extra - famílias e manias

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Ver no que dá. Foi o que os dois decidiram em vez do divórcio e foi uma loucura gostosa realizar tal façanha. Haviam recomeçado o relacionamento, apesar de burocraticamente já serem casados. 
Primeiro, saíram em encontros breves, shoppings, parques, restaurantes, praças, baladas e bares, qualquer lugar em que pudessem se mostrar um pouco mais para o outro e criar vínculos mais fortes e intensos. 

Marco aprendeu a apreciar verdadeiramente a presença constante e avassaladora de Ace, não que fosse algo difícil de aprender, já que o menor era sociável e envolvente, não tinha como escapar de seus encantos. 

Descobriu tantas coisas e tinha outras tantas ainda para descobrir sobre ele, cada vez que se encontravam sentia vontade de se encontrar mais e mais vezes, desvendar todos os mistérios e universos contidos naquelas orbes, reconhecer cada pequena estrela do rosto e do corpo do outro. 

Paixão. Simples. Inescapável. Sem qualquer chance de fuga ou retorno. Depois de passar alguns bons dias ao lado daquele rapaz foi que Marco descobriu como e porquê se casara com o outro em tão pouco tempo. Quem não o faria se tivesse a chance? 

Ace era carinhoso, divertido, sexy, respeitoso, educado e de um encanto tão forte que não deixava espaços para repensar ou mudar de ideia.

Agora estavam na fase de apresentar a família um para o outro, não que já não conhecessem pelo que contavam ou durante ligações em que seus irmãos se intrometiam para soltar algum podre sobre os enamorados. 

— Sabia que uma vez o Marco comeu terra no parquinho? 'Tava com tanta fome, coitadinho — disse Tatch enquanto colocava as vasilhas de comida sobre a mesa comprida. 

— Mesmo? Mas ele tinha quantos anos? — perguntou Ace dando uma risada e apoiando sobre a madeira, seu corpo se inclinou em curiosidade. 

— Tinha uns 13 acho, ele enfiou a cara com tudo na terra. 

— Eu, Tatch? Não foi você que pulou nas minhas costas e me derrubou, né? Essa parte você não conta, manipulador de informações — reclamou Marco apontando o garfo para o irmão, balançando em repúdio. 

— Coitado, Tatch, vocês faziam bullying com o Marco? 

— Bullying? O que eles faziam não tinha nem nome na época. 

— Expondo a idade assim de graça, velhote — zombou Tatch rindo alto. — Que culpa a gente tinha se éramos arteiros e o Marco era um molenga com uma aura de "por favor, encham meu saco"? E nem era bullying, a gente só zuava ele de vez em quando. 

— Velhote é esse seu topete ridículo e bullying é exatamente isso. 

— Nossa, que ofensivo, vou chorar no banho. — Tatch fez uma falsa expressão de choro e terminou de ajeitar a mesa. — Pronto, podemos chamar a manada 'pra comer. 

— Cínico... — respondeu Marco se adiantando em servir o almoço para si e Ace. — Vou colocar para a gente antes que venha o engarrafamento. 

Ace riu da conversa dos dois mais velhos e passou seus braços pelo de Marco, deixando um beijo suave em sua bochecha, o que quase o fez soltar o talher pelo ato súbito e seu rosto ficou avermelhado pelas demonstrações de carinho tão repentinas, mas bem-vindas do menor. 

— Sua amiga ruiva tinha razão... O casal mais apaixonado que já vi — comentou Tatch seguindo para a porta da cozinha e gritando que o almoço estava pronto. 

De repente os sons de passos eram mais altos e intensos que tudo e logo haviam mais pessoas na cozinha do que o ambiente podia suportar, mas ninguém parecia se importar com esse detalhe. 

Eram mãos para lá, colheres para o outro lado, sal passando de um para o outro, copos passeando pela mesa, vozes tagarelando e, claro, zuando o loiro da família. 

Se beber, não case!Onde histórias criam vida. Descubra agora