Capítulo 17.

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Elisa Machado.

Não estou conseguindo relaxar nesse vôo. Não consigo tirar Jordan da minha cabeça, não entendo como pode tocar em um assunto tão delicado para mim, o que deveria ser para ele também... 

Para o meu azar, ele falou isso perto de natanael, na hora ele não perguntou nada, mas sei que essa hora vai chegar, não quero que chegue, mas, sei que vai. 

Somente Gabriela sabe do ocorrido e ela sabe o quanto eu fico sensível quando tocam nesse assunto, por isso nunca mais falamos sobre isso. 

Meu filho, meu bebê... me sinto extremamente culpada por tê-lo deixado sozinho... 

Ravi tinha 5 anos quando estava jogando futebol sozinho, eu estava o supervisionando, no quintal. Era outono, o gramado estava cheio de folhas secas. Fui até a varanda pegar a vassoura para limpar, por 10 segundos... Quando voltei, ravi não estava no mesmo lugar. Jordan estava em uma viagem de negócios e estava somente eu e meu filho em casa. 

Fiquei gritando o nome dele enquanto o procurava. Avisto a bola que ravi estava jogando perto da piscina... 

Não, não, não, não. 

Meu filho, meu amor, estava dentro da piscina... Eu tentei salva-lo eu juro por tudo que eu tentei, mas meu filho não resistiu, e se foi, por minha culpa...

Todo santo dia eu me culpo por isso, eu poderia ter limpado outra hora, poderia ter cuidado dele, poderia tê-lo protegido, mas não fiz. Todos os dias me sinto uma mãe péssima, horrível. Quando consigo conviver com o luto, Jordan vem e joga isso na minha cara. Eu odeio pensar nisso, evito o máximo, mas... Agora cá estou eu, sendo corroída pelos meus pensamentos de culpa, em caminho da grande cidade de Nova York.

Natanael está olhando pela janela do avião. O remédio que tomei para dormir, não está fazendo efeito. Me sinto enjoada, não sei se é por conta das lembranças ou do avião mesmo. 

Ele vira o rosto para mim e me olha por um instante. 

— Está tudo bem? 

Faço que sim com a cabeça. 

— Quando estávamos no banheiro do aeroporto hoje, o desgraçado falou "amanhã é aniversário dele" de quem ele estava se referindo? — Me questiona meio inseguro da minha resposta. 

Foi mais rápido do que pensei...

Sinto meus olhos encherem de água. Não quero contar, o que ele vai pensar de mim? Eu fui uma péssima mãe e não cuidei do meu próprio filho...

— Não era nada... — Respondo desviando o olhar. Não quero que veja que estou mentindo.

— Tudo bem que você não esteja confortável para falar agora, mas não precisa mentir para mim, Elisa. — faço uma cara de desentendida. 

Como ele sabe que estou mentindo?

— Sou muito bom em entender a linguagem de sinais das pessoas. Quando você está mentindo, você coça a ponta do nariz. 

E como eu nunca percebi isso em mim mesma?

Não sei por que, mas sinto que posso confiar nele, ele é somente meu chefe, eu sei. 

Resolvo contar tudo que está entalado na minha garganta há 2 anos. 

Natanael se vira e me dá um abraço meio desengonçado por conta dos assentos. 

— Não foi culpa sua... — Sussurra no meu ouvido e meu coração se aquece. 

Eu sei que ele está dizendo isso para me consolar, mas demorei 2 anos para conseguir me estabelecer e conviver com o luto... tive Ravi com 18 anos, por isso eu e Jordan fomos morar juntos tão cedo. Não conto isso a ninguém e odeio pensar nisso. 

Sussurro um "obrigada" e ele volta ao seu lugar. 

Olho na tela que tem na minha frente, onde mostra o caminho todo até chegar Nova York e diz que ainda faltam 8 horas. Céus. 

— Você não estava brincando quando disse que seriam 10 horas, né? — pergunto para Natanael e ele dá um sorriso. 

— Era só para consolar você. — Revela e continua sorrindo. E, que sorriso! 

Medo do que esse sorriso pode fazer comigo. 

Deixa de ser doida Elisa, é óbvio que não vai fazer nada.

Balanço a cabeça tentando afastar meus pensamentos idiotas. 

[...]

— Já vamos fazer a aterrissagem, favor, colocar os cintos. 

Acordo com a aeromoça avisando. 

Meu Deus, por quantas horas eu dormi. 

Olho para o lado e Natanael está ajeitando o cinto. Faço menção em me ajeitar também, mas quando mexo, minha cabeça dói, parece que vai explodir.

Merda, não deveria ter tomado dois comprimidos.

— Por quanto tempo eu dormi? — pergunto a Natanael e ele me olha sério. 

— Quase 8 horas. — Responde seco. .

Não entendo mais nada... Algumas horas atrás, ele estava todo de sorrisos para mim, agora já voltou a ser o mesmo arrogante de sempre. Odeio quando faz isso. 

— idiota. — Murmuro e ele me olha rapidamente, incrédulo. 

— O que disse? — pergunta. 

— Nada. Estava pensando alto. — minto. 

Ele faz uma cara de desconfiança e vira para o lado. O avião começa a tremer muito, meu coração já começa a acelerar... 

Só estamos aterrissando Elisa, o pior já passou.

O pior já passou...
O pior já passou...
O pior já passou...

Fico repetindo isso até tudo se acalmar, olha pela janela e vejo um as luzes da pista. 

Chegamos e minha barriga dói, de tanta ansiedade. 

Descemos do avião e tem duas range hover pretas nos esperando. O motorista acena com a cabeça para Natanael e Miguel, eles acenam de volta sem deixar uma palavra. 

Gabriela me dá um abraço daqueles que conforta, que parece que tira a tristeza de mim. 

— Eu sinto muito, amiga. Pelo o que aconteceu... agora nossa vida muda pra melhor, prometo! — Ela diz ainda me abraçando e confortando. 

— Obrigada por embarcar nessa comigo. Te amo! — Digo e sinto as lágrimas correrem do meu olho, sou tão emotiva, odeio isso. 

O motorista faz sinal para nós entrarmos no carro. 

— Miguel, vai com elas e mostre-as tudo. Vou resolver umas coisas na empresa. — Avisa se vira e entra no carro. 

Fico curiosa para saber o que ele vai resolver.

[...] 

Quase uma hora depois chegamos a um prédio que tem mais ou menos 30 andares, é gigante! 

— Chegamos, senhoritas! — Miguel avisa, sai do carro e abre as portas para nós. 

— Agora tudo vai melhorar. — Sussurra Miguel, me abraçando. 

Gabriela revira os olhos. 

Agradeço Miguel e entramos no prédio. 

No elevador, sinto um clima pesado entre Miguel e Gabriela. Eles estão muito estranhos um com o outro, preciso saber o que está rolando e é hoje que Gabriela vai me contar!




Me contem nos comentários o que estão achando da história, please.
Espero que estejam gostando! ❤️

Meu Arrogante GostosoOnde histórias criam vida. Descubra agora