e sua mão passeou pela cama até encontrar seu celular, trazendo-o para a frente de seu rosto e vendo que era uma ligação de Tatch. 

Não se demorou para atender a chamada e, enfim, encerrar aquela música repetitiva e viciante que naquele momento parecia criar um desgosto incontrolável dentro de si. 

— Alô? — falou em um tom sonolento, bocejando alto e deixou seu corpo se esticar no colchão macio, mais macio do que se lembrava que era. 

— Marco, onde caralhos você está? Estou te ligando faz horas, quase liguei para a polícia para avisar do seu desaparecimento — reclamou Tatch em um tom sério do outro lado da linha, o leve toque de desespero ficando evidente ali.

— Onde eu estou? No meu quarto... — Marco esfregou as pálpebras e olhou ao redor, notando que não estava em seu quarto, estava muito bagunçado para o ser e a cama era grande demais, além do enorme espelho que ficava bem em sua frente. — Não sei onde estou... 

— Como assim não sabe? O que diabos você fez ontem a noite depois que sumiu? 

— Céus, Tatch, eu não sei... Minha cabeça parece que vai explodir e eu não sumi, foram vocês que não estavam no mesmo lugar quando eu voltei do banheiro — pontuou e tornou a esfregar sua mão esquerda no rosto, sentindo algo metálico raspar contra sua pele e estranhou o toque frio. 

Marco estendeu sua mão e encarou seus dedos, piscando algumas vezes para ter certeza do que estava vendo em seu anelar. A voz de Tatch apenas ecoava ao longe, sua mente estava focada naquela presença inusitada.

Aquilo era uma aliança de casamento? 

— Tatch... O que... Eu fiz ontem? 

— Eu que te pergunto, Marco, você ficou doido de vez? O que aconteceu? 

Marco afastou o aparelho de seu ouvido e ligou o viva-voz, deixando-o sobre o colchão para ter suas duas mãos livres, seus dedos da mão direita tocando na aliança dourada e brilhante. 

— Tatch... Quando você se casou com o Izo... De que lado você colocou a aliança? 

— Casamento é na mão esquerda e namoro na direita, Marco... Por que a pergunta do nada? 

— Tatch... Eu acho que eu me casei com alguém? 

— Como assim você acha que casou com alguém? Marco, você está tirando uma com a minha cara por acaso? 

— Não... Tem uma aliança de casamento no meu dedo... — Marco retirou o anel e o observou com atenção, vendo que havia um nome gravado em uma caligrafia bonita e o dia de hoje ao lado. — Aparentemente me casei com alguém chamado Ace. 

Um silêncio se seguiu depois daquele comentário, a respiração de Tatch ficou mais audível e deixou aparente sua surpresa com aquilo. 

— Você ficou tão louco ontem que se casou com um total desconhecido? Quem é você e o que fez com o meu irmão certinho e careta? Foi abduzido? 

— Eu não sei, eu não lembro de nada depois que me separei de vocês ontem... Acho que eu vou morrer. 

— Ah, mas não vai morrer nem fodendo, se você morrer sem descobrir e me contar o que caralhos aconteceu eu vou pessoalmente puxar seu pé no inferno. 

— Como eu vou descobrir algo? Eu estou sozinho em um lugar desconhecido... — Marco olhou ao redor, procurando qualquer coisa que lhe servisse de dica para saber onde estava. 

Se beber, não case!Onde histórias criam vida. Descubra agora