ONZE

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ALESSANDRO
MANTOVANNI


Isabela está parada na porta do seu antigo apartamento há cinco minutos em completo silêncio, silêncio que tomou para si desdá hora em que saímos do apartamento. Respeitei, afinal das contas eu sou o responsável por ele, a ameacei e a intimidei como nunca fiz antes mas não me arrependo, de nenhuma das minhas palavras, muito pelo contrario. 

Ela pode achar que eu não a entendo mas a entendo como ninguém e é por isso que vou protege-la, Isabela é boazinha demais e o ordinário do seu pai com certeza se aproveita disso. Não vejo a hora de encontrá-lo, vou bater tanto nesse filho da puta que ele vai implorar para morrer e eu não vou deixar, pelo menos não até ele pagar por tudo que fez com ela.

— Me espera aqui fora. — Me surpreendo com a forma como ela fala, ela não está pedindo mas mandando.

— Isabela. — Tento argumentar — Acho melhor...

— Não! — Me interrompe — Preciso fazer isso sozinha.

Sem esperar uma resposta ela entra no apartamento e fecha a porta logo em seguida, coloco a mão na maçaneta e me controlo para não abrir a maldita porta. Sei que o pai dela não está no apartamento porque pedi para verificarem assim que saímos de casa mas não me tranquilizo.

Ela vai ficar triste, vai chorar, e vai colocar a culpa em si mesma e quando sair por essa porta vai fingir que seu peito não está sendo sufocado pela dor e vai sorrir como se nada tivesse acontecendo porque é isso que ela vem fazendo os últimos anos. 

E é por essa motivo que não a obedeço, porque Isabela não merece sofrer, não merece achar que está sozinha por estar deixando o pai e porque ela me tem agora, e eu nunca mais vou deixar essa menina sofrer.

Abro a porta e entro em seu apartamento não demorando para achá-la. Sentada no chão com uma mala ao seu lado ela chora compulsivamente abraçada a uma foto, só percebe que não a obedeci quando me sento ao seu lado e a puxo para meu colo a embalando em meus braços.

Minha mãe Helena me disse uma vez que existem feridas que nem mesmo  um abraço apertado e palavras de conforto podem resolver e vejo que a ferida de Isabela é uma dessas.

— Ele nem sempre foi assim sabia? — Mostra a foto molhada por suas lágrimas — Éramos uma família de comercial de margarina. — E era mesmo, uma mini Isabela está entre um casal que acredito ser seus pais com um sorriso banguelo muito feliz — Foi meu último aniversário com minha mãe, um pouco antes de completar dez anos ela sofreu um acidente de carro quando estava indo me buscar na escola.

— Isabela. — Seguro seu rosto com carinho — Não precisa me contar, eu entendo você.  — Consolo.

— Eu quero. — Segura minha mão — Passei tanto tempo guardando isso para mim mesma que está me sufocando. — Respira fundo tomando fôlego para contar — O motorista não respeitou o sinal vermelho e bateu no carro, exatamente no lado do motorista, e a  culpa foi toda minha. — A tristeza que eu vejo em seu rosto parte meu coração, coração que eu achei que não tinha mais — Esse dia foi combinado que eu iria dormir na casa de uma amiguinha mas desisti na saída da escola quando a mãe dela foi nos buscar, então ela ligou para a minha mãe avisando, e como a ótima pessoa que minha mãe era decidiu me buscar já que não era o mesmo caminho. — Isabela agarra a gola da minha camisa e  chora como uma criança sentida — Eu só tinha nove anos, não conseguia entender o desespero do meu pai ao ver minha mãe naquela caixão, até então eu achei que ela iria voltar mas ela nunca voltou.

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