Capítulo 5: O poder do Mito

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Sair da cama naquele dia parecia incrivelmente doloroso, tudo parecia convidativo para ficar um pouco mais, mas meu trabalho me esperava. Arrumei minha bolsa rapidamente, eu fazia tudo com pressa, como se soubesse indiretamente que se eu não saísse mais rápido do meu apartamento, eu cederia a sedução da minha cama.

Meu pequeno apartamento ainda estava arrumado, a mala ainda largada em um canto era o único indicio da minha viagem. Assim como o vestido que ainda estava abandonado sobre uma poltrona, como uma lembrança do que as vezes ainda parecia uma realidade paralela longínqua, um mundo mágico que não me pertencia.

Mas logo me desprendi do meu mundo de sonhos particular e sai rapidamente, peguei o metro como sempre fazia, gostava de andar a pé por Nova York, usava o carro apenas quando necessário. Passei em um café que ia sempre, o pequeno estabelecimento ficava na saída da estação.

Munida com meu café sai caminhando rumo ao prédio do jornal onde trabalhava, era um grande prédio a algumas quadras da Wall Street. Sim, era um tal de New York Times, chamado carinhosamente de Times.

Ao dobrar a esquina fui surpreendida por um burburinho, algumas pessoas com maquinas vindo em minha direção falando, ou melhor, gritando: "é ela". Olhei meio confusa, confesso que até olhei por cima do ombro para ver se não era ninguém atrás de mim. Mas quando me voltei para frente estava cercada, baixei a cabeça e comecei a caminhar mais rapidamente. As perguntas começaram a vir.

- Você está namorando mesmo Thomas Declan?

- Katherine, como conheceu Thomas Declan?

- É verdade que estão namorando a mais de dois meses?

Eu apenas respondia um educado "nada a declarar". Até que:

- Vocês vão se casar quando?

Levantei a cabeça rapidamente como se tivesse levado um tapa, então disse entredentes:

- Aprenda fazer uma maldita apuração direito. Não mate a classe de vergonha!

Entro no prédio do jornal passando pela porta giratória e logo os seguranças impediram a entrada do pequeno grupo de abutres. Caminho até o elevador me perguntando como descobriram onde trabalhava, meu nome. Minha cabeça estava rodopiando enquanto entrava no elevador, não sabia o que pensar ou como pensar. Nem ao certo o que fazer.

Quando a porta se abriu, mal sai do elevador ouvi a voz da minha amiga Dana:

- Você vai ter que me contar tudo.

- Tudo o que? - Como poderia estar cansada antes das 10 da manhã.

- Como você parou em todos os sites de notícias sobre celebridades e fofocas como a nova namorada de Thomas Declan.

- Como assim? - Olho assustada.

- É só olhar na internet, você está bombando queridinha! E nem conta para as amigas.

- Mas...

- Dana, já na minha sala! Agora! - Grita um homem em pé em uma sala no fim do grande salão.

- David que não gostou pelo jeito. Já perguntou...

- Fico feliz em saber que está na casa Thompson, depois quero falar com você! - Ele fala rispidamente - Vamos Dana! Não tenho o dia todo! Notícias não esperam!

- ...por você. - Ela termina a frase só por terminar mesmo. - Está com humor de cão! - Ela esclarece enquanto se afasta indo rumo a sala do chefe.

- Só o que me faltava! Esse dia parece ser um belo caos!

Vou até ao meu cubículo onde ficava a minha mesa, sob vários olhares curiosos, como se percebessem pela primeira vez que eu estava ali, que eu trabalhava ali.

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