Vida de aluguel

23 CAPÍTULO

Sam respirava fundo enquanto o avião pousava suavemente na pista de Los Angeles. Ela olhou pela janela, observando as luzes da cidade que já conhecia tão bem, mas que agora pareciam diferentes, cheias de possibilidades e de recomeços. Sentia uma mistura de cansaço e ansiedade, mas, acima de tudo, determinação. Por mais que o corpo pedisse descanso, a mente estava focada em um único objetivo: transformar o aprendizado daquela viagem em ação concreta. Ao desembarcar, foi recebida pelo vento quente da cidade e pelas lembranças do que havia deixado para trás. Caminhando até o carro que as esperava,  Raven e Steh conversavam animadamente, mas Sam estava absorta em seus pensamentos. Sabia que o primeiro passo seria procurar aqueles que ela tinha machucado mesmo sem intenção, e, mais difícil ainda, aceitar seu próprio perdão. Depois de mais uns minutos, elas chegavam na casa de Steh.

— Oi, Will. Feliz ano novo! Desculpa não ter vindo na virada do ano, mas meu pai precisava de mim. Foi difícil ficar com minha mãe, mas no final ela pediu perdão e agora eu posso dizer que nós estamos bem. — Sam o abraçava.

— Meu amor, você não precisa me explicar nada. E também, entre mim e seu pai, seu pai está em um nível maior de importância nesse momento. E eu fico muito feliz de que vocês todos estejam se entendendo agora. Eu não aguentava te ver triste. — Will a beijava. 

— Eu realmente espero que eles realmente mudem. Apesar de tudo que eles me fizeram, eles são meus pais, e eu sempre vou amá-los, independente de qualquer coisa. Bom, Steh, posso pegar seu carro emprestado? Minha mudança de vida vai começar agora. Eu tenho que ir a um lugar. Olha, como eu já evoluí, eu estou pedindo permissão. 

— Claro, pega ele e vai atrás da sua mudança de vida. Te espero para o jantar. Enquanto isso, eu preciso conversar com você, Tyler. Eu também quero ter uma mudança de vida e precisa ser agora. — Steh jogava a chave do carro para Sam.

Sam, impaciente e determinada, puxava Will pelo braço, arrastando-o para fora da casa enquanto explicava rapidamente suas ideias para a grande mudança que ela queria em sua vida. Will, sempre prestativo, apenas acenava com a cabeça, mas era claro que ainda estava tentando entender o turbilhão de emoções que Sam estava passando. No sofá, Steh e Tyler se acomodavam em silêncio, um tanto distantes. Eles se amavam, disso ninguém tinha dúvida, mas estavam presos em um ciclo complicado. As crises recentes haviam desgastado os dois, criando uma barreira invisível entre eles. Ambos sabiam que o amor era feito de altos e baixos, de sacrifícios e superações, mas, ao mesmo tempo, pareciam não estar prontos para lidar com os desafios que o relacionamento trazia.

— Tyler, a gente tem que resolver algo entre nós que não foi resolvido. Nossa situação amorosa é um pouco complicada, e por mais que a Sam tenha sido um dos motivos do nosso término, ela não foi o motivo maior, mas impulsionou. Nós estávamos muito confusos um com o outro, e esse nosso término me mostrou isso. Esse término foi bom para nós dois, para nos  fazer pensar sobre o futuro, sobre o presente e sobre tudo. 

— Eu também senti isso. Eu acho que esse tempo serviu para que nós pudéssemos amadurecer mais ainda. Mas, Steh, eu te amo! Eu nunca tive dúvidas quanto a isso. A gente pegou uma fase bem complicada no namoro, e com as loucuras da Sam a gente acabou ficando muito sobrecarregados com tudo e acabamos terminando, mas eu nunca deixei de te amar. Eu nunca vou deixar de te amar, porque é só você que eu quero amar. — Tyler segurava a mão dela. 

— Eu também nunca deixei de te amar. Tyler, eu não me sinto preparada para ter algo nesse momento, e talvez isso mude daqui a uma semana, um mês, um ano, mas a grande questão é que agora eu não estou. Eu te amo muito, e eu sinto que o destino nos quer juntos, mas eu acho que somos almas gêmeas que começaram no momento errado. Somos crianças nessa história de namoro, sabe? — Steh puxava sua mão e levantava do sofá.