CINCO

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ALESSANDRO
MANTOVANNI


— Fugiu? Deixou uma menina de vinte e dois anos fugir de você? — Alexandre ao menos tenta esconder a zombaria.

Depois que Isabela saiu com o taxi decidi voltar para a empresa e avisar o RH que não aceitarei a demissão de Isabela caso ela apareça, e se aparecer é para me chamarem imediatamente.

Se ela acha que eu vou deixá-lá desaparecer está muito enganada. Isabela é minha secretária, quem decide quando não preciso mais dela sou eu.

— Achei mais prudente dar um tempo para ela, no fundo ela sabe que tudo que eu disse é verdade. — Encosto as costas na parede do seu escritório — Ela vai voltar.

— Eu duvido muito. — Desliga o computador me olhando em seguida —Pelo que me contou ela não aceita a realidade que está vivendo, deve ser a primeira vez que foi exposta dessa maneira.

— Não vou permitir que isso aconteça, se ela não voltar por vontade própria, vou buscá-la. 

— Você deixou ela voltar para a casa. — Não esconde seu julgamento — O autor da violência é conhecido da vítima na maior parte dos casos, o lugar menos seguro para Isabela no momento pode ser sua própria casa. Pode ser um namorado, pai, tio, irmão, padrasto vizinho — Fala aparentemente conhecendo muito sobre o assunto — Acho que tomou a decisão errada.

Suas palavras me fazem me sentir um completo idiota porque ele tem toda razão. Adeixei em casa a cinco dias atrás, seu agressor deve morar com ela e se ele foi capaz de deixá-la desacordada por dias ele é capaz de qualquer coisa.

Saiu da sua sala sob seus protestos de tomar cuidado mas nada me importa além do bem estar de Isabela, se algo acontecer com aquela menina vou carregar mais uma culpa em minhas costas e essa nunca poderei me perdoar.

Chamo o elevador presidencial e entro assim que as portas se abrem, quando ele para na garagem caminho rapidamente ate meu carro e entro no mesmo ligando o gps. Faço uma pesquisa em seu histórico e com o endereço de Isabela já em rota parto para sua casa sem pensar duas vezes antes de acelerar o máximo possível.


•••


Estaciono o carro enfrente o prédio onde ela mora e tento mais uma vez ligar para o seu celular mas como das outras vezes caí na caixa postal.

Saiu do carro e aciono o alarme antes de entrar dentro do lugar precário que ela mora. Na recepção um homem de meia idade que acredito ser o síndico dorme profundamente de boca aberta, minha descrença só não é maior que a revolta por ela morar em um lugar tão perigoso.

Irritado bato a mão no balcão de madeira fazendo um barulho alto ecoar por toda a recepção, assustado o homem pula da cadeira e arregala os olhos quando nota minha presença.

— Boa noite. — Falo não escondo minha rispidez — Qual é o apartamento da Isabela Clark?

— Boa noite. — Seus olhos curiosos vagam pelo meu corpo parando em meus sapatos franceses — Não passamos informações dos nossos moradores.

— Quanto precisa para abrir a boca? — Tiro a carteira do bolso a abrindo em seguida. Seus olhos brilham com as notas azuis.

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