Capítulo 8 - Uma visita inesperada

1K 94 28
                                    

Por conta das aulas, de ambos estarmos ocupados com coisas pessoais; eu com os estudos e ele também com os estudos e as fãs, nosso único meio de se falar era pelo WhatsApp. Era quase sempre que ficávamos call o dia todo, por mais que não conversássemos por um começar a estudar ou ter que ir fazer algo, era como se estivéssemos no mesmo lugar juntos ao fazer isso. Virou algo nosso. Ainda mais agora com as semanas de provas, já estávamos desse jeito quase 3 meses. Era torturante não o ter comigo? Era. Sentia falta dos carinhos dele? Com toda a certeza. Tinha vontade de ir bater lá na casa dele? Tinha, não, eu tenho! Mas nem os meus horários estavam cooperando. Estava ajudando minha mãe com as tarefas de casa, os professores começaram a dar a louca e mandar muitos deveres de casa, ainda por cima em semana de provas, estudar bastante matéria que nem foi dada porque eu também não sei qual é fixação dos professores em te dar uma prova que nada do que está nela foi estudado em aula... Da pra sentir o estresse, né? Esse final de semana, era o aniversário do Raul, e ele me chamou para ir na casa dele comemorar e passar a noite. Estava bastante animada em vê-lo novamente, mas tinha um detalhe que poderia cancelar tudo o que eu tenho... abrir o jogo com minha mãe. Respirei fundo umas quinhentas vezes, e ainda não consigo respirar... olha quem tá batendo na porta, a ansiedade; boa família, ganhamos já! Peguei um copo com água e é claro que minha mãe estaria na cozinha, né? Aonde mais ela estaria? Ela notou também que estava com minha crise de ansiedade e sabia o que causa, conversar a sério com ela pra não levar o Robson na fuça.

— Vai me contar, ou pretende piorar essa crise? — Me olhava com as mãozinhas na cintura.

— Er... papai tá em casa? — Hmmm entreguei o jogo de mais agora....

— Não, ele foi em uma reunião... Que menino roubou seu coração? — Sabia que ela iria saber direto, não consigo esconder nada dela, é complicado!

— Tem um menino que conheci em um evento que fui fantasiada, a gente se divertiu bastante e foi nele que passei a noite... e esse final de semana é aniversário dele... posso ir? Por favor!!! — Ela me olha com uma cara de que vai dar bronca.

— No dia da enchente tu me disse que tinha passado a noite na sua amiga.. você mentiu pra mim? — Incrédula, com a respiração um tanto ofegante.

— Mãe tu não ia me deixar— - Ela me corta.

— Cris! Eu preciso sempre saber aonde você está! Se acontecesse algo? Como eu ia te proteger? Como eu ia avisar a polícia o último lugar que esteve sendo que mentiu pra mim? E antes que diga, sim, não aconteceu nada, mas isso não significa que não possa acontecer. — Ela se vira para os legumes, continuando a corta-los. — Você não vai!

— Mas mãe!!!! — Elevo minha voz a mãe em total reprovação.

— Sem mas! Você mentiu pra mim, se quiser que eu piore teu castigo, o que eu deveria pelo tempo que você sustentou essa mentira... Vá para seu quarto e não falemos mais nisso! — Ela me olhou de relance, me fazendo entender o recado.

Voltei para meu quarto a prantos. Deitei em minha cama, abraçando meu travesseiro, chorando horrores. Veio muita culpa para cima de mim, remorso, pensamentos de que se eu tivesse feito diferente, eu não estaria nessa situação. Fiquei assim por um tempo, sem nem notar que teria adormecido. Acordei com o som de notificação do pc, fui devagar até ele e era o Aizer fazendo ligação com as meninas. Peguei meu celular e várias notificações dele me procurando, mandei uma mensagem explicando minha situação e dizendo que não ia poder ir, por estar de castigo. Estava claro que ele estava muito triste com isso, mas procurou me deixar mais felizinha, que haveria outra oportunidade e pá. Infelizmente não tinha, esse menino não estava entendendo que não machucou como uma ferida na pele, machucou como uma facada atravessando o coração... eu estava apaixonada por ele.

Era o dia do aniversário dele, estava sentada na minha cadeira do pc, abraçando minhas pernas, com uma expressão muito triste. Minha mãe bateu na porta e entrou, ela detestava me ver daquele jeito.

— Ah minha pequena, não fica assim. — Ela se senta na cama.

— Está tudo bem mãe, você tem razão de me castigar. — Me viro pra ela sem sair da posição.

— Eu só quero que entenda que o mundo não é mil maravilhas... — A campainha toca, a fazendo levantar e ir o mais rápido possível.

Fui com ela, estava curiosa já que era raro alguém vir pra cá pra casa. Ao abrir a porta, era impossível esconder minha reação de surpresa do rosto, ainda mais o enorme sorriso bobo.

— Olá mãe da Cris, me chamo Raul, é um prazer conhecê-la!

Meu ParaísoOnde histórias criam vida. Descubra agora