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Pesadelo

Eu acendi mais um baseado na laje da minha casa, o plantão tinha sido sugado e eu tava cansadão, fora minha mente que tava pesada e cheia de bo, remexi no colar que não saía do meu pescoço me relembrando do motivo que eu me afastei de todo mundo

Giovanna

Começou com uma atração sutil, primeiro foi o ciúmes um pouco além quando ela estava com outro homem, não era igual o Guilherme que falava brincando, eu odiava qualquer filho da puta que chegava perto dela, a culpa me atingiu em cheio e eu neguei o que estava sentindo em uma tentativa de me manter longe

A primeira pessoa que passou na minha mente foi minha mãe, nem filho dela de sangue eu era, imagina a decepção que ela ia sentir se soubesse que o filho adotado estava sentindo uma atração pela irmã, eu não podia causar essa dor a ela, não a mulher que lutou para me ter, eu não podia fazer isso com ela

Há um ano nós nos aproximamos um pouco além, podia ser uma alucinação, mas eu quase podia ver que ela correspondia o que eu sentia, era loucura, só eu era o doente da família, talvez eu tivesse puxado isso dos meus genitores, isso me apavorava, tinha medo de me tornar igual a eles, um arrepio correu minha espinha e as palavras do meu irmão invadiram minha mente

Ceifador: Tu gosta dela não é?-pergutou após eu olhar para Giovanna pela quinta vez em dez minutos

Pesadelo: Gosto pra caralho-admiti, não tinha necessidade de mentir para ele

Ceifador: E por quê eu vejo culpa quando você fala?

Pesadelo: Somos irmãos-ele deu ombros acendendo um cigarro

Eu já tinha percebido que meu irmão não gostava de nenhum tipo de droga, acho que acionava algum tipo de gatilho em sua mente, então sempre evitava de fumar maconha perto dele

Ceifador: Não de sangue-relembrou

Pesadelo: Ninguém entenderia

Ceifador: Você não é como eles-falou como se tivesse lendo minha mente-Você gosta da sua irmã adotiva? Paciência, não é um crime e a gente não tem controle sobre as coisas, isso poderia acontecer, a opinião das pessoas é a última coisa que você deveria se preocupar-colocou uma das mãos em meu ombro-Você sabe que não é fugindo que resolve as coisas

É, eu sabia

Tinha sido assustador saber que eu tinha um irmão e que ele passou por coisa pra caralho, a história da minha família me enjoou e se já não tivessem todos mortos, eu faria.Era engraçado pra caralho a maneira como eu e irmão lidávamos um com o outro, parecia que nunca ficamos separados, era uma ligação do caralho mermo

Espantei os pensamentos para longe da minha mente e sai de casa subindo na minha moto, tinha prometido almoçar com minha mãe e minha barriga até roncou com a imagem da sua comida, a mulher amassava, minha vó então...chegava a ser um crime

Buzinei para alguns moradores cruzando as ruas, tomar o lugar do meu pai aqui no morro não era o que eu queria, esse posto eu deixava para o meu irmão e o meu primo, eu só queria fazer meus corres de vez em quando e viver tranquilo, essa parada de vários problemas na minha cabeça não era pra mim, minha paz valia ouro

Estacionei na casa do meus pais e coloquei a blusa abrindo a porta com a minha digital, de longe já escutei a voz da minha mãe cantando, dona Júlia era uma mulher do caralho, todo mundo aqui dentro tinha maior respeito por ela, só o que ela fez por mim dizia muito sobre a sua personalidade, amava aquela mulher com a minha vida, e fazia questão de lembra-la disso todos os dias

Perdição-Livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora