Capítulo XXVIII

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Levantando o rosto do livro, notou que havia babado sob a superfície da folha. Suspirando de raiva de si mesma ela levantou a cabeça e olhou ao redor. Pelas janelas viu que já era noite, o que a fez se questionar quanto tempo teria dormido. Esticou os braços sobre a cabeça, se espreguiçando, sua bunda doía de horas paradas no assento duro. A lareira já havia parado de crepitar e o chá no bule já estava gelado. Andando até o outro lado da sala Raven fechou as cortinas depois colocou mais uma lenha dentro da lareira, mexendo-a.

Quando terminou alongou o pescoço e ficou parada olhando para o nada. Ela ainda não havia meditado aquele dia, mas também não havia estudado o suficiente o livro de magia. E ela ainda tinha muito o que refletir, estudar e meditar no que dizia respeito àquela parafernália velha. Suspirando novamente ela sentiu uma leve fome emergir. Tinha que se alimentar. Com esse pensamento saiu andando pelos corredores, como não sabia exatamente que horas eram, teria que achar um servente para lhe perguntar se poderia ser servido a ela uma refeição. Não demorou muito para achar uma senhora andando pelos corredores. Perguntando sobre que horário da noite eles se encontravam a servente lhe respondeu que já haviam entrado no segundo período. Raven assentiu e depois lhe pediu se poderia dar a ela o seu jantar. De feições neutras e obedientes a mulher respondeu que sim e a levou até a sala de jantar.

Raven se sentou na cadeira e analisou o lugar. Os Al Ghul ainda não haviam jantado, geralmente o faziam mais tarde. Dessa vez ela não se importava, iria comer sem eles. Até por que ela ainda não estava com vontade ou disposição para olhar tanto para a cara de Damian, aquele traste mimado que a havia feito perder uma noite de sono, tanto para Talia, por ser a pessoa mais bisbilhoteira e controladora possível; e é claro, nem para Ra's Al Ghul, por ser uma figura tão detestável. Que bom que poderia comer em paz. O prato principal daquela noite era abobora cremosa com anchovas e carne suína ao forno com molho de alho. De sobremesa Raven comeu vários palitinhos de pão recheados com creme nozes e tomou duas xícaras de chá de limão com mel.

Seu estado em geral melhorou depois que comeu, apesar disso Raven continuava evitando pensar muito nas questões de sua mente. Suspirando, voltou para sua sala de magia, onde, depois de refletir durante todo o jantar, pensou que seria produtivo ocupar a mente mais um pouco, especialmente porque sabia que se fosse para cama logo depois do jantar não conseguiria dormir. Iria ficar acordada rolando na cama e aquilo consequentemente iria aumentar seu estado perturbado de espírito. Raven se sentou na cadeira novamente, dessa vez flexionando o pescoço e os pulsos e se inclinando sob a mesa, pronta para continuar seus estudos.

O cheiro de madeira e papel era sempre agradável, ela adorava. Esta foi a última coisa que pensou antes de começar a ler. Já tinha estudado metade da página no período da manhã, e agora ela voltava a seu trabalho. Molhou a pena e pegou mais um papel, escrevendo aquilo que entendia. Até agora ela havia avançado na primeira parte do livro. Aquilo certamente era algo espantoso até mesmo para ela, já que não fazia ideia de onde teria tirado a capacidade de traduzir tantos símbolos e códigos da língua antiga. Quem quer que tenha escrito o livro, com certeza não o fez com o intuito de ser lido facilmente.

Depois de algum tempo levantou a cabeça novamente, descansando a mente por alguns segundos. Piscou duas vezes antes de olhar para as folhas diante de si, piscou mais algumas vezes e então viu que aquilo que observava era real. Um padrão começava a se formar, um símbolo em particular se repetia algumas vezes. Ficou observando por mais um minuto, fascinada com a nova descoberta. O símbolo em sua frente era parecido com uma bola redonda e achatada nos lados, significava escuridão, morte, destruição, medo, entre muitas outras coisas. Raven leu cada uma das frases onde cada um dos símbolos aparecia.

- O ciclo do medo não mais existe. Jogado para o esquecimento de outros mundos, a escuridão sempre voltará até o dia que não voltar mais, no entanto. É do conhecimento dos grandes a data de sua volta, tinham consigo uma poderosa feiticeira ao seu lado, foi capaz de prever sua exatidão completa. Conhecida por seu conhecimento, este se perdeu depois que a mesma morreu.

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