Quando se mudou para Nova York em busca de uma nova vida, Freya Wright deixou todo o seu passado para trás. Os erros cometidos, as feridas causadas por um relacionamento abusivo, as lembranças de um casamento falido e seu nome de batismo faziam part...
I'm headed straight for the castle They wanna make me their queen
Castle – Halsey
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Deixei a pasta pesada cair sobre a mesa de madeira com um barulho firme. Levantei meus olhos para encontrar o olhar acanhado de Eve. Eu provavelmente era a única pessoa que já a viu dar esse olhar e sobreviveu para contar a história. Para todos os outros, ela era uma dominadora cruel e inalcançável, mas para mim, ela era apenas a minha melhor amiga.
— Você está gastando demais. Precisa começar a economizar.
Ela suspirou e veio na minha direção. Abriu um sorriso doce que raramente via a luz do dia e enfiou uma mecha grossa de seu cabelo loiro atrás da orelha. Eve caminhava como uma cobra: elegante, perigosa e sempre pronta para dar o bote. Enfiada dentro de seu terninho azul-escuro e se equilibrando em seus saltos, ela se parecia com a personificação de uma mulher de negócios poderosa.
— Sei que passei um pouco do nosso orçamento, mas prometo que tenho uma carta na manga que vai equilibrar as coisas de novo.
Respirei fundo e cruzei os braços. Meu instinto pessimista me dizia ser impossível e que ela acabaria tendo de apelar para o dinheiro de seus pais, entretanto, ela um gênio natural dos negócios. Jamais havia posto os pés em uma faculdade apenas para contrariar seus pais, mas ainda podia colocar muitas estrelas da Wall Street de quatro e chorando se quisesse.
Na verdade, era exatamente isso o que ela fazia na maior parte dos finais de semana. Apenas em outro contexto.
— E o que seria essa carta na manga?
Ela jogou o cabelo para trás e bebericou algo que eu esperava que fosse suco em um copo de Martíni. Havíamos crescido entre bebidas e remédios, alguns ilegais, e eu não queria que ela se tornasse uma alcoólatra ou viciada como nossas mães.
— Estou trabalhado em uma coisa. Algo diferente para o clube. Quero dizer, todos os outros têm dançarinas sensuais, quartos de sexo, jaulas e até mesmo os shows de sexo ao vivo se tornaram uma coisa normal. Quero fazer alguma coisa diferente, mas nada muito pesado. Vamos deixar o sexo para os calabouços e os quartos privados. Então contratei uma garota exclusiva para cantar e dançar para os dominadores.
Eve agitou sua mão como se isso não fosse nada demais. Os números que ela tinha acabado de mostrar me diziam o contrário. Não era uma ideia ruim, mas eu não podia prever exatamente como aquilo iria nos afetar futuramente. Eu queria simplesmente deixar aquela decisão em suas mãos, mas como o sócio com a maior parte daquele clube, era a minha responsabilidade garantir que ela não fizesse besteira.
— Você me parece um pouco incrédulo — ela reprovou. — Para a sua sorte, eles estão ensaiando lá embaixo nesse exato momento. Venha dar a sua opinião.
Puxei a manga do meu casaco para ver as horas. Eu tinha de voltar para o meu apartamento e começar a trabalhar nos planos de aula se quisesse me manter dentro da minha programação.
