TRÊS

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ALESSANDRO
MANTOVANNI


Puto. É exatamente assim que me encontro agora, se não bastasse ter acordado com uma ressaca do caralho, minha secretária se encontra desmaiada em meus braços.

Percebi  que algo estava errado assim que cheguei na empresa e não a encontrei em sua mesa, piorando ainda mais minha dor de cabeça. Ela nunca se atrasa, e para isso ter acontecido eu tinha certeza que algo estava terrivelmente errado.

E tive a confirmação assim que ela chegou, as olheiras e a pele pálida a entregaram facilmente, e a mentira estúpida piorou a situação, ela deveria ter ao menos tentado mentir mas falou a primeira coisa que passou em sua cabeça. Ainda bem que consegui a segurar a tempo antes que caísse no chão, a queda seria horrível e com minha reputação péssima abria margens para fofocas.

— Isabela? — Com cuidado a coloco sentada na cadeira e mantenho sua cabeça firme entre minhas mãos  — Acorda.  — Dou batidinhas de leve em seu rosto mas nada adianta.

Me afasto para que ela consiga respirar melhor e observo seu rosto pálido com pequenas gotículas de suor espalhadas pela testa  me levando a crer que foi o calor que a fez desmaiar.

Diferente dos outros dias Isabela esta vestida com um sobretudo e calça jeans em um calor de trinta e sete graus, e como seu corpo não deve estar acostumado entrou em colapso.

 — Foda-se. — Resmungo desabotoando a dezena de botões da peça, se eu encontrei o problema porque não resolver?

Quando termino de abrir os botões puxo seu corpo para frente e deslizo o tecido grosso pelo seus braços com maestria, o jogo no chão e a coloco novamente na cadeira. 

Antes mesmo que eu tente acorda-la novamente um hematoma em seu braço chama minha atenção, curioso me abaixo ao seu lado para enxergar melhor mas me surpreendo ao notar que não é apenas um mas vários, com cores, tamanhos e intensidades diferentes.

Conheço marcas de espancamento de longe e tenho certeza que Isabela foi cruelmente espancada, e eu ao menos preciso subir a blusa fina que veste para constar que não foram só seus braços que foram atingidos.

O corpo miúdo se mexe na cadeira e segundos depois seus olhos se abrem com dificuldade, e eu me vejo na mesma situação que oito anos atrás, revoltado e completamente perdido, a diferença é que agora eu sei o que fazer.

— Quem fez isso com você Isabela? — A confusão em seus olhos é substituída por lágrima assim que desce os olhos para seus braços descobertos. Desesperada ela tenta se levantar mas falha gemendo de dor.

— M-meu sobretudo. — Pergunta ao menos disfarçando o desespero — Cadê?

— Precisei tirar, você desmaiou de calor — Explico pegando a peça do chão e coloco sobre seu corpo para que fique o mínimo desconfortável. Conheço a posição que ela se encontra e posso afirmar que não é nada confortável, muito pelo contrário, é humilhante.

— Obrigada. — Tenta se levantar mas não permito ao entrar na sua frente.

— Isabela você precisa denunciar quem fez isso com você. — Tento ser o mais sensível diante a situação — Os hematomas são recentes, pode fazer um...

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