Capítulo XV

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Mal consegui dormir essa noite então levantei antes do sol inundar o mundo com seus primeiros raios.

Troquei minhas roupas após tomar um banho e fui ao refeitório tomar um copo d'água, comeria o que encontrasse na floresta depois.

Percebendo que ninguém estava de pé ainda, voltei sorrateiramente ao meu quarto e peguei a mochila com os itens necessários para sobrevivência.

Enfiei algumas mudas de roupa dentro dela e caminhei em silêncio para fora do QG, coloquei minhas botas que sempre usei e segurei o grimório em mãos pronta para recitar o feitiço que usava para viajar longas distâncias.

–Onde vai tão cedo? - A voz da pessoa que menos queria encontrar no momento chegou aos meus ouvidos, travando meu corpo no lugar.

O que raios ele estava fazendo de pé essa hora da manhã?

–Preciso ir em um lugar, volto ainda hoje então não se preocupe. - Engoli em seco ao terminar de falar, queria parecer o mais relaxada possível.

–Não é o que o seu Ki me diz. - Escutei seus passos e logo sua mão pousou em meu ombro, me fazendo olhar em seus olhos. –O que vai fazer?

Suas orbes me fitavam procurando qualquer discrepância entre minhas palavras e as ações do meu corpo, maldita hora que esqueci do Ki.

–Vou visitar Bruges, tem algo que preciso fazer lá. - Murmurei. –Solgres em quanto tempo nós chegamos lá e voltamos pra base?

–Depende da velocidade que formos, S/n. - O espírito nos observava.

–Que bom, não tenho nada previsto pra hoje então vamos. - Mordi a parte interna da minha bochecha e suspirei, se eu inventasse uma desculpa ele iria desconfiar mais do que já estava.

–Magia de criação de luz: Sentō no yajirushi. - Yami envolveu seus braços em minha cintura como um abraço e fiz o mesmo, as mãos puxaram a linha e então começamos a voar em alta velocidade rumo ao reino esquecido.

Fiquei quieta durante todo o percurso, pensando em como iria investigar qualquer coisa com o homem em meu encalço.

Chegamos em Bruges quando o sol já tinha nascido completamente e pousamos no centro da vila.

As casas ainda estavam do mesmo jeito de doze anos atrás, poucas delas estavam judiadas pelo tempo.

Fiz o mesmo caminho de volta que fazia quando ia comprar alguma coisa nas barraquinhas dos moradores, depois de alguns minutos a grande casa isolada apareceu em meu campo de visão.

Senti meu peito apertar e como consequência segurei mais forte a alça da mochila, respirei fundo enquanto passava pelo jardim da frente que agora era apenas um solo estéril e seco.

Mesmo depois de tantos anos o cheiro metálico do sangue invadiu meus pulmões, o piso de madeira preservara as manchas carmesins.

Adentrei a casa escutando a madeira ranger, o cheiro de mofo e bolor se alastrava por todo o local.

–Solgres quero que você procure nos locais que eu não consigo. - Olhei o espírito que assentiu com a cabeça, Yami estava na entrada da casa de olhos fechados e palmas juntas provavelmente orando pela alma das duas mulheres.

Alguns passos até a cozinha e comecei a revirar todo o local, os temperos, lenha, tudo ainda estava intacto e me trouxe mais lembranças.

As asas da morte estavam estendidas sobre toda Bruges, calafrios me acometiam sempre que uma brisa mais fria soprava.

Passei para o próximo cômodo e depois desse, não encontrando nada de relevante.

–Qual é, tem que ter alguma coisa aqui em algum lugar! - Pensei alto enquanto tirava a cama de casal do lugar.

Wɑtɑshi no senchō - (Yɑmi X Leitorɑ)Onde histórias criam vida. Descubra agora