Capítulo I

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–Isso está uma delícia! Não sabia que coisas gostosas assim poderiam ser preparadas no meio da floresta. - Julius se deliciava com o ensopado simples feito pela garota.

–Se você souber aproveitar tudo o que a floresta têm a oferecer pode fazer milagres, vivi muito tempo por essas bandas treinando a minha magia então aprendi a sobreviver com o que me foi ensinado. - Ela colocou sua vasilha na terra enquanto terminava de engolir a última colherada.

–Hey o que acha de entrar pros cavaleiros mágicos? Você tem uma magia incrível e seria uma ótima oportunidade para desenvolver suas habilidades.

S/n refletiu por alguns minutos, o que mais lhe restava? Estava longe da sua terra natal e sua família jazia nos domínios da morte, se tudo desse errado era só desertar e ir para outro país, certo?

–Eu posso tentar, não prometo nada. Meu grimório já não é comum, quem dirá a minha magia de luz e mais essa que despertei no dia da morte da minha família. - Um suspiro cansado deixou os pulmões dela.

Era um fato, ninguém em toda a história de clover teve um combo parecido com esse. Um grimório de quatro folhas, magia de luz e de chamas.

Ela era uma flor rara no meio de um jardim, assim como Yami e William.

–Podemos te ajudar a treinar antes de voltar à capital, o que me diz? Assim vai ter um pouco mais de controle sobre o lado vermelho do grimório. - A ideia pareceu empolgar o garoto de olhos negros, já que ele se levantou e sacou a Katana.

–Vamos, lute comigo. - O olhar que S/n lançou ao garoto foi tão afiado que cortaria facilmente ele ao meio.

–Yami agora não, ela está cansada não vê? - William se meteu no meio e escutou um suspiro agradecido deixar os lábios da garota.

–Obrigada William-san. Eu posso ter algumas horas de sono, por gentileza? Estou prestes a ter um colapso de cansaço. - A voz dela era arrastada devido ao sono.

–Como quiser, podemos partir nas primeiras horas do amanhecer. Tudo bem pra você? - Os olhos do capitão se voltaram na direção da adolescente que se arrumava dentro de um saco de dormir.

–Pode ser, só quero dormir. - Fechou os olhos enquanto murmurava.

Os três se ajeitaram ao redor da fogueira e depois de algum tempo tudo o que era possível escutar eram os sons da floresta, o rio seguindo seu curso e da madeira crepitante.

Assim que os primeiros raios de sol tocaram o rosto do loiro ele abriu os olhos, escutando alguns barulhos de água e resmungos.

Se sentou coçando os olhos e focou o olhar numa figura mais baixa que si, limpando um peixe que deduziu ter sido capturado mais cedo.

–Bom dia Julius. - Com o antebraço, limpou o suor que se acumulava na testa, voltando a tirar as escamas dos peixes e a jogar água com a mão em formato de concha no alimento.

–Bom dia, S/n. Vejo que andou empolgada antes do sol nascer. - Se levantou e caminhou até ela, na beirada do rio.

–É um hábito, sempre acordei antes do sol nascer. Resolvi vir ver a armadilha que coloquei ontem a tarde, pelo menos nosso café da manhã está garantido. - Falava sem encarar o mago que observava curioso tudo aquilo.

–Com quem aprendeu a fazer essas coisas?

–Minhas mães, elas eram da equipe de caça do vilarejo, me ensinaram tudo o que sei sobre sobrevivência. - Um sorriso singelo adornava o rosto da moça que se mantinha concentrada em limpar o animal por dentro.

–Se me permite, preciso de um banho. Alguns minutos de caminhada rio acima tem uma espécie de lago, é possível se limpar lá e espero que nenhum de vocês chegue perto.

–Fique tranquila, iremos ficar aqui no acampamento. Nos vemos logo então.

S/n pegou sua mochila com suas roupas e começou a caminhar rio acima, chegando naquele amontoado de pedras se despiu completamente e adentrou a água fria.

Sua pele se arrepiou até que se acostumasse com a temperatura, tratou de usar a magia das chamas para aquecer aquele pequeno lago que se formou com o desvio da água do rio.

Um suspiro de alívio pelo relaxamento de seus músculos saiu dos lábios da garota e se permitiu relaxar, limpou cada centímetro de sua pele e lavou seus cabelos como possível.

Submergiu na água e nadou por alguns minutos antes de voltar à superfície em busca de ar.

Depois de mais um tempo S/n se vestiu e voltou ao encontro dos três, sorriu satisfeita ao ver que Julius seguiu as orientações sobre como preparar os peixes que ela havia capturado.

–Bom dia Yami, bom dia William-san. - Repousou a mochila no chão e se sentou.

Alguns dias depois chegaram à Clover e a pequena Yoshida estava encantada com tudo aquilo. As pessoas ao redor comentavam sobre suas características físicas o que a deixava um pouco deprimida, por mais que o pessoal de Bruges fizessem piadas, estava acostumada com eles.

Mas não com praticamente todo cidadão fazendo um comentário desgostoso sobre si.

Yami notou o desconforto da agora colega e se aproximou dela, tentando puxar assunto.

–Ei, me diga uma coisa, de onde você veio? - O tom desleixado do garoto fez ela lhe olhar nos olhos.

–Não sei, tudo o que sei é que fui encontrada na praia com um pingente escrito meu nome. Eu tinha dois anos quando minhas mães me encontraram. Mas se for útil meu sobrenome é Yoshida, me lembra o seu, Sukehiro.

–Me pergunto se viemos das mesmas terras ou pelo menos do mesmo país. - A garota coçou a nuca.

–Pode ser que sim, mas se você não se lembra não há muito o que fazer. - Ele deu de ombros e passou a seguir Julius em total silêncio.

Com o passar dos minutos os comentários feitos pelos cidadãos do reino passaram de incômodos à irritantes, estavam quase tirando S/n do sério.

–Chegamos ao lugar que te falei. Você vai fazer o seu exame admissional para os cavaleiros mágicos aqui! - Novachrono apontou para a fila ali existente e sorriu. –Vamos te esperar junto com os outros capitães, espero que se saia bem.

Se despediram com um aceno de mãos e logo seu grimorio foi registrado e um burburinho se instalou depois de descobrirem ser um de quatro folhas.

Seguiu até a parte interna da arena onde outros competidores estavam, sorriu ao ver os anti-passaros perseguindo algumas pessoas.

–Veja... Ela não tem nenhum desses pássaros por perto. - Seus ouvidos captaram um dos comentários e teve que reprimir um sorriso.

–É verdade... Ela tem uma quantidade imensa de mana, é quase como se ela fosse a mana... Que medo, espero não ter que lutar com essa estrangeira.

Antes que mais qualquer comentário chegasse aos seus ouvidos, todos os capitães se apresentaram e capturaram a atenção da menina.

–Sejam todos bem-vindos ao exame de admissão aos cavaleiros mágicos de Clover.

Wɑtɑshi no senchō - (Yɑmi X Leitorɑ)Onde histórias criam vida. Descubra agora