Capítulo 1.

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Elisa Machado

Ele me bateu.
Estou sentada no chão do nosso quarto, enquanto Jordan se desculpa um milhão de vezes por ter dado um tapa em meu rosto que me ensurdeceu. Meu ouvido está zumbindo até agora e só sei que meu marido está se desculpando porque posso ler seus labios.

Me desculpe. Me desculpe. Me desculpe. Ele repete tentando se aproximar de mim, mas a cada vez que ele encosta em minha pele o empurro com os pés contra a parede.

Jordan se senta a minha frente e chora. Ele chora implorando que eu o perdoe, mas só consigo pensar porque ele está chorando? Fui eu quem apanhou. Fui eu quem apanhou por falsas suposições de sua parte.
Cheguei 2 horas atrasadas do trabalho hoje, pois tinha um projeto em marketing de um novo cliente de nossa empresa para entregar amanhã cedo e eu não o havia terminado ainda.

2 horas. E eu mandei mensagem avisando que chegaria atrasada, eu tinha encomendado sushi e mandado entregar em nosso apartamento para que ele nao ficasse sem janta. Em vez de ser recebida por um marido carinhoso e grato por meus pequenos gestos de atenção, sou recebida por um marido irritado, alcoolisado e me acusando de o estar traíndo.

Quando tentei dar as costas para Jordan, ele me bateu. Ele me segurou pelo cotovelo, me impedindo de sair de sua presença, me empurrou contra a cama e me bateu.

Agora estamos aqui sentados um de frente para o outro, travando uma batalha visual, em um silêncio que dizem mais coisas do que palavras jamais poderiam dizer. As lágrimas escorrem ds nossos olhos, mas nao dizemos nada, não soluçamos e nem fungamos. Acho que temos medo de dizer algo e destruir o casamento perfeito que tivemos durante 8 anos.

Jordan sempre foi minha alma gemea, desde que nos conhecemos na faculdade, na primeira vez em que conversamos eu sabia. Eu sabia que ficariamos juntos. Mas agora, aqui, de frente para ele, vejo um rosto familiar, cujo dono me é desconhecido.
Ambos fazemos menção de falar, mas fechamos a boca. Jordan faz um gesto para que eu fale.

- Vou para a casa de Gabriela - ele me interrompem

- Não, amor! Por favor! Me perdoe, eu não quero me separar-

- Eu também não. E é exatamente por essa razão que preciso de um tempo para colocar toda essa bagunça de lado e reorganizar todos os pensamentos e coisas que estou sentindo...

Jordan se rasteja até mim e me envolve em seus braços. Braços esses que eu tanto amava, mas agora os quero longe de mim. Mãos essas que me davam amor, agora seriam para sempre assimilada a única vez em que ela foi usada para me machucar.

- Fica aqui. - Diz ele. - Vou dormir no escritório.

Afirmo com um ligeiro gesto de cabeça. Jordan segura em meu queixo e puxa meu rosto em sua direção para deixar um beijo em meus lábios. Ele murmura "me perdoe" mais uma vez, com seus lábios ainda junto aos meus e então ele se vai.

Fiquei sentada no chão, onde eu estava, com minhas costas colada a cama por mais de uma hora. Refletindo, associando, assimilando, me questionando: o que eu faço agora? Eu estava magoada e com raiva de Jordan, mas eu o amo. Ele estava bêbado e inseguro, foi uma vez, isso nunca se repetiu, algo desse tipo nunca aconteceu antes. Eu não posso terminar meu casamento de 8 anos, por um momento de fraqueza.

[...]

Acordo as 5h47 com a luz entrando pela janela do meu quarto. Todo o meu corpo queima e só então me dou conta de que dormi no chão. Normalmente, me levanto para me arrumar 6h, falta pouco tempo, então me levanto, coloco meu celular para carregar e me arrumo para ir ao trabalho, pois quero sair antes que Jordan acorde.

Arrumo uma bolsa, com roupa o suficiente dentro pars três dias e vou para o escritório.
O caminho inteiro dentro do carro, eu ficava repassando aquele momento em minha cabeça. O momento em que a mão de Jordan reverberou forte contra meu rosto. Ele me bateu por pura suposição, mesmo que ele tivesse tido provas, ele poderia ter vindo conversar comigo antes, ao invés de assumir coisas e me bater.

Escuto uma buzina atrás de mim. O semáforo abriu e eu ainda estava parada, passo a ré e continuo meu trajeto, perdida em pensamentos, até chegar ao escritório.

Tento evitar o máximo de empregado possível. Passo direto por todos e vou para meu escritório. Consigo me esconder por exatos 37 minutos antes que Gabriela venha até mim e como sempre, abre a porta do meu escritório sem bater e me encontra chorando.

- O que foi amiga? - ela diz tentando olhar nos meus olhos mas estou de cabeça baixa, com vergonha de falar o que realmente aconteceu.

- Não foi nada, só estou de TPM - digo dando um sorriso forçado e limpando as lágrimas.

- Você tem certeza que é só isso? - diz desconfiada.

- Sim, a propósito posso dormir na sua casa hoje? - falo juntando as mão como se estivesse rezando

- É claro que sim, amiga. - diz ainda desconfiada - Vamos nos encher de brigadeiro já que está de TPM - diz empolgada.

Dou um sorriso sincero e ela sai pela porta.
Sei que esse tempo vai ser bom pra mim tentar colocar a cabeça no lugar e pensar no que vou fazer.

Depois de prencher alguns relatórios olho no relógio e já são 17h51, pego minhas coisas e saio do escritório ao encontro de Gabriela.

- Finalmente te achei, estava onde criatura? - pergunto a ela

- estava terminando de revisar alguns contratos para te repassar. - diz sem ânimo - mas enfim, vamos rápido que estou morrendo de fome.

Fui no meu carro e ela no dela, ainda não consigo tirar a cena da mão de Jordan no meu rosto, o quanto aquilo me machucou, não só fisicamente como psicologicamente. Ligo o rádio e vou o caminho todo cantando alto as músicas do Bruno Mars, meu cantor favorito.

Alguns minutos depois chego na casa da Gabriela e ela Já tinha chegado, entro direto e avisto ela discutindo em alguma chamada.

- Sim! Eu quero uma pizza de PEPERONNI - fala alterada - Sim, só isso. - fala isso e desliga a chamada.

- Meu Deus, por que tão alterada? - pergunto, franzindo o cenho.

- Esses atendentes idiotas se fazem de burros. - diz irritada.

Aperto os lábios para não rir dela.
Alguns minutos depois a pizza chega, comemos, depois ela fez brigadeiro e comemos também.
Fomos deitar e eu não conseguia parar de pensar em Jordan, e no por que de ter feito aquilo sem conversar comigo antes, ele não tem ideia do quanto isso doeu no coração. Eu o amo, mas está tudo tão confuso agora.

Me perco nos meus pensamentos e acabo adormecendo...

🌫️🌫️

Primeiro capítulo da minha história, essa é uma releitura totalmente modificada, mas com as mesmas metas. Espero que gostem!

Meu Arrogante GostosoOnde histórias criam vida. Descubra agora